Formação sindical do CES – uma atualização necessária (parte 1)

O Centro Nacional de Estudos Sindicais e do Trabalho (CES) foi fundado em abril de 1985 com o objetivo de ajudar a construir um sindicalismo forte, democrático, unitário, enraizado nos locais de trabalho. O CES se propôs também em desenvolver ações como curso básico de sindicalismo, editar a revista Debate Sindical e editar publicações abordando temas candentes do sindicalismo à época: Constituinte, estrutura sindical, entre outras.

O CES se firmou no movimento sindical brasileiro por sua atividade formativa, estudos e aprofundamento de temas do sindicalismo brasileiro por 33 anos. Fundado e emulado por dirigentes sindicais com uma concepção classista de sindicalismo, sob influência do PCdoB, o CES ampliou seu raio de formação sindical para um leque de dirigentes sindicais de matizes ideológicos variadas.

 É mister uma atualização dos seus objetivos e, para tanto, faz-se necessário um breve resgate histórico de sua trajetória. Para efeito didático, dividimos a atuação do CES em três momentos históricos: dos anos 1980 até 1992; do ano de 1992 até 2002 e; de 2002 até 2018. Em cada período fizemos uma atualização política e sindical e do mundo do trabalho e, a partir daí, propomos novas plataformas formativas do CES em 2018.

Anos 1980 – 1992: Revista Debate Sindical e fundação da CSC (Ascenso do movimento sindical)

Em 1988 é formalizada a criação da Corrente Sindical Classista – CSC em uma plenária na cidade de Campinas – SP por dirigentes sindicais ligados ao PC do B e outras lideranças de esquerda. A fundação da CSC é efetivada em seu 1º Congresso em fevereiro de 1989, no Rio de Janeiro – RJ, com a participação de 2.536 delegados representando 703 entidades sindicais. No 2º Congresso da CSC, em março de 1990, foi aprovado a integração dos sindicatos vinculados à CSC na Central Única dos Trabalhadores – CUT.

A CUT foi fundada em agosto de 1983. Central sindical de origem de militantes filiados ao também recém-criado Partido dos Trabalhadores – PT. Rapidamente a CUT alcança um grande contingente de sindicatos ao mesmo tempo que dirige várias lutas nas respectivas categorias de sindicatos a ela filiados.

Esse é o período do fim da ditadura militar, da campanha Diretas já e do “Fora Sarney”. Ano da promulgação da Constituição Federal – 1988. Foram anos marcados por grandes greves, inclusive a maior do período: 14 e 15 de março de 1989.

Da sua fundação em 1985 até o ano de 1992 a atividade do CES foi a publicação ininterrupta da revista Debate Sindical e publicação de materiais impressos de temas relevantes da conjuntura e do sindicalismo. O CES também foi a instituição político e jurídica responsável por difundir as ideias do sindicalismo classista em fina parceria com a CSC.

Anos 1992 – 2002: Convênio Nacional de Formação de Monitores e ingresso da CSC na CUT (período neoliberal)

Os primeiros anos da década de 1990 deram início a uma nova fase para o Centro de Estudos Sindicais. O CES iniciou um projeto de Convênio Nacional de Formação de Monitores – CNFM. Nesse projeto de formação sindical cabia ao CES dar elementos básicos de conteúdo e metodologia para dirigentes sindicais fazerem cursos nas suas respectivas bases. O CNFM iniciou sua primeira turma em junho de 1992. No decorrer da década dos anos 1990 foram muitas turmas formadas. Foi o período que a revista Debate Sindical se consolidou como uma revista especializada em temas sindicais e do mundo do trabalho, disputando, inclusive com publicações da academia.

 Em maio de 1991 cria-se a Força Sindical, uma central sindical de conciliação de classes. Esse foi o período de baixa atividade grevista para os sindicatos. Época em que foram realizados cursos nos sindicatos com monitores formados pelo CES.

Na CUT a estrutura formativa dessa central era ampla e abrangia 7 escolas orgânicas espalhadas nas 5 regiões do país. A estrutura da CUT nos anos 1990 abarcava tanto a formação política e sindical como a formação profissional: a qualificação e a requalificação da mão de obra para o mercado de trabalho. Toda essa estrutura formativa recebeu financiamento de parceiros internacionais, assim como verbas do governo federal provenientes do Fundo de Amparo do Trabalhador – FAT.

Essa estrutura formativa cutista absorveu, em parte, a demanda formativa de sindicatos vinculados à CSC. A rede formativa dessa central realizou a formação sindical em muitos dos sindicatos da CSC. Com os sindicatos da CSC atuando na CUT, e pagando altas taxas de filiação a essa central – 10% das receitas, o CES ficou com suas finanças abaladas, já que contava com convênios dos sindicatos da CSC para sua manutenção e atuação. A edição da revista Debate Sindical permaneceu firme, porém o CNFM foi encerrado no início dos anos 2000.

A década de 1990, conhecida como a década perdida, foi de altas taxas de desemprego. Chegando a níveis absurdos de 14% de desempregados no país. O movimento sindical brasileiro nesse período sofreu reveses. Sob a presidência de Fernando Henrique Cardoso – FHC, o Brasil passa por um período de implantação do modelo neoliberal, com privatizações e desregulamentação de leis trabalhistas.

Carlos Rogério de Carvalho Nunes é membro do Conselho Fiscal da CTB Nacional, Coordenador Adjunto do CES e Pós-graduando em Serviço Social PUC-SP.

Os artigos publicados na seção “Opinião Classista” não refletem necessariamente a opinião da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e são de responsabilidade de cada autor.

 

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