Magistério promete tomar as ruas em defesa da educação pública e da inteligência

Francisca Pereira da Rocha Seixas

As professoras e os professores de todo o país se mobilizam para realizar a Greve Geral da Educação, comandada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). No dia 15 de maio a aula será de cidadania e de liberdade, pelas ruas e praças de todo o país. Em São Paulo, a Apeoesp – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo tem assembleia nesta sexta-feira (26).

Os docentes se mobilizam contra a ofensiva ultraconservadora que ataca incessantemente a educação pública e os profissionais da área. Porque os projetos de Jair Bolsonaro (PSL) no país e de João Doria (PSDB) em São Paulo visam privatizar o ensino médio e superior com enorme prejuízo para as camadas mais pobres da população. Para as filhas e filhos da classe trabalhadora preconizam apenas o ensino fundamental no máximo. O suficiente para conseguirem lidar com trabalhos menos qualificados e para que tenham menos consciências de seus direitos e portanto não reivindiquem.

O próprio Bolsonaro disse recentemente que amissão de seu governo é formar jovens sem pensamento político, ou seja, sem pensamento nenhum. O projeto desses setores mais conservadores da sociedade, além de elitista, visa criar um exército de robôs com uma grande reserva de desempregados para o mercado de trabalho conseguir mão de obra barata e a juventude aceitar qualquer condição de trabalho.

E o magistério foi escolhido como inimigo para minar a resistência aos cortes efetuados e a entrega das escolas aos barões da educação. Em São Paulo, não é diferente. A rede oficial de ensino público do estado vem sendo sucateada há mais de 20 anos, com os sucessivos governos do PSDB. Doria promete piorar ainda mais. O sonho dos tucanos é acabar com as universidades públicas estaduais e com o ensino médio gratuito. Já cortou pela metade o programa Escola da Família.

Por isso, a Apeoesp realiza nesta sexta-feira (26) sua segunda Assembleia Estadual com paralisação e com o objetivo de organizar ainda melhor a luta contra o sucateamento das escolas estaduais. A assembleia ocorre no vão do Masp, na avenida Paulista, em São Paulo, às 14h.

A nossa Campanha Salarial já inicia forte e deve crescer porque a insatisfação do corpo docente é muito grande. O salário das professoras e professores está entre os piores do país. O piso salarial no estado mais rico da nação é de R$ 2.223,01 (fevereiro/2018) para O Professor de Educação Básica (PEB) 1, por 40 horas semanais e R$ 2.585,00 para PEB 2. Como parâmetro, basta lembrar que o piso salarial do magistério maranhense é de R$ 5.384,26, mais que o dobro do piso paulista.

Em nossa assembleia na Paulista, reivindicamos 14,54% de reajuste salarial, escolas bem estruturadas e não caindo aos pedaços como ocorre atualmente, salas com o máximo de 25 alunos, pondo fim à superlotação, novos concursos públicos para suprir a demanda preenchida por contratos temporários (Categoria O), que não têm as mesmas condições dos concursados, embora realizem a mesma função.

Estaremos no vão do Masp também contra a reforma da previdência. Porque acaba com a Previdência pública e acaba com a aposentadoria de todas e todos. Mas as professoras e professores estão entre os mais atingidos por essa verdadeira deforma da previdência. Teremos que trabalhar dez anos a mais para receber o valor integral de nossos benefícios, perdendo a aposentadoria especial de 25 anos de trabalho, com uma perda substancial, porque, pelo projeto de Bolosonaro, deixaremos de receber o salário integral das servidoras e servidores da ativa.

A participação de todas e todos, portanto é essencial para barrarmos o neoliberalismo no país e pela valorização da educação como área estratégica para o desenvolvimento nacional. Por esse entendimento, a CNTE marcou a Greve Geral da Educação (15 de maio) com objetivo de mostrar a disposição de resistência das professoras e professores da educação básica, ensino fundamental e médio.

Nesse dia, a aula será de cidadania nas ruas de todo o país. As trabalhadoras e os trabalhadores da educação mostram a sua capacidade de luta numa voz unificada contra os cortes nessa área fundamental para a classe trabalhadora e para a nação. Queremos mais livros e menos armas, mais escolas e menos prisões, mais liberdade e menos perseguição. A escola deve ser democrática e inclusiva para transmitir conhecimento e com a comunidade construir o novo e dar perspectiva de vida e sonho para a juventude.

 

Francisca Pereira da Rocha Seixas é secretária de Assuntos Educacionais e Culturais da APEOESP e secretária de Saúde dos/as Trabalhadores/as em Educação da CNTE

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