A campanha dos 16 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres termina nesta quarta-feira (10), justamente o Dia Internacional dos Direitos Humanos, consagrado pela Organização das Nações Unidas desde 1948. “Mas o engajamento ao combate á exploração e à violência que ainda acomete as mulheres, em pleno século 21, deve ser constante. Além de mostrar a necessidade de um amplo trabalho envolvendo todos os setores da sociedade contemporânea”, apregoa Ivânia Pereira, secretária da Mulher Trabalhadora da CTB.
Para ela, o machismo é um traço cultural do Brasil. Por isso, “as propostas de mudança devem contar com a educação formal para que o debate atinja a família e assim determine uma nova ordem, onde prevaleça o respeito”. Segundo a sindicalista, a Secretaria de Políticas para as Mulheres, do governo federal, tem encaminhado vários bons serviços em relação ao tema. Porém, “são curativos para estancar a sangria provocada”. Quando “o mais importante é a promoção de ações preventivas, destinadas principalmente ao jovem e ao adolescente”, preconiza.
Pesquisa do Instituto Avon e Data Popular, publicada recentemente, reforça os argumentos de Ivânia. Pelo levantamento 78% das meninas dizem já terem sofrido algum ato violento de seus parceiros (leia mais aqui). De acordo com ela, o machismo reproduziu nos rapazes a ideia caduca da violência contra as mulheres. “Até mesmo na questão da gravidez na adolescência sobra para as meninas todo o ônus, enquanto os rapazes não se sentem responsáveis pelo acontecido”, revela.
Outro assunto abordado pela dirigente da CTB e presidenta do Sindicato dos Bancários de Sergipe, foi o papel da comunicação na tarefa de combate à cultura patriarcal, onde prevalece a ideia de inferioridade da mulher. “A comunicação sindical pode aproximar o debate da emancipação feminina de maneira mais adequada para encaminhar as propostas de mudança que contemplem as questões da tripla jornada da discrepância salarial em relação aos sexos”, define.
Já a escola, de acordo com Ivânia, deveria ser protagonista no quesito da prevenção à violência. “As escolas deveriam conter em seus currículos matérias sobre igualdade de gênero, debatendo a questão da sexualidade e combatendo a discriminação e todas as formas de violência”, sintetiza. Dessa forma, segundo ela, “a escola pode potencializar um ambiente ao convívio de respeito às diferenças e ao ser humano com maior rapidez e eficiência”.
Leia mais
A mulher continua sendo “o negro do mundo”
Mulheres tomam as ruas para exigir seus direitos e pôr fim à violência
Quantas mulheres terão que morrer para acabar a discriminação?
Para ela, não é mais possível que a mulher seja tratada como propriedade e por isso com menos direitos. “O enfrentamento à violência deve ter a participação dos jovens para assim atingirmos os objetivos de erradicação de tanta agressão às mulheres determinadas pelo machismo”. Ela reforça as propostas defendidas pelo movimento feminista de paridade no mercado de trabalho e de se criar uma mentalidade onde o capital e o Estado reconheçam “a tripla jornada de trabalho da mulher como um trabalho necessário na questão da remuneração e na contagem de tempo de aposentadoria”, lembra.
Enfim, explica Ivânia, “culminar o término dessa campanha com o Dia Internacional dos Direitos Humanos reforça a ideia de que as mulheres têm o direito humano de viver sem violência e sem medo”. Para a cetebista, “os 16 Dias de Ativismo cumprem um papel fundamental para chamar a atenção para o problema e, principalmente, mostram que o combate à violência faz parte da vida dos homens também. Assim é que se pode melhorar a vida de todas e todos”.
Por Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB
Vídeo da Marcha das Margaridas 2015