Um dia de lutas históricas

Nos dias seguintes, a greve foi duramente reprimida pela polícia e resultou na prisão de milhares de trabalhadores, em sedes de sindicatos incendiadas e em facínoras pagos pelos patrões invadindo casas para espancar trabalhadores e destruir seus pertences. A justiça patronal levou a julgamento os líderes do movimento e condenou alguns à morte e outros à prisão perpétua. Mas a luta pela redução da jornada de trabalho se espalhou pelo mundo e chegou ao Brasil. E o 1º de Maio se transformou em “Dia Internacional dos Trabalhadores”, um dia durante o qual os trabalhadores devem manifestar os objetivos comuns de suas reivindicações, bem como sua solidariedade.

Muitos foram os que deram a vida por um mundo melhor, do massacre de Chicago aos dias de hoje. Lembro os nomes dos operários Antônio Martinez (assassinado durante a greve geral de 1917), Manoel Fiel Filho (assassinado em 1976), Ângelo Arroyo (assassinado na “chacina da Lapa” também em 1976), Santo Dias (assassinado durante uma greve em São Paulo); do jornalista Wladimir Herzog, massacrado nos porões da repressão; e dos mártires da luta pela reforma agrária Margarida Maria Alves e João Canuto — em nome dos quais reverencio a memória de todos os mártires da luta histórica pela emancipação dos trabalhadores em todo o mundo.

Grandes desigualdades 

Os tempos atuais são difíceis para os trabalhadores. Além do elevado desemprego, temos jornadas de trabalho extensas com salários reduzidos. Esta realidade trouxe à tona novamente questões que pareciam adormecidas. Tal qual no final do século XIX, a redução da jornada de trabalho é a principal bandeira do movimento sindical brasileiro atualmente. É uma luta que assume importância destacada, principalmente porque o Brasil e toda a América Latina estão vivendo um momento de efervescência e mudança política. A região luta para afirmar a sua soberania e encontrar novos rumos para o desenvolvimento.

A situação no Brasil sob o governo Lula vem mudando, ainda que não no ritmo desejável. A produção cresce, o salário mínimo foi valorizado, o desemprego cai. Mas resta muito por fazer. Vivemos ainda em um país de grandes desigualdades e injustiças. A concentração da renda produzida pelo trabalho é escandalosa. Os mais ricos continuam acumulando grandes fortunas, beneficiando-se da política econômica e pagando pouco imposto. Os mais pobres carecem de saúde, educação e justiça.

Dia Nacional de Lutas

Além de concentrar riqueza, as forças reacionárias ainda detêm grande poder no Parlamento e no Judiciário, e se opõem por todos os meios à transformação social. O risco de retrocesso não pode ser desprezado. É preciso que a classe trabalhadora adquira maior consciência política e se mobilize pelas mudanças. A unidade nas bases e na cúpula do movimento sindical revela-se indispensável. O fórum criado pelas centrais para unificar as lutas já está desempenhando um papel muito positivo nesta direção. A união fará a força da nossa classe e está se forjando na luta conjunta.

Neste dia, em todo o país a CTB reforça suas bandeiras de luta — redução da jornada de trabalho sem redução de salários; reforma agrária; fim do fator previdenciário; e ratificação das convenções 151 e 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) — e prepara a mobilização de suas bases para o “Dia Nacional de Lutas”, que ocorrerá no dia 28 de maio, quando termina a coleta de assinaturas que serão entregues ao Congresso Nacional em apoio à redução da jornada de trabalho. Neste dia, haverá mobilizações e paralisações, das quais a CTB participará ativamente.  

Viva a luta dos trabalhadores brasileiros!
Viva o “Dia Internacional dos Trabalhadores”!

 

*Presidente nacional da CTB

 

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