Pequena história do Samba

, ao longo do tempo, sofreu inúmeras transformações de caráter social, econômico e musical, até atingir as características conhecidas hoje.

O gênero, descendente do lundu (esse ritmo que passou a ser chamando de samba, cujo primeiro registro da palavra apareceu na revista “O Carapuceiro” em Pernambuco, em fevereiro de 1838 como canto e dança popular), começou como dança de roda originada em Angola e trazida pelos escravos, influenciando todo nosso continente, principalmente Maranhão, Salvador e Rio de Janeiro. Também conhecido por umbigada ou batuque, consistia em um dançarino no centro de uma roda, que dançava ao som de palmas, coro e objetos de percussão e dava uma ”umbigada” em outro companheiro da roda, convidando-o a entrar no meio do círculo.

Sendo o Rio de Janeiro o centro econômico, os negros deslocaram-se em direção à capital do país, à procura de moradia mais barata. Foi lá que um grupo de baianos se instalou no bairro da Saúde, perto do Cais do Porto, onde os homens buscavam vagas na estiva. As primeiras grandes docas do Rio de Janeiro surgem nesta época.

Instalados nos bairros cariocas de Gamboa e Saúde, eles dariam início à divulgação dos ritmos africanos na Corte. Eram nas casas das tias baianas, como Bibiana, Amélia, Mônica, Ciata e Perciliana, que aconteciam as festas de terreiro, as umbigadas e as marcações de capoeira ao som de batuques e pandeiros. Essas manifestações culturais propiciariam, consequentemente, a incorporação de características de outros gêneros cultivados na cidade, como a polca, o maxixe e o xote. O samba carioca urbano ganha a cara e os ritmos conhecidos.

A pedra da Prainha, onde os primeiros escravos urbanos chegavam e eram comercializados, logo depois conhecida como Pedra do Sal, tornou-se um ponto de referência da cultura negra, sendo sua importância baseada nos valores afetivo e cultural. Com ferramenta própria, o samba moderno, esse novo gênero musical surgiu na capital brasileira, na cidade do Rio de Janeiro, no início do século 20.

O samba moderno deu origem às “escolas de samba”. O termo é resultado do movimento de grandes grupos de sambistas que buscavam aceitação, valorização e edificação de uma cultura, uma manifestação popular e artística. E essas manifestações buscavam se legitimar e romper as barreiras sociais.

Vários operários fizeram parte desta construção. No primeiro momento, estavam dentre eles Donga, Mauro Almeida, Ernesto Nazaré e Alfredo Carlos Brício. Nos anos 1930, houve a importante contribuição de Ismael Silva, quando funda no Estácio a primeira escola de Samba “Deixa Falar”. Contemporâneo a este é Noel Rosa. Noel junta o morro e o asfalto, contribuindo para popularizar e difundir aquilo que seria conhecido e oficializado como patrimônio nacional, sancionado pelo então presidente da República Getúlio Vargas: o Samba, que ganhou status de “música oficial brasileira”.

Em um segundo momento, o samba conquista novos ares, como a classe média alta e alguns ícones da Bossa Nova, que buscam no samba de raiz os mestre bambas como Nelson Cavaquinho, Clementina de Jesus, Elton Medeiros, Zé Kéti, Cartola, e mais tarde Beth carvalho, Martinho da Vila, Clara Nunes e Bezerra da Silva.

O mundo do samba se amplia e vão chegando novos bambas, e agora é a vez do subúrbio, com eles novos ritmos e instrumentos, o banjo e o tantã, é a marca do pagode carioca que toma corpo e traz consigo novos nomes, em uma bagagem espetacular que nos apresentam figuras como Jovelina Pérola Negra, Jorge Aragão, Almir Guineto, Leci Brandão, Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal e Arlindo Cruz, e mais recente Leandro Sapucaí. O samba de roda, de raiz, canção, de enredo, é o samba que se popularizou ainda mais com o pagode de fundo de quintal, o pagode de mesa e até o pagofunk.


Mônica Custódio é secretária da Promoção da Igualdade Racial da CTB.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.