Pezão e patrão, não pisem no futuro da UERJ

O ensino na UERJ é tão bom quanto o de todas as demais universidades públicas do Rio, com o uma diferença: A UERJ sempre foi mais plural, sempre acolheu melhor quem vinha de mais longe. É Zona Norte, próxima às favelas, ligada à Zona Oeste e à Baixada pela linha do trem. A UERJ sempre foi mais povão!

Foi na UERJ, em 2001, que teve início a experiência brasileira das cotas raciais, que abriu as portas da universidade aos jovens negros e pobres. Ali também caiu o mito de que as cotas iam prejudicar o ensino, pois os jovens cotistas – primeiros de suas famílias ou mesmo de comunidades inteiras a ter acesso ao ensino superior – agarraram a oportunidade com tanta raça que a qualidade do ensino, pelo contrário, até melhorou. Mesmo os playboys, filhos da elite e da classe média, quando chegam no caldeirão pulsante que é a UERJ, ampliam o seu olhar sobre o mundo e ficam mais antenados sobre as questões do povo.

Esta grande Universidade está hoje ameaçada de fechar suas portas por causa da crise financeira do Rio. Quer dizer, com um monte de políticas irresponsáveis, os governos Cabral e Pezão fizeram a farra dos amigos empresários, a quem aliviaram do pagamento de impostos, ajudaram com obras superfaturadas e deixaram sonegar à vontade. A conta caiu no colo da UERJ, que hoje tem ameaçados os empregos de milhares de professores e funcionários, a qualidade do ensino oferecido aos alunos e toda sua contribuição à produção de conhecimento científico, algo tão valioso para o desenvolvimento econômico e a redução das desigualdades sociais.

Nada é por acaso. Assim como no caso da Cedae, os ricos e poderosos querem se aproveitar da crise para privatizar. Fazem isso com tudo que existe para melhorar a vida do povo. Dizem que basta entregar à iniciativa privada, ou seja, a eles mesmos, que tudo vai funcionar melhor. Você não acha isso suspeito? Vai ficar melhor, mas, pra quem? A privatização dos trens no Rio é um exemplo de como a privatização/ concessão pode custar caro à população. Em 1984, os trens transportavam 900 mil pessoas/ dia. Depois da concessão, em 1998, nunca passaram de 450 mil, mesmo com aumento na tarifa de quase 500% acima da inflação. No caso da telefonia, embora a rede tenha sido ampliada, hoje pagamos caríssimo por um péssimo serviço, campeão absoluto de reclamações dos consumidores. Quanto será que os patrões estariam dispostos a investir na UERJ? Quanto eles iam querem cobrar de mensalidade? Filho de peão ia poder continuar estudando lá? O que você acha? Eu duvido!

Patrimônio do povo brasileiro, a UERJ tem compromisso com o ensino público, gratuito, inclusivo e de alta qualidade. A luta dos seus professores, funcionários e alunos, à qual os comerciários são solidários, vai fortalecer a mobilização de todos nós que recusamos soluções privatizantes e acreditamos que o Estado deve estar a serviço do povo.

Patrão, tire a mão e o pezão do futuro da UERJ!

Por Márcio Ayer, presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio


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