Resistir é fundamental

Paciência é uma virtude revolucionária, disse Lênin com toda a razão. O golpe vai galgando o poder passo a passo, mas não sem resistência, não sem luta e não sem todo o mundo saber que golpe é golpe.

E não adianta todos os argumentos toscos de senadores, deputados federais, futuros ministros nomeados por esse governo interino, que já nasce sob a égide da desconfiança e da submissão ao capital internacional, sob o comando da família Marinho, dona da Rede Globo.

Já nasce com o manto de golpista, antidemocrático e antipopular. Surge para golpear a classe trabalhadora, rasgando a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e todas as conquistas sociais dos últimos anos.

Não à toa, não há nenhuma mulher no ministério do governo golpista. Provavelmente porque para essa gente mulher somente no tanque e na cozinha. Retrocesso fundamentalista que se iguala ao Estado Islâmico, com a diferença de que esse é assumido. Os golpistas querem as mulheres caladas e subservientes. Duvido, no entanto, que consigam deter a privmavera feminista que está nas ruas, nas redes e na vida.

Obviamente que as notícias ruins sumirão do noticiário e o governo golpista será exaltado pela mídia tupiniquim, já desacreditada no mundo inteiro. Compete a nós, neste momento, denunciar essa mídia para as brasileiras e brasileiros, mostrando os reais objetivos dessa gente.

Na madrugada deste 12 de maio, sofremos mais um golpe. Duro é verdade, mas ainda há resistência e não podemos nos calar neste momento. “É preciso estar atento e forte”, diz a música dos anos 1960. Resistir é fundamental.

Porque amanhã vai ser outro dia e a história não perdoa traidores. Nasce um governo provisório misógino, calcado no ódio, na violência, na discriminação e no patriarcado. A serviço de interesses de grandes corporações financeiras.

Nasce ilegítimo e fadado ao fracasso. Natimorto. Zumbi de filmes de terror. Nasce para levar ao poder os setores mais atrasados da elite brasileira, que prefere manter seus dedos e anéis intactos, às custas da liberdade e da vida dos outros. Nasce para matar, mas pode morrer naufragado na própria soberba e na ilegitimidade.

A sua tática agora fatalmente será consolidar-se no poder sob o manto da mentira e da corrupção escondida debaixo do tapete. E para manterem-se no poder, além de aumentarem as mentiras repetidas diariamente, terão que consolidar o golpe do impeachment.

Mas para o golpe dar certo, terão que tirar Luiz Inácio Lula da Silva da disputa eleitoral, porque a eleição de 2018 faz parte da estratégia dos golpistas para conseguirem legitimidade.

Por isso, é essencial seguir o exemplo dessa brava guerreira brasileira, Dilma Rousseff, que resistiu e resiste com a coragem de quem sabe que está do lado da história, da vida, da Justiça e principalmente do povo brasileiro.

Perdemos mais uma batalha, mas ainda não perdemos a guerra. Foram 55 senadores que apoiaram o golpe nesta votação de admissibilidade. Para consolidar o impeachment, eles precisam de 54 votos. A presidenta Dilma teve mais de 54 milhões de votos e isso não conta para eles.

A Globo e seus subalternos midiáticos jogarão todo o peso para manter esses votos e continuarão com os vazamentos seletivos de seus cúmplices da Polícia Federal, do Ministério Público e até do Supremo Tribunal Federal, que tem dado mostras de falta de coragem para seguir a Constituição.

Mas jamais deterão as nossas consciências. A guerra ainda não acabou. A vida exige resistência, persistência e crença no futuro. Não na ponte quebrada dos golpistas sem voto, mas no futuro baseado na solidariedade, na igualdade de direitos e no respeito ao ser humano. Como disse Mano Brown, vocalista do grupo Racionais MC’s sobre o dia 17 de abril. Para ele foi o “dia em que o povo virou as costas para a Dilma”.

O Brasil voltará a ser uma “república de bananas”, quintal dos Estados Unidos ou o povo levantará a sua voz e defenderá suas casas, seus salários, seus empregos, as escolas de seus filhos e filhas, mais médicos ou se calará e consentirá no golpe, resta saber. Temos agora seis meses para que essa decisão seja tomada. 

Marcos Aurélio Ruy é jornalista do Portal CTB.

Os artigos publicados na seção “Opinião Classista” não refletem necessariamente a opinião da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e são de responsabilidade de cada autor.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.