Após 79 anos de muitas batalhas travadas para organizar o movimento sindical, na maioria das vezes sem sucesso, nada nos tirou o foco de continuarmos lutando pelos direitos das trabalhadoras domésticas. A cada votação nas comissões e nos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado, quase sempre tivemos nossos direitos, enquanto cidadãs, cerceados. Éramos impedidas inclusive de assistir as seções de votação quando os destinos de mais de 8 milhões de trabalhadoras (es) estavam nas mãos dos senhores deputados ou senadores.
Mobilizávamo-nos para acompanhar as votações todos os dias de sessão esperando que fosse votada e a pauta sempre era obstruída porque para eles qualquer coisa a ser votado era mais importante que os direitos das trabalhadoras domésticas víamos as lagrimas descendo no rosto das companheiras com certa decepção e com a interrogação e incerteza será que um dia teremos nossos direitos garantidos e embora estivesse angustiada sempre tive a certeza de que esse dia chegaria e a minha frase de incentivo para as companheiras sempre foi calma gente não deu desta vez. Perdemos essa a batalha, mas ainda não perdemos a guerra eles não vão nos deter, temos que continuar acreditando.
Assim foi muita luta e articulação no Congresso Nacional, mas finalmente conseguimos alcançar nossos objetivos com a sanção do projeto de Lei nº 224/2013 pela presidenta Dilma Rousseff. E apesar de a lei ainda não estar como gostaríamos, a sua aprovação significou um grande avanço na luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas do país.
A partir dessa lei muita coisa irá mudar para a categoria, assim como para a nossa organização sindical. Por isso, frisamos que esta foi mais uma vitória da Federação das Trabalhadoras Domésticas da Região Amazônica (Fetradoram) e Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Estado do Pará (Sintdac-PA) e sua diretoria que foram incansáveis nessa luta e a companheira Samara Nunes presidenta da Associação Brasiliense das Empregadas Domésticas (Asbrale) e da Federação das Trabalhadoras Domésticas do Centro-Oeste. Contamos também com o apoio da CTB nacional e da CTB-PA além, da deputada federal Simone Morgado, deputado federal Arnaldo Jordy, Alcione Barbalho, senador Jader Barbalho e senadora Ana Amélia.
Como toda forma de trabalho, o trabalhado doméstico é digno e deve ser incentivado e valorizado. Quem atua na área tem que ter seus direitos básicos assegurados. Isso é respeito ao cidadão e também um exercício de cidadania.
Lucileide Mafra é dirigente da CTB e presidenta da Federação das Trabalhadoras Domésticas da Região Amazônica.
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