Sangramento de Dilma será no campo da “eficiência”

Lembra-se da crise da febre amarela, Eduardo Guimarães?

E a da gripe suína, que afetaria 67 milhões de brasileiros em oito semanas?

Sem falar no caos aéreo, logo depois que Lula derrubou um avião e foi acusado de homicida — por um psicanalista! — na capa da Folha de S. Paulo.

Mal 2013 começou e estamos de volta às crises em série, que devem continuar até as eleições de 2014.

Bem que o Marcos Coimbra avisou.

Ele também alertou que o maior risco para Dilma nas eleições do ano que vem está na organização — ou falta de — da Copa do Mundo.

O que muito nos diz sobre a pobreza do debate político no Brasil.

Não que eu acredite na qualidade gerencial dos governos brasileiros — federal, estaduais ou municipais.

Mas as crises, estas são artificiais, bombadas politicamente pela mídia. Não há, por exemplo, “crise do transporte público” em São Paulo. Talvez ela seja descoberta agora que Fernando Haddad, do PT, assumiu a Prefeitura.

Porém, o leitor dos jornalões paulistas talvez já esteja estocando velas em casa, à espera do racionamento líquido e certo de energia elétrica.

Racionamento que vai ao coração da capacidade gerencial de Dilma Rousseff: ela foi a responsável pela reforma do setor no primeiro mandato de Lula.

Dilma saiu pela tangente no debate sobre o julgamento do mensalão, que fulminou José Dirceu. Talvez tenha sido pega de surpresa, mesmo, pelo caso Rosemary Noronha, que abalou o ex-presidente Lula. Ou não.

Quem conhece a federação de interesses que sempre foi o PT especula que, ainda que não torça nem colabore com isso, Dilma sai fortalecida pelo enfraquecimento relativo de Dirceu e Lula.

Isso não significa, no entanto, que terá qualquer refresco nas campanhas midiáticas.

Elas “coincidem” — assim, por acaso — com a apresentação de Aécio Neves como o autor de um bem sucedido choque de gestão em Minas Gerais.

Dilma fugiu da política para o debate da “eficiência”. É lá que os tucanos e a oposição midiática pretendem perseguí-la.


 

Luiz Carlos Azenha é jornalista. Texto originalmente publicado no site “Viomundo”.

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