The Economist e o Cristo Redentor sem ar

Por Altamiro Borges

A imagem de Jair Bolsonaro no mundo está cada dia pior. A revista britânica The Economist, considerada uma bíblia da cloaca financeira internacional, estampou na capa da semana passada a estátua do Cristo Redentor sem ar, respirando com uma máscara de oxigênio. Em um dos vários artigos dessa edição especial sobre o Brasil, uma afirmação peremptória: “A prioridade mais urgente é tirá-lo pelo voto” em 2022.

Diferentemente de parte da mídia nativa, que ainda nutre ilusões sobre a possibilidade de “civilizar” o fascista no poder, a conclusão da revista é que “será difícil mudar o rumo do Brasil enquanto [Bolsonaro] for presidente”. O caderno especial com dez páginas, organizado pela correspondente Sarah Maslin, aborda temas como economia, corrupção e Amazônia.

O texto sobre economia, “Um sonho adiado”, por exemplo, afirma que “após uma geração de progresso, a mobilidade social está diminuindo” no país. Já no editorial, intitulado “A década sombria do Brasil”, a revista afirma que “Bolsonaro não é a única razão pela qual seu país está num buraco”, mas garante que ele piorou muito as perspectivas para o futuro – sempre sob a perspectiva dos neoliberais, pessimistas com o futuro do instável e turbulento Brasil.

O editorial descreve o presidente brasileiro como um homem que quer “destruir as instituições, não reformá-las” e como um negacionista que “esmagou todas as tentativas” de uma exploração sustentável da Amazônia. Ao enfatizar o apoio dos militares a seu governo, a revista diz que os generais que se aliaram a ele “esperavam fazer avançar a agenda do Exército” mas, “em vez disso, prejudicaram suas reputações” e destruíram a imagem da instituição.

A quinta capa da revista britânica

Essa é a quinta vez que a revista britânica usa o Cristo Redentor em suas capas para edições especiais sobre o país. Em 2009, em pleno governo Lula, a manchete foi “O Brasil decola” e mostrou o Cristo como um foguete. Em 2013, a foto foi de um foguete descontrolado, abordando as dificuldades econômicas do país.

Já em 2016, a revista estampou o Cristo Redentor pedindo socorro. Mesmo questionando o impeachment, ela acabou virando material de propaganda dos golpistas na cavalgada pela derrubada de Dilma Rousseff. Já em 2019, no início do governo Bolsonaro, a capa trouxe a ilustração de uma floresta de tocos de árvores e tratou do risco do desmatamento na gestão do fascista.