O jovem comerciário: trabalho e estudo

O comércio sempre foi considerado porta de entrada para o mercado de trabalho sendo, assim, um dos principais setores econômicos em termos de absorção da população jovem brasileira. Em 2008, aproximadamente um quarto (25%) do total de ocupados neste setor, tinha entre 16 e 24 anos.

É nesse segmento que existem maiores “facilidades” para o jovem obter um posto de trabalho, em comparação com os demais setores. Em 2008, 25% dos comerciários tinha entre 16 e 24 anos, isto é a maior faixa etária de trabalhadores no comércio. 

Um fator a ser considerado é a associação entre os produtos comercializados e valores compartilhados e relacionados aos jovens, como vitalidade, energia e beleza. Esta mercantilização da juventude frequentemente ultrapassa as peças publicitárias, chegando aos locais de venda, algo perceptível em shoppings de qualquer grande cidade brasileira.

Apesar de importante para manutenção pessoal e da família, a remuneração dos jovens ocupados no comércio se mantém em patamar baixo. O rendimento corresponde a menos do que 70% daquele auferido pelos adultos com 25 anos e mais.

A experiência, em geral associada à idade e ao tempo de trabalho, parece ser um fator mais valorizado pelo mercado de trabalho do comércio.
Em 2008, havia uma grande proporção de jovens ocupados no comércio que não estudava. Mais de 70% da juventude comerciária estava longe das escolas em todas as regiões analisadas.

Este distanciamento da escola pode ser explicado, em certa medida, pela elevada jornada de trabalho, que diminui a possibilidades que conciliar o trabalho ao estudo. A jornada de trabalho semanal média dos jovens que não estudavam variou de 44 a 48 horas.  Enquanto daqueles que estudavam era de 4 horas a menos.

Ainda assim, a jornada do jovem comerciário estudante é também elevada quando se leva em conta o período que passa na escola.

A jornada média semanal do jovem comerciário estudante chega a 42 horas. Diante da extensa jornada, conciliar trabalho com os estudos é um desafio.

Se por um lado, sua renda é importante para a família; por outro, a não qualificação implicará a manutenção de baixos níveis de rendimento e comprometerá a sua trajetória profissional.
Com relação ao nível de escolaridade dos jovens comerciários, cerca de 60% tinham, em 2008, ensino médio completo ou superior incompleto, enquanto cerca de 25% tinham ensino fundamental completo ou ensino médio incompleto.

Sendo assim, o jovem entra nesta encruzilhada e em sua grande maioria opta em abandonar os estudos e continuar trabalhando. Agravando o problema da baixa escolaridade e dos baixos salários. Um problema que diz respeito apenas a ele, mas sim, à toda sociedade e ao Estado.


 
Vitor Espinoza é secretário Executivo da CTB, secretário de Juventude Federação dos Comerciários do RS (Fecosul)  e presidente Sindicato dos Comerciários Taquari (RS)

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