Armas não combatem a violência

Lamentável que um presidente da República, com tantos problemas sociais para resolver no nosso país, tenha como principal preocupação e ação, a facilitação do uso de armas de fogo.

É evidente que as causas da violência são múltiplas e complexas, mas sem dúvida nenhuma, o desequilíbrio social e as profundas desigualdades são os principais fomentadores do número de homicídios no Brasil.

A facilitação da posse de armas, agrava a situação, e abre espaço para situações como a que ocorreu em 2011, conhecida como o massacre de Realengo, Bairro do Rio de Janeiro, onde Welington Meneses de Oliveira, como dois revólveres, num provável surto psicótico, invadiu a escola Municipal Tasso de Oliveira e matou 12 jovens de 13 a 16 anos.

O argumento de que “cidadão de bem” precisa estar armado para se defender dos “bandidos”, não se sustenta, a começar pela identificação de quem é “cidadão do bem”. O aumento de armas em circulação agrava a situação de violência no nosso país, inclusive dos suicídios, mortes acidentais, feminicídios, mortes indeterminadas. 

Segundo o Mapa da Violência de 2016, o crescimento do número de homicídios por arma de fogo de 1980 a 2003, foi da ordem de 6,2% anual, enquanto que de 2003 a 2014 foi de 0,3% ao ano, após a promulgação do Estatuto do Desarmamento, Lei 10826 de 22 de dezembro de 2003.

Não conheço nenhum estudo comprovando que a facilidade para utilizar arma de fogo tenha melhorado os índices de violência. Para a redução homicídios precisamos de uma sociedade mais equilibrada, redução das desigualdades sociais, políticas públicas para geração de emprego e renda, educação e saúde, além de moradia e condições para uma vida digna. Não há como ter paz sem justiça social.

* Álvaro Gomes é diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ.


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