Na contramão dos movimentos sociais, Meirelles quer juros ainda mais altos

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, voltou a acenar, nas entrelinhas, com ameaças de novas elevações das taxas de juros, ao afirmar terça-feira (5-8) que a autoridade monetária não pretende tolerar taxas de inflação superiores às das metas fixadas pelo Conselho Monetário Nacional (4,5% para este e para o próximo ano), o que, segundo ele, seria uma forma de ajuste entre oferta e demanda “desorganizadora e problemática”.

Suas declarações fortalecem a interpretação da última ata do Conselho de Política Monetária (Copom), que também sinaliza a continuidade do viés altista dos juros, segundo a maioria dos analistas. O fantasma da inflação é brandido como justificativa para a política conservadora, que de resto contempla perfeitamente os interesses do capital financeiro. Não são só motivos técnicos que estão por trás da atual política monetária. A oligarquia financeira se locupleta com os juros altos.

Desaceleração

“Já tivemos essa experiência no Brasil”, disse o presidente do BC numa referência à hiperinflação dos anos 1980. “Então não existe, em última análise, em médio e longo prazos, essa alternativa de tentar manter indefinidamente um desequilíbrio via simplesmente aceitar inflações mais elevadas”, afirmou ao participar do seminário “Grau de investimento, um novo ciclo para o Brasil”, organizado pela Associação de Bancos no Estado do Rio de Janeiro (Aberj) e Sindicato dos Bancos do Rio de Janeiro (Sberj). 

A inflação dá sinais de desaceleração, embora seja ainda cedo para fazer um prognóstico sobre a evolução futura dos preços. De todo modo, o que está em jogo não é apenas nem principalmente a inflação. A verdade é que o Brasil já pratica as maiores taxas de juros do mundo, o que constitui um freio ao desenvolvimento econômico.

Receitas antagônicas

A CTB, assim como as demais centrais sindicais, estão alertas e dispostas a mobilizar contra a política conservadora do senhor Henrique Meirelles. Existem outras formas de combater a inflação, cujas causas, por sinal, não estão no Brasil mas radicam em desequilíbrios externos, dos quais cabe destacar  a decadência do dólar. 

As centrais e os movimentos sociais defendem políticas orientadas para ampliar a produção e a oferta, sobretudo de alimentos, o que pressupõe contemplar as reivindicações da agricultura familiar, além de taxar a exportação de produtos cujos preços flutuam ao sabor do comércio exterior.

São iniciativas na contramão da política do Banco Central, cuja receita é a redução da renda, do consumo e dos investimentos, o que sacrifica o desenvolvimento, reduz a oferta de mercadorias e provoca desemprego e recessão. Cabe reiterar que a questão não é técnica, mas política. 

Estamos diante do desafio de intensificar a luta contra a política monetária e exigir a redução (em vez da alta) dos juros, em defesa do desenvolvimento, do emprego e do salário. São os interesses da classe trabalhadora e da nação que estão em jogo. A manifestação do dia 23 de julho diante do Banco Central foi apenas um ensaio. Podemos e devemos fazer bem mais. 

Secretária de defesa do meio ambiente da CTB

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