Para presidente da CTB Bahia, edição de 2010 do FSM será histórica e inovadora

No ano em que celebrará dez anos de seu processo, o Fórum Social Mundial não terá um evento global único e centralizado. Em 2010, o FSM se dará de forma permanente ao longo de todo o ano, por meio de eventos e atividade em várias partes do mundo. Será um ano em que as atenções do processo do FSM estarão especialmente voltadas para o tema da crise global, compreendida em suas várias dimensões – econômica, ambiental, política, social, cultural, alimentar, civilizatória.

No Brasil, o FSM acontecerá em duas cidades: Porto Alegre e Salvador. Na capital baiana acontecerá o chamado “Fórum Social Temático”, entre os dias 29 e 31 de janeiro. No total, foram definidas 12 mesas e diversos eventos especiais referenciadas nos cinco eixos temáticos aprovados. Para Adilson Araújo, a relação Brasil-África, no contexto da nova conformação política mundial, é a que merece maior destaque.

Leia abaixo a entrevista concedida pelo presidente da CTB Bahia a respeito do FSM de 2010:

Portal CTB: Qual a expectativa para esse Fórum, já que esta é a 1ª edição na Bahia?
Adilson Araújo: O Fórum Social Mundial Temático Bahia com certeza tem tudo para ser um marco histórico, primeiro pela particularidade da realização de encontros, intitulados de “diálogos e controvérsias”, nos quais governantes e atores de vários setores da sociedade civil debaterão o significado da crise econômica mundial — e efetivas respostas. Em segundo, pela reafirmação dos povos originários, o encontro de matriz africana, a singularidade da diversidade cultural, da incessante luta frente ao racismo, o preconceito e a intolerância, bem como o sentido da liberdade, sobretudo neste ano em que se conta 175 anos da Revolta dos Malês.      

Portal CTB: Que pontos centrais você destacaria nesse Fórum?
Adilson Araújo: A relação Brasil-África no contexto da nova conformação política, especialmente na América Latina. A proposta do Fórum temático é também inovadora, na medida em que provoca um encontro de discussões e uma perspectiva de que novos horizontes sejam apresentados ao conjunto da sociedade, um projeto que na sua centralidade valorize o trabalho e o trabalhador e fundamentalmente aponte para uma nova alternativa: da Bahia a Dakar, com integração, desenvolvimento e soberania.

Portal CTB: Após dez anos de FSM, que avaliação você faz desse evento?
O FSM inicialmente produziu certa inquietação, pela sua forma, e também pela produção de conteúdos, na qual se percebia a ausência de algo mais concreto. O espaço do Fórum cresceu e a própria coordenação compreendeu o papel protagonista dos movimentos sociais, garantindo maior abertura a esse importante segmento da sociedade. A edição baiana pode ser um diferencial importante diante da particularidade da terra-mãe, sua história, tradição e cultura.

Penso que o balanço do FSM deve resolutamente ser mais confiante de que realmente, com luta — muita luta — superar o status quo neoliberal. A crise do sistema capitalista é reveladora do quanto podemos construir uma alternativa que desconcentre a riqueza e efetivamente combata as diferenças sociais, e mude definitivamente a relação desigual entre o capital e o trabalho. 

Portal CTB: Que projeção você faz quanto ao futuro?
Acho melhor você consultar uma cartomante (risos). O futuro começa agora, o mundo está eminentemente em volta de uma grave crise econômica, e ainda que alguns afirmem que ela já tenha passado, o fato é que não podemos conceber ilusões, estamos diante de mais uma crise estrutural do sistema capitalista.

Há que se lutar incansavelmente pela derrota do neoliberalismo, principalmente diante dos dados da OIT que registram 18,1 milhões de trabalhadores e trabalhadoras desempregados na América Latina — desses, 2,2 milhões somente em 2009. À luz da realidade mundial, é inaceitável que vultosos recursos públicos sejam destinados para socorrer investidores privados, em prejuízo de um grandioso exército de miseráveis, excluídos e marginalizados na sociedade que continuam órfãos, despossuídos das condições mínimas, para garantir sua sobrevivência e dignidade. Romper com a atual lógica capitalista é fundamental. Manter acesa a chama da construção de um mundo socialista é mais que uma possibilidade — é uma convicção!

Confira aqui as atividades gerais do Fórum Social Temático da Bahia

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