Acabo de ler o livro “O golpe do capital contra o trabalho”, do jornalista Carlos Umberto Martins. A obra aborda os acontecimentos que suscitaram a deposição da presidenta eleita através de um golpe jurídico-parlamentar em 2016 e estabeleceram um agenda ultraliberal que por quatro vezes já havia sido derrotada nas urnas.
Umberto Martins desvenda os objetivos do golpe, que em aparência poderia ser a sublevação de um grupo político derrotado nas urnas, mas que em essência fez parte de uma engendrada articulação que envolvia não só interesses empresariais assim como internacionais de manutenção do país em sua posição subalterna na ordem mundial estabelecida.
Para o jornalista, o golpe não foi particularmente contra a presidenta eleita, mas sim contra os trabalhadores, com a rápida destruição de direitos trabalhistas consagrados na CLT e conquistados depois de grandes embates.
Para a execução do golpe foi mobilizado um consórcio oposicionista que incluiu a grande mídia, setores do judiciário e da polícia federal, além dos grupos políticos oposicionistas.
Até o momento o golpe vem sendo bem sucedido, com sucessivas derrotas para os trabalhadores, como a aprovação da terceirização irrestrita e a reforma trabalhista, que instituiu a prevalência do negociado sobre o legislado, o trabalho intermitente e outras medidas que praticamente extinguem a CLT.
Umberto superou minhas expectativas de leitura de sua obra, na medida em que não só narra os acontecimentos como busca autores clássicos da política e da economia, como Marx e Engels, para sustentar suas opiniões, trazendo à luz importantes conceitos sempre atuais como as classes sociais, a luta de classes e a centralidade do trabalho.
A obra está à venda na livraria online da CTB no link http://portalctb.org.br/site/livraria
Ronaldo Leite é secretário de formação da CTB
