Para Moro, seria “difícil de provar” o que Palocci alegava na delação

Mensagens trocadas por procuradores da Operação Lava Jato” sugerem que o então juiz Sergio Moro considerou “difícil de provar” a delação do ex-ministro Antonio Palocci. Mesmo assim, ele divulgou parte da delação poucos dias antes do primeiro turno das eleições presidenciais de 2018, o que contribuiu fortemente para a vitória de Jair Bolsonaro, que depois de eleito o recompensou com o Ministério da Justiça.

As mensagens obtidas pelo site The Intercept Brasil foram divulgadas pela Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (29/7). Conforme os procuradores, Moro teria considerado relevante a colaboração do ex-ministro por quebrar o silêncio que unia os petistas.

Palocci negociou por meses a delação premiada com a Lava Jato e a Procuradoria-Geral da República. Na avaliação dos procuradores, a delação de Palocci acrescentava pouco ao que os investigadores já sabiam e não incluía provas capazes de sustentar os depoimentos que traziam novidades.

Com isso, Palocci decidiu buscar a Polícia Federal, fechando o acordo de delação com o órgão. Segundo a Folha, os procuradores chegaram a cogitar a anulação do acordo. O acordo de Palocci com a PF foi homologado em junho de 2018 pelo desembargador João Pedro Gebran Neto, relator da Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

A decisão de Moro de divulgar parte do acordo poucos dias antes da eleição chegou a ser questionada no Conselho Nacional de Justiça. Ao justificar a medida ao CNJ, Moro negou que sua intenção tivesse sido influenciar as eleições presidenciais.

“Não deve o juiz atuar como guardião de segredos sombrios de agentes políticos suspeitos de corrupção”, escreveu Moro. “Retardar a publicidade do depoimento para depois das eleições poderia ser considerado tão inapropriado como a sua divulgação.”

Um mês depois de apresentar essas singelas explicações, Moro abandonou a magistratura para ser ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro. Foi quando sua máscara começou a cair.

Com informações do Conjur

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