União Brasileira de Mulheres: Omissão do poder público durante pandemia pode agravar tragédia social na periferia

Por Railídia Carvalho

Claudia Rodrigues é presidenta da União Brasileira de Mulheres da Capital paulista (UBM-SP) e desde que o coronavírus se tornou pandemia no Brasil ela e as dirigentes da entidade tem atuado no atendimento de mulheres chefes de família e que não conseguem mais sair para trabalhar para seguir as orientações das autoridades de saúde. Em entrevista ao Portal CTB, Claudinha contou que o celular dela não para de tocar. ”São pessoas pedindo comida. Não pedem dinheiro, pedem comida”, disse. Ela criticou a ausência do poder público nas comunidades mais vulneráveis da metrópole e afirmou que o esforço solidário dos movimentos sociais mais uma vez ocupou o espaço de atuação que deveria ser de iniciativa das políticas públicas emergenciais dos governos estaduais, municipais e federal.

A UBM atua em regiões de periferia com trabalhadoras e donas de casa das classes populares, a grande maioria com trabalhos sem carteira assinada, em empresas de terceirização seja como diaristas, seja no comércio ambulante, no telemarketing, ocupações atingidas pela necessidade de isolamento social por conta da pandemia do coronavírus. “Mesmo as mulheres que estão no mercado formal não estão com a vida fácil porque devem estar pensando quando a empresa vai mandar embora ou diminuir o salário. Sem dinheiro, como essas chefes de família vão colocar comida na mesa?”.

Em parceria com a Confederação Brasileira de Mulheres (CBM), a UBM tem levado cestas básicas a famílias chefiadas por mulheres em diversas regiões de São Paulo. São 600 famílias cadastradas pela entidade, resultado do trabalho diário de emponderamento feminino feito há décadas pela UBM. A ação vai beneficiar moradoras das zonas Sul, Leste, Norte e Centro de São Paulo. Foram doadas 50 cestas básicas na zona Sul e Brasilândia e mais 110 cestas serão compradas com uma campanha que arrecadou R$ 3.000,00. Também está em desenvolvimento um aplicativo para celular em que a população pode fazer doações e fortalecer a campanha encampada pela UBM.

“O Estado precisa cumprir o seu papel. Esse cenário de fome se agigantou porque está todo mundo em casa agora mas a fome sempre esteve na periferia, sempre esteve nas casas. Precisamos inverter essa lógica de precariedade para que as pessoas possam ter trabalho digno”, argumentou Claudinha. Segundo ela, a falta de condições básicas de sobrevivência em lares pequenos onde vivem de 6 a 10 pessoas leva a tensionamentos. “Esses conflitos geram a violência e as mulheres são as principais vítimas. Sabemos que muitas vezes a casa não é o lugar mais seguro para a mulher”.

A UBM tem feito também campanha nas redes sociais para que as mulheres procurem a entidade para denunciar violência doméstica. “Queremos dizer que essas mulheres não estão sós. Podem nos acionar pelo whatsapp, pelas redes sociais para que acionemos as redes de proteção”, reiterou Claudinha. A UBM também reuniu parceiras psicólogas que estão atendendo pelo whatsapp mulheres com sintomas de depressão. Quando as mulheres não podem ligar por falta de crédito as psicólogas entram em contato. “As mulheres nos procuram todos os dias desesperadas porque não tem dinheiro pra comprar comida, pagar a luz e ainda comprar um remédio”.

Claudinha insiste que o poder público nas diversas esferas precisa atender as famílias para evitar que se potencialize uma tragédia. “Se não aportar recursos para a saúde e alimentos uma grande massa de famílias vai passar fome. As crianças que deixaram de ir pra escola sentem falta da merenda escolar, da fruta, do iogurte, da carne. A família não pode dar isso. A prefeitura e o governo precisam bancar essa merenda para as crianças”, cobrou Claudinha. 

Ela considera boa a iniciativa da prefeitura de Sao Paulo ao repassar R$ 55,00 reais para as famílias como forma de repor a merenda aos estudantes que estão sem aula mas observa que esse valor ainda é insuficiente. “Muitos estudantes dependem das refeições da escola para se alimentar. Seria necessário manter essa qualidade alimentar. Isso nos preocupa muito e por isso estamos nesta batalha para arrecadar cesta básica”. Claudinha também criticou o governo federal. “Diante deste cenário desesperador ainda vemos que o Executivo demora para concretizar a renda emergencial para as famílias de baixa renda. Agora é o momento em que a população mais pobre precisa mais do Estado”.

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