Nepotismo de Jair Bolsonaro envergonha a nação

A imagem do nosso país no exterior degradou sensivelmente após o golpe de 2016 e atingiu um ponto lastimável depois que Jair Bolsonaro chegou à Presidência. Neste momento, contrariando a tradição do Itamaraty, ele está decidido a emplacar um dos seus aloprados rebentos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), no cargo de embaixador do Brasil. O patrimônio do menino aumentou 432% ao longo dos últimos quatro anos, segundo informações do TSE. “Uma notícia chocante, sem nenhum precedente nem na nossa história, nem na de nenhum país civilizado, democrático”, reagiu o diplomata Rubens Ricúpero. Bolsonaro transformou a Presidência em “cosa nostra”, um negócio de família. 

Na opinião do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, é um caso típico de nepotismo. Segundo a súmula número 13 do tribunal, viola a Constituição a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, para cargos de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo de comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública e direta.

Pobre Constituição

Respondendo perguntas dos jornalistas, Mello disse: “Para mim, sim [a indicação configura nepotismo], mas a maioria tem excepcionado os agentes políticos, incluídos secretários e ministros. Pobre Constituição Federal. Precisa ser um pouco mais amada, inclusive por aquele que é seu defensor maior: o Supremo”. O STF pode e deve ser demandado a julgar o caso, se o presidente não recuar, mas pelo visto tende a avalizar o nepotismo.

O problema não está apenas no uso descarado do mais alto cargo da República brasileira para beneficiar um filho que em matéria de política externa é um perfeito idiota, sem as qualidades e formação elementares que a função requer. Uma vergonha para a diplomacia brasileira, que avulta com a subserviência do Clã Bolsonaro perante o imperialismo americano.

Sabujismo

“Já fritei hambúrguer lá nos EUA”, vangloria-se o parlamentar do PSL, exalando sabujice, a mesma que exibiu antes com o pai durante a viagem a Washington em que se encontraram com o presidente Donald Trump. Na ocasião Eduardo Bolsonaro ofendeu brasileiros imigrantes que vivem como clandestinos na terra do Tio Sam, afirmando que são uma “vergonha”. Já o chefe da extrema direita brasileira chegou ao ponto de bater continência diante da bandeira estadunidense, deu de bandeja à Casa Branca a cobiçada base aérea de Alcântara, alinhou-se à política externa agressiva do império contra Cuba, Venezuela, Palestina e Irã, radicalizou a política entreguista inclusive em relação ao pré-sal, fez juras de amor e lealdade ao bilionário republicano e hostilizou a China.

O caminho da servidão e do alinhamento à mais poderosa potência capitalista do planeta não está em linha com a tradição do Itamaraty, muito menos com os interesses nacionais, que em muitos aspectos colidem com a estratégia imperialista dos EUA. Esta já incluiu entre outras infâmias o ostensivo apoio aos golpes de Estado de 1964 e 2016, este último precedido da espionagem da presidenta Dilma, seus assessores mais próximos e empresas como a Odebrecht (destruída pela Lava Jato) e a Petrobras, deliberadamente fragilizada pelos golpistas.

Além disto, convém acrescentar que os EUA são um império em declínio e a ordem imperialista hegemonizada pelos EUA não é mais sustentável. Bolsonaro está abraçando afogado e promete conduzir o Brasil ao suicídio.

Umberto Martins

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