General Pazuello tomba atirando. E os nomes?

Por Altamiro Borges

Talvez temendo ser largado no campo de batalha, o general Eduardo Pazuello – já apelidado de Eduardo Pesadelo – chutou o pau da barraca. “Vídeo interno da cerimônia de posse do novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, evidenciou o grau de descontentamento do agora ex-ministro”, relata o site da CNN-Brasil, que obteve a gravação.

A reportagem descreve a cena patética e constrangedora: “Em conversa com Queiroga, Pazuello diz ter sido alvo de uma ‘ação orquestrada’ e afirma que desde o mês passado sabia que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estudava trocá-lo e inclusive que o nome do cardiologista era cogitado”.

Com toda a pose militar, o general defecado do laranjal chega a relatar ao humilhado sucessor uma conversa com seus auxiliares ocorrida em 23 de fevereiro: “Eu fiz um quadrinho e mostrei todas as ações orquestradas. Eram oito… O Marcelo foi consultado desde o início de fevereiro. O movimento é esse: fechou-se o cerco”.

“Operação de grana com fins políticos”

Travestido de vestal da ética, o general da ativa – que não pode reclamar do seu alto sodo e da graninha que recebeu como ministro – diz que a conspiração para derrubá-lo se deu por razões financeiras. “A operação de grana com fins políticos acontece aqui. Nós conseguimos acabar com 100%? Não vou dizer isso aqui. 100% nem Jesus Cristo”.

E prossegue seu teatrinho: “‘Você não vai aceitar um cara aqui fazendo lobby?’ Não. ‘Não vamos favorecer o partido A, B ou C?’ Não. ‘E o operador do fulano ou beltrano?’ Não”. Ao final, o patético defenestrado afirma que foi alertado que teria problemas com essa postura. Só que preferiu ficar quieto. Esse seria o motivo da sua queda.

O legado macabro e imagem dos milicos

O general já é alvo de inquérito pelos crimes cometidos no combate à pandemia. Quando o tal “craque em logística” assumiu o Ministério da Saúde, em maio de 2020, o Brasil somava 15.633 mortos. Agora ele deixa o cargo com mais de 300 mil óbitos e é investigado por omissão criminosa na tragédia da falta de oxigênio nos hospitais de Manaus (AM). Esse é o seu legado macabro – que associa ainda mais as Forças Armadas ao genocídio em curso no Brasil e desgasta a sua já desgastada imagem.

O vídeo obtido com exclusividade pela CNN-Brasil dá brecha a outra investigação contra “Eduardo Pesadelo”. Quem liderou a “ação orquestrada” para derrubá-lo? Quanta “grana” do Ministério da Saúde esteve envolvida nessa operação? Além de aliado da Covid-19, o genocida Jair Bolsonaro também esteve envolvido nesses rolos?