A eleição no Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e Região começa nesta quarta-feira (1) e foi motivo de alguns episódios dramáticos até aqui. A chapa Garra Metalúrgica, histórica na região e atual mandatária da agremiação, tem o apoio da CTB, mas vem sendo agredida de forma crescente pela chapa de oposição, primeiro com uma campanha de mentiras, depois com agressões físicas e ameaças aos diretores.
Mas nada disso atinge o cinismo de um candidato que, ao mesmo tempo em que concorre à presidência do sindicato, vai à Justiça para tirar dinheiro deste mesmo sindicato. É o caso de Gleyson Borges Ferreira, candidato a presidente da chapa de oposição (CUT/CNM). Ele processa o sindicato em um total aproximado de R$ 600 mil – valor cujo credor será ele mesmo, caso seja eleito.
“É algo inédito no mundo sindical!”, disse o Secretário de Previdência da CTB, Pascoal Carneiro. “Ele já é diretor do sindicato há três mandatos, e agora quer pedir equiparação salarial com os funcionários. Ele rompeu logo depois da última posse com a diretoria e começou a fazer oposição interna, até o ponto de ser suspenso durante uma reunião”, contou. Logo Ferreira foi reintegrado na organização, mas entrou com outro processo, por danos morais. Isso acirrou ainda mais os ânimos.
O valor das ações, em conjunto, chega a R$ 600 mil pelo aspecto retroativo do pedido. Ferreira pede a equiparação de seu salário com a remuneração dos funcionários do sindicato desde seu primeiro mandato, em 2005, além da compensação por férias, FGTS e o pagamento de horas extras por trabalhar em panfletagem e assembleias, entre outros benefícios. Há também o pedido de indenização por danos morais. Os processos podem ser acompanhados pelo site da Justiça do Trabalho pelos números 0012159-97.2014.5.03.0026 e 0010290-62.2015.5.03.0027.
“O Gleyson está liberado pela empresa, recebendo normalmente seus salários conforme admitido por ele próprio em audiência na 1ª Vara da Justiça do Trabalho de Betim”, afirmou Wallace Paes, dirigente da Federação Interestadual dos Trabalhadores Metalúrgicos (FitMetal). “Não entendo por que ele quer receber horas extras pelos dias de panfletagem de boletins do sindicato. Essa é uma obrigação do dirigente sindical!”.
O candidato tem um perfil inusitado para alguém que se pretende presidente de um sindicato. Fora o emprego como metalúrgico, Ferreira é dono de uma academia na cidade, e toca outros negócios no ramo agrário. Chegou a usar o nome da entidade para tentar se eleger vereador de Betim em 2012, sem sucesso. Desde então, vem construindo um discurso de “renovação” na política sindical que parece ignorar suas atividades como patrão.
Caso vença, Gleyson ficará com a chave do cofre que ele mesmo quer subtrair – um cofre abastecido por todos os trabalhadores da região. A contradição foi suficiente para empurrar todas as centrais sindicais para a Garra Metalúrgica, culminando numa demonstração coletiva nesta segunda-feira (30).
“Mover ação contra o sindicato é mover ação contra os trabalhadores metalúrgicos de Betim! Isso não existe!”, protestou Wallace Paes, em publicação na data.
Portal CTB