A três dias da greve, comerciários denunciam “má-fé negocial” das associações patronais do RJ

Publicado 11/07/2016
Os comerciários do Rio de Janeiro estão em contagem regressiva para o início de uma greve do setor. Depois de meses de assembleias e negociações com as associações patronais do estado, o Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro (SEC-RJ) deu até esta quinta-feira (14) para que os patrões aceitem os termos negociados no último período. Caso os termos sejam negados, mais de 400 mil trabalhadores ameaçam cruzar os braços até que um novo acordo seja negociado.
“A gente já tinha adiado a greve por 15 dias na penúltima assembleia, justamente para que as associações patronais tivessem o tempo de fazer as contrapropostas. Teremos uma nova assembleia, quarta-feira agora [13], em que debateremos as respostas que vierem”, explicou o presidente do SEC-RJ, Marcio Ayer. “Pode ser que a gente use essa assembleia para assinar alguns acordos. O Sindigeneros [Sindicato do Comercio Varejista de Generos Alimenticios] está mostrando uma boa recepção, mas o Sindilojas [Sindicato dos Lojistas do Comércio] apresentou uma proposta completamente divergente do que foi posto na mesa de negociação. Então vai depender do que eles decidirem”, continuou.
Ayer explicou que não pretende endossar nenhum acordo em que as propostas que já vinham sendo negociadas sejam alteradas de última hora, mas que ainda há espaço para acertos. “Se o SindiLojas retornar ao que foi negociado, a gente pode fechar a convenção. E no caso do Sindigeneros, caso eles cheguem na proposta de valor de piso de R$980, a gente pode assinar também, porque nós já discutimos as outras cláusulas”, garantiu. Os supermercados do Rio se reúnem nesta terça-feira (12) para definir uma posição conjunta diante das exigências dos comerciários.
“Má-fé negocial”
Apesar da tensão, a disputa entre os trabalhadores e empregadores do setor do comércio no Rio de Janeiro pode trazer bons resultados em 2016. Na última quarta-feira, os lojistas sinalizaram com um reajuste de 10% sobre o salário dos funcionários, além da concessão de auxílio-creche e a reabertura das conversas sobre banco de horas e trabalhos aos domingos e feriados.
Contudo, na apresentação dos termos finais, as concessões foram alteradas – algo que o sindicato chamou de “má-fé negocial”, adequadamente. Nas propostas oficiais, excessos como a obrigatoriedade de trabalhar no Natal e no Ano Novo, extinção da estabilidade na pré-aposentadoria, tomada do controle dos seguros familiares dos funcionários e remoção de garantias de gratificação aos gerentes foram incluídas sem consentimento ou aviso prévio.
“Foi jogo sujo, com o claro objetivo de reduzir nossas conquistas. Estávamos a minutos da Assembleia que poderia aprovar a assinatura da Convenção. Tentaram nos atrapalhar, mas vão precisar de mais do que isso”, criticou Márcio Ayer.
Portal CTB