Relações Institucionais: ética e condições para o êxito

Relações Institucionais: ética e condições para o êxito

Por Antônio Augusto de Queiroz*

A reputação positiva de um grupo de pressão, como credibilidade, capital de relações, representatividade, transparência e ética na defesa de seus pleitos, facilita o acesso aos principais decisores e contribui para aumentar as chances de êxito.

A atuação dos grupos de interesses e de pressão requer o atendimento de algumas regras de conduta, que são indispensáveis à seriedade e à credibilidade dessa importante forma de articulação de interesses da sociedade. O suporte técnico é o principal elemento de convicção do tomador de decisões. O método de atuação, o conteúdo dos pleitos e os meios disponíveis são condições importantes para o êxito, conforme segue.

No plano da ação prática, além da renúncia a qualquer tipo de discriminação por motivos políticos, ideológicos, partidários, regionais e religiosos, o trabalho de influência deve observar alguns pressupostos e condições:

1) quanto ao processo de persuasão e convencimento,

2) quanto ao conteúdo dos pleitos patrocinados e

3) quanto às condições para o êxito.

O trabalho de convencimento e persuasão, para que goze de credibilidade, deve ser realizado de forma transparente e com profissionalismo, sem manipulação de informações nem de dados como elementos de convicção para favorecer o pleito. Devem ser descartados e rechaçados, por se tratar de crime, a prática de corrupção, a utilização de tráfico de influência e o uso de métodos condenáveis ética e moralmente, como chantagem, ameaça, intimidação e abuso de poder econômico.

Os pleitos patrocinados, em relação ao conteúdo, precisam ser legais e legítimos, defensáveis ética e moralmente e não devem constituir privilégios ou favores para setores específicos, nem podem levar à concorrência desleal ou fraudulenta. De preferência, devem coincidir com o interesse público.

Além dos princípios éticos, o sucesso das várias modalidades de influência sobre os tomadores de decisão em defesa de interesses, especialmente no âmbito do Congresso Nacional, depende de múltiplos e variados fatores.

Nesse sentido, os grupos de pressão permanentes, mais que os temporários, necessitam de recursos materiais, reputacionais e intelectuais para o bom desempenho de suas atividades. No plano material, devem dispor de estrutura física, de meios, de organização e de pessoal qualificado.

A reputação positiva de um grupo de pressão, como credibilidade, capital de relações, representatividade, transparência e ética na defesa de seus pleitos, facilita o acesso aos principais decisores e contribui para aumentar as chances de êxito.

No plano intelectual ou do conhecimento, o grupo precisa conhecer as regras do processo decisório, as instituições onde as decisões são tomadas, suas estruturas e atribuições, bem como ter capacidade de análise e senso de oportunidade.

O poder político, a capacidade de mobilização e o número de filiados dão a exata dimensão do potencial de um grupo de pressão, mas são os profissionais com as credenciais e conhecimentos adequados que fazem a diferença na arena da disputa parlamentar.

Este texto é parte integrante da Cartilha, de nossa autoria, que trata de “Relações Institucionais e Governamentais: o que é, como e onde se faz”, naturalmente com adequações.

*Antônio Augusto de Queiroz é jornalista, consultor, analista político, diretor de Documentação do Diap e sócio-diretor da Queiroz Assessoria.

Publicado na edição 279 do Jornal da CTB.

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