O Hip-Hop é ação

O Hip-Hop é uma entidade artística e como tal pode existir em diversas esferas da sociedade, no Brasil e em diversos outros países, sua prática é o segmento artístico que naturalmente nos leva a interpretar a periferia, pois, desde o surgimento com sofrimento ou divertimento e numa visão de centralidade no trabalho; é um estilo oriundo das contradições do capital e tem pé na classe trabalhadora ou mais especificamente no proletariado, essa é considerada praticamente uma tendência natural do Hip-Hop.

A origem do Hip-Hop da Jamaica para o EUA e disseminando-se, é fruto dos que conhecem a exclusão tornando-se um movimento de voz ativa e crítica de abordar o sistema. No Brasil, os cidadãos e cidadãs nascem com uma forte tendência a ter suas referências no Samba e no Hip-Hop, no caso do Hip-Hop, mais jovem nascido em meados de 80 estão sempre próximos porque pode estar no muro ao lado ou no próprio. Com tais, características, o senso crítico do próprio movimento sobre o Hip-Hop na mídia é aguçado, bem como, as mudanças estruturais da nação e as mudanças nas tecnologias de informação são observados atenciosamente pelo movimento.

Isso porque o Hip-Hop é composto de cinco elementos e seu palco original é a rua. O grafite é o desenho quase sempre tendo o spray como chefe, o break é a dança acrobática, o DJ que comanda o som, o 5º elemento (debates de idéias colocados em livros, revistas e fanzines) e o Rap ou MC´s – Mestres de Cerimônias que comandam o microfone com rimas. Todos e todas quase “invertebrados (as)”, tamanha a flexibilidade e agilidade daí um elo da ação. Todos os elementos geram responsabilidades cada letra cantada, uma idéia impressa, uma acrobacia, um muro, um evento e um novo disco; aplausos e críticas.

O Hip-Hop tem a capacidade de criar defesa e de suprir algumas lacunas da vida induzidas pelo sistema desigual. Um exemplo da banalização é o Governo do Estado de São Paulo, que impõe o atraso público e cultural armazenado de atitudes repressoras, e arrogância histórica numa linha de entrega aos interesses do imperialismo estadunidense, seu mundo é feito de coerção e de veneração a abstração, é atacado pelo movimento.

São principalmente essas circunstâncias que observando o Hip-Hop, percebemos que temos um suplemento para o orgulho de ser brasileiro e que a periferia tem voz e atitude. O Hip-Hop é e sempre será elo indutor de transformação, tem vértebras é feito de carne e osso e mais do que isso sente na pele a opressão. É visível a força, a ousadia e a convicção de transformar.

Referências

No grafite, “Salve Tota”; ainda em Santo André as minas em todos os elementos “sem palavras”, “Salve Tifu, Thiago e DJ Spyk”; no movimento político e organizado “Salve Nação Hip-Hop”; no 5º elemento “Salve Hip-Hop a Lápis” e o camarada Toni C; no break “Salve Teoria”; o constante Rap na memória “Salve Racionais MC´S”; mais recentemente invadindo o mundo da web com sátiras, metáforas, poesia, “Salve Criolo”; numa visita na comunidade no “Circuito Hip-Hop – Grito da Periferia” promovido, pela UJS-Nação, “Salve Aliado G, Douglas e Gog”; na mesa com o Tota para debater as idéias do 5º elemento, “Salve Rappin Hood”; o primo mais novo fala em “Salve Facção Central”; e a eterna presença – “Salve Sabotage”. O Brasil inteiro tem referência!


André Lemos é cientista social e membro da equipe do Centro de Estudos Classistas (CES).

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