Um dia para sempre ser lembrado. Uma história para nunca ser esquecida

Destaco a importante matéria publicada no Jornal “Correio do Povo”, do dia 18.11.13 (página 17) sobre a cavalgada que percorreu pontos históricos enaltecendo a participação do negro na cultura do Rio Grande do Sul.

O que diz a matéria:

“Para lembrar a cultura negra no Rio Grande do Sul, dezenas de cavaleiros percorreram pontos históricos em Porto Alegre ontem. O desfile começou no Parque Harmonia e seguiu pelo Centro, Cidade Baixa e Bom Fim. A declamadora Liliana Cardoso recitou os fatos marcantes de cada local durante o trajeto.

O patrão do piquete Lanceiros Negros Contemporâneos, Luiz Fernando Centeno, destacou que a cavalgada está no seu 11º ano enaltecendo a participação do negro na cultura gaúcha. “Lembramos o dia 14 de novembro de 1844, quando a promessa de liberdade não foi cumprida e preferiram dizimar quem ajudou o Rio Grande do Sul”, afirmou. Ele se referia ao Massacre de Porongos, quando um grupo de lanceiros desarmados foi morto durante a Guerra Farroupilha, no município de Piratini. Explicou que na Praça Brigadeiro Sampaio, por exemplo, ficavam expostos os corpos dos escravos que, após serem sentenciados à morte, eram enforcados.

O diretor da Fundação do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (IGTF), historiador Cláudio Knierim, disse que enquanto o resto do Brasil recorda a morte de Zumbi dos Palmares, no dia 20, os gaúchos têm uma história muito particular do período da escravidão. “O dia 14 foi muito marcante”, explicou. Conforme o historiador, o roteiro percorrido em Porto Alegre foi traçado por diversos pesquisadores. Knierim comentou que os locais guardam muitas curiosidades. “Pouca gente sabe, mas o bairro Bom Fim era um bairro de negros”, destacou. O Parque Farroupilha, segundo ele, foi a área escolhida para libertar parte dos escravos, e por isso o local tem o nome da Redenção. O grupo passou ainda por locais como as igrejas do Rosário e Nossa senhora das Dores, Mercado Público, Rua Castro Alves e Quilombo Urbano Guaranha.

A discriminação e o preconceito racial estão presentes ao longo de toda a nossa história.

Nos últimos dez anos, período de governos democráticos em nosso país, os negros obtiveram algumas conquistas. Entre elas, pode-se destacar o Estatuto da Igualdade Racial, as Cotas nas Universidades e uma Lei voltada aos Trabalhadores Domésticos, cuja maioria é formada por negros. São conquistas tímidas que ainda permanecem somente na lei e não na vida. Os negros e, em especial, as mulheres negras são os mais discriminados no mundo do trabalho, principalmente na questão salarial e a população jovem negra é a que mais sofre com a violência.

Por isso, convocamos a população para lutar contra todo o tipo de discriminação, principalmente contra o preconceito racial.

Negros, brancos, amarelos, mulatos e pardos, todos nós, queremos mais avanços e mudanças. Reivindicamos o direito de participar efetivamente do processo de desenvolvimento do Brasil, com mais igualdade, com menos juros, com jornada de trabalhos semanal de 40 horas, sem Fator Previdenciário, com salário digno, com valorização do trabalho e distribuição da riqueza com quem a constrói, com democracia e soberania nacional.

Viva Zumbi dos Palmares, herói negro do povo brasileiro e o dia 20 de novembro!

Viva os Lanceiros Negros, verdadeiros heróis da Revolução Farroupilha e o dia 14 de novembro!


Eremi Melo é secretária de Formação da FitMetal.

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