Valeu, Zumbi – façamos nossa parte!

A luta liderada por Ganga Zumba e Zumbi, em Palmares – Alagoas, tem que ser sempre lembrada e conservada. Foi lá em Palmares que os negros estabeleceram uma sociedade multirracial, num claro exemplo de que, no Brasil, poderíamos caminhar para uma sociedade com igualdade racial.

Em 1694, Zumbi é capturado pelas tropas do governo e é degolado em 20 de novembro de 1.695, aos 40 anos de idade.

O legado de Zumbi por uma sociedade justa e fraterna se expressa hoje nas lutas contra a exploração do homem pelo homem e contra a discriminação.

Passado todo esse tempo, é preciso resistir e combater a descriminação e o preconceito resultantes dos mais 350 anos de escravidão imposta às populações negras no Brasil. Permanecem as chagas da escravidão que foi extirpada, em 1888, pelo menos nos termos legais. No mundo do trabalho, por exemplo, a média salarial de brancos que era de R$ 1.352,00, para os negros era de R$ 788,00, ou seja, os negros recebem apenas 58%, em média, dos salários dos brancos (segundo estudos da OIT, sobre trabalho decente no Brasil, dados do IBGE, de 2009). Apesar de ter diminuído, atualmente, persiste a diferença.

Outro exemplo é a media de formalização de empregos, que para brancos, o número é de 61%, enquanto para os negros é de apenas 46,8% de formalização (carteiras assinadas).

Por trás desses números esta a discriminação sofrida pelos negros e negras na sociedade brasileira, em todas as áreas.

A exemplo do mercado de trabalho, o que faz um negro ou uma negra ganhar menos salário que os brancos é a descriminação; a exemplo das chamadas carreiras de estado e dos altos escalões terem um número mínimo de negros, é a discriminação racial; a exemplo da educação, o que faz um negro ou uma negra ter menos escolaridade que um branco é a discriminação, ainda na educação, o que faz os cursos universitários de medicina, arquitetura, engenharia, os chamados cursos elitistas, terem, entre seus estudantes e consequentemente entre seus profissionais, uma esmagadora presença de brancos, e uma minoria negra, é a discriminação racial. Dai as consequências, com impactos negativos nas políticas publicas de trabalho, emprego, saúde e educação, entre outras, onde os negros também são discriminados no acesso.

Pior ainda é negar a luta de Zumbi e Ganga Zumba. A história de resistência de Palmares, negada às gerações de brasileiros e brasileiras, os heróis dos levantes dos negros que segue em curso contra a discriminação é crime de lesa pátria.

Neste mês de novembro, reavivar a consciência que há de indignar-se diante de tão abominável discriminação racial existente no nosso pais e que está para a sociedade brasileira atual, como esteve a escravidão no passado é denunciar que existe discriminação racial no Brasil, que se expressa, também, pela dor de quem já sofreu a discriminação, é  não aceitar as fáceis explicações sobre a realidade da população negra no Brasil, seja, no mundo do trabalho, na educação ou em qualquer setor da vida brasileira é fazer nossa parte.

Valeu Zumbi.


Joilson Cardoso é secretário de Políticas Institucionais da CTB e secretário nacional Sindical do PSB.

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