Formação de base é essencial para empoderar a atuação sindical

Por Marcos Aurélio Ruy

A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) realizou, entre os dias de 23 e 27 de maio, o 6º Encontro Nacional de Formação (Enafor) da entidade. Com amplos debates sobre o tema “Liberdade para Lutar, Educação para Transformar”, no qual os 1.200 participantes mostraram a necessidade de ampliar a formação de base do movimento sindical e com isso avançar na luta pela democracia e pelos direitos trabalhistas, sociais e individuais.

“A realização deste Enafor, em ano eleitoral crucial para a vida do país, mostra a disposição das trabalhadoras e trabalhadores do campo em agir pela mudança”, afirma Thaisa Daiane Silva, secretária-geral da Contag e secretária de Jovens e Políticas Sociais da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Mato Grosso do Sul (Fetagri-MS).

Para ela, “é necessário estudar e ampliar o conhecimento o tempo todo” porque “precisamos assegurar eleger o presidente Lula e assegurar que ele governe. E dar suporte para as mudanças que o país precisa para voltar a crescer com justiça social”.

A presença das e dos representantes da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) foi importante para fortalecer o debate sobre temas fundamentais para a vida das pessoas que vivem de sua força de trabalho no campo brasileiro.

“Nós debatemos a importância de empoderar a agricultura familiar com as políticas públicas dos governos de Lula e Dilma e ampliá-las para dar vazão à produção de alimentos saudáveis, se agredir a natureza e pela boa saúde das brasileiras e brasileiros”, diz Vânia Marques Pinto, secretária de Políticas Agrícolas da Contag e da CTB.

Vídeo produzido pela equipe de comunicação da Contag

Vânia se refere também à agroecologia, “fundamental para a produção agropecuária sem agressão ao meio ambiente” e à reforma agrária. “Sem ela continuaremos com o agronegócio produzindo para exportação, basicamente, com utilização demasiada dos agrotóxicos”, em prejuízo de “quem trabalha diretamente nas plantações e quem consome os produtos, além de matar a natureza”.

A questão da sustentabilidade e da conservação ambiental também esteve nos debates. Sandra Paula Bonetti, secretária de Meio Ambiente da Contag e da CTB, afirma ser importante falar muito sobre o tema. “Para as pessoas entenderem os riscos que o planeta corre com as queimadas, o desmatamento e a utilização exagerada de agrotóxicos” e “a mudança climática causada pela destruição ambiental”.

De acordo com Sandra, “precisamos incentivar a prática da agroecologia com todos os subsídios necessários para termos uma produção com sustentabilidade” e, dessa forma, “colaborar com a economia do país, com a criação de novos postos de trabalho e com a segurança alimentar”.

Somente no desgoverno Bolsonaro, mais de 1.500 agrotóxicos, vários proibidos na Europa e Estados Unidos, foram liberados no Brasil. O desmatamento cresce assustadoramente. Somente em 2021, teve aumento de 29%, o pior número dos últimos dez anos.

O encontro debateu também o fortalecimento das trabalhadoras e trabalhadores do campo, das florestas e das águas e da essencialidade de se combater a violência no campo.

Vânia reforça a necessidade de políticas públicas que impeçam a violência no campo, que, de acordo com a Pastoral da Terra, em um ano cresceu 75%. As vítimas são, na maioria, lideranças sindicais, trabalhadoras e trabalhadores sem terra, indígenas e quilombolas.

“Os latifundiários, grileiros e garimpeiros sentem-se à vontade para invadir terras, ameaçar e até a matar quem vive de produzir nessas terras”, diz.

“A luta pela terra, por valorização das trabalhadoras e trabalhadores do campo e pela preservação ambiental, faz parte do nosso ideário”, assegura Thaisa. “Lutaremos até o dia no qual todas as pessoas que trabalham na terra, tiverem paz, segurança, seus direitos e suas vidas respeitadas e garantidas pela Constituição”.

As três dirigentes da CTB e da Contag enaltecem o 6º Enafor e a importância da formação de base para melhorar ainda mais a atuação no movimento sindical, com destaque para a sua importância para a melhoria de vida das pessoas.