Um ano de lutas, avanços e novas perspectivas

Completou-se no domingo, 24 de agosto, o primeiro ano do mandato da diretoria eleita no 3º Congresso da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). O balanço que nós, integrantes da atual direção, fazemos é positivo. Foram 12 meses de muitas lutas e em que logramos avanços.

Atuando sempre em unidade com as demais centrais sindicais a CTB esteve na linha de frente das principais lutas e mobilizações da classe trabalhadora brasileira no período. Podemos aqui citar as manifestações pelo fim do fator previdenciário, realizadas dia 12 de novembro do ano passado em todo o país, o ato contra os juros altos e a política macroeconômica diante da sede do Banco Central em Brasília no dia 26 de dezembro e a marcha de 9 de abril deste ano em São Paulo, que reuniu mais de 30 mil trabalhadores e trabalhadoras.

Pauta sindical

No centro dessas lutas, que retomam o protagonismo da classe trabalhadora nas manifestações de rua e no cenário político nacional, destaca-se a pauta sindical unificada, definida pelas centrais na 2º Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat). Além do fim do fator previdenciário queremos a mudança da política econômica (o fim do superávit primário; a redução substancial dos juros; o controle do câmbio; a taxação das remessas de lucros); mais investimentos no SUS, na saúde e transporte público; reformas democráticas (política, agrária, urbana, da educação e do Judiciário); integração soberana da AL; democratização da mídia; redução da jornada de trabalho; rejeição do PL 4330, que escancara a terceirização; igualdade de oportunidade para homens e mulheres; ratificação e regulamentação das convenções 158 e 151 da OIT.

No plano interno, avançamos na organização da Central com a criação do Centro de Organização, Apoio e Logística às Entidades Sindicais (Coral), focado no fortalecimento da CTB nos estados, a realização e valorização do planejamento estratégico, que devemos aperfeiçoar, o reforço da comunicação bem como dos contatos com as bases e a sociedade de uma forma geral. Realizamos várias reuniões da direção, num espírito em que prevalece a unidade classista na diversidade, onde a orientação política é definida e atualizada de forma democrática e coletiva.

Desafios

Muito resta a ser feito e temos a convicção de que vamos caminhar nesta direção. Grandes são nossos desafios. Devemos conferir prioridade ainda maior à comunicação e também à formação, em que vamos procurar concretizar o projeto de criação da Escola Nacional, que deve funcionar em estreita parceria com o Centro de Estudos Sindicais (CES) e ter por alvo principalmente a juventude trabalhadora.

Sensibilizar e conscientizar os jovens, atraindo-os para a ação sindical classista, talvez seja o maior desafio da atualidade, um desafio que pressupõe mais investimentos tanto na formação quanto na comunicação, haja visto que a consciência da nossa juventude é poderosamente influenciada e desvirtuada pela mídia capitalista, que destila diuturnamente a descrença na política, busca desmoralizar e criminalizar os movimentos sociais, desestimular a solidariedade e difundir o individualismo, alienando consciências e desnorteando o sentido anticapitalista dos protestos protagonizados pelos jovens. As chamadas jornadas de junho (de 2013) demonstraram a rebeldia e o potencial revolucionário da juventude trabalhadora.

Desenvolvimento com valorização do trabalho

O 3º Congresso foi realizado sob o lema “Avançar nas mudanças com a valorização do trabalho”, que sintetiza com precisão os objetivos do sindicalismo classista no atual momento histórico. Temos a convicção de que um novo ciclo político teve início no Brasil em 2003, com o governo Lula, e continuidade com o governo Dilma, quando a política neoliberal de redução dos direitos trabalhistas e desemprego em massa foi interrompida e reivindicações históricas da classe trabalhadora e do povo brasileiro passaram a ser vistas com outros olhos.

Conquistamos a política de valorização do salário mínimo, a legalização das centrais sindicais, a redução substancial da taxa de desemprego, o Bolsa Família, uma nova política externa voltada para a integração da América Latina em oposição ao projeto imperialista dos EUA, a política afirmativa (de cotas) para negros e pobres, a formalização do trabalho doméstico.

Tudo isto está em jogo nas eleições de 2014. A direita neoliberal quer mudar a política externa, privilegiando as relações com os EUA, e anuncia (pela boca do economista e empresário Armírio Fraga, principal assessor da campanha tucana) um ajuste fiscal do tipo que vem sendo imposto pelo FMI na Europa e que significa desemprego em massa, arrocho dos salários e corte de direitos.

Nossa primeira tarefa é barrar a ameaça de retrocesso representada pela candidatura tucana, de forma a conquistar a quarta vitória do povo e avançar nas mudanças. Avançar na direção de um projeto nacional de desenvolvimento com soberania, democracia e valorização do trabalho, conforme propôs o 3º Congresso da CTB, é o passo seguinte. Significa contemplar as reivindicações contidas na pauta unificada das centrais, realizar as reformas democráticas e concretizar as reivindicações da classe trabalhadora e do povo brasileiro.

Por Adilson Araújo, presidente da CTB

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