As ofertas prometem fazer o dia inesquecível, tornar a mãe mais bela, saudável, mais moderna, informatizada, menos atarefada e, sobretudo, mais feliz. É certo e justo que as mães assim se sintam neste dia. O problema é que, como os outros, este dia também passa e a realidade não é mesmo nem um pouco parecida com o que sugerem as grandes campanhas publicitárias. Pelo menos a realidade das mães trabalhadoras deste nosso imenso país.
Ser mãe e trabalhadora não é lá tarefa das mais fáceis. Da alegria do nascimento passa-se rápido, muito rápido, à preocupação de onde deixar os filhos quando a licença maternidade acabar. Não raro é preciso improvisar, pois não há creches para todos. Diariamente, a jornada extenuante de trabalho, profissional e familiar, leva muitas mães ao total esgotamento. O tempo para a criança acaba sendo o que restar de tantas tarefas e a infância, também não raro, torna-se sinônimo de abandono, solidão ou desamparo.
Convívio familiar
Tempo e segurança… São justamente o que há de mais importante para a mãe e para a criança. Tempo para estarem juntos, para cuidar e educar. Segurança para crescer, estar amparado e ter perspectiva de futuro. É por essa realidade que as mães trabalhadoras buscam presentes especiais, com prazo de validade indefinido, que não têm preço, mas sim VALOR.
Poderíamos começar com a ampliação da licença maternidade para 180 dias para todas as trabalhadoras, não como opção da empresa, mas como direito líquido e certo. Junto, teríamos a merecida ampliação da rede de creches, para que os filhos das trabalhadoras não passem a infância sem assistência.
Em igual medida e importância vem a redução da jornada de trabalho, que possibilita a redução da fadiga e do estresse, e, por conseguinte, mais saúde física e psicológica. E mais tempo, mais uma vez o tempo, para o convívio familiar, para a vida que cresce ser acompanhada, festejada, compartilhada.
Valor incalculável
Mas não é só para a mãe trabalhadora e para a criança que a redução da jornada traz benefícios. É também a perspectiva de futuro que representa para a juventude. Serão milhões de novos postos de trabalho. Quanto maior a oferta de trabalho, menor será violência e o apelo das drogas, que encontram campo fértil na ociosidade e na falta de projetos de vida.
E, para finalizar, nada mais justo que o fim do fator previdenciário na aposentadoria. Afinal, é inadmissível que, depois de uma vida inteira de trabalho e luta, de dupla jornada, de salários baixos e de discriminações, as trabalhadoras ainda tenham a sua aposentadoria adiada ou com valores reduzidos por esse nefasto dispositivo legal.
Esses são os presentes que as mães trabalhadoras certamente fariam gosto de receber para a sua vida, para si e para seus filhos. Presentes para o futuro, não apenas para um dia, presentes de valor incalculável, que não estão na mídia, tampouco na vitrine, mas nem por isso fora de nosso alcance. Este é o tempo certo para conquistá-los. É uma questão de escolha. De continuar lutando, pois as mudanças não acontecem por conta do acaso.
*Secretária de Mulheres da CTB