CTB no 9º Fórum Internacional de Globalização

Entre os dias 03 e 05 de setembro, a CTB participou em Beijing, China, da 9ª edição do Fórum Internacional da Globalização Econômica e os Sindicatos. Com o tema central “Oportunidades iguais e o desenvolvimento comum”, o evento contou com a presença de 150 sindicalistas entre delegados internacionais e convidados de 70 países.

Representei a CTB como secretário de Relações Internacionais, como parte da delegação brasileira composta por dirigentes  das centrais sindicais, ao lado de Paulo Vinícius, dirigente nacional, que integrou a delegação dos jovens trabalhadores da Federação Sindical Mundial (FSM).

A ACFTU é uma entidade com abrangência nacional fundada em 10 de maio de 1925. Ela agrega 31 federações provinciais, 10 sindicatos industriais nacionais e 1.324 milhões de sindicatos de base. Representa 169.94 milhões de trabalhadores, dentre os quais 36,4 são mulheres. Sua direção é composta por 267 membros. Estabelece relações internacionais com mais de 400 entidades sindicais envolvendo 130 países.

Este fórum foi constituído em 2004 a partir de quatro organizações sindicais, a ACFTU (China), ICATU (Árabe), OATUU (África) e a FSM. Desde então realiza esses encontros anuais na China promovendo o intercâmbio e a cooperação entre o movimento sindical internacional, particularmente dos efeitos da globalização sobre o mundo do trabalho.

Hoje, em sua nona edição, é unânime a opinião que sua consolidação atual se constituiu como um grande instrumento político, investigativo e cooperativo a serviço dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras, buscando fortalecer a valorização do trabalho enquanto valor estratégico para o progresso civilizacional.

Sobre o programa

A ACFTU apresentou ao encontro um documento central no qual desenvolve as suas fundamentações e compreensões a cerca do tema da oportunidade e o desenvolvimento comum. Nele contextualiza o tema a partir da crise em curso e destaca a recuperação lenta, frágil e desequilibrada da economia global.

Reafirmam que as crises sempre geram oportunidades, defendem a paz, o desenvolvimento comum, a cooperação e os ganhos compartilhados como eixos para promover o desenvolvimento. Destacam a geração de emprego e o piso de proteção social como essenciais nesses processos.

De uma forma aberta mostra o modelo organizacional sindical chinês, sua independência, a sua relação com o Partido e o Estado. E conclui reforçando o papel do trabalho, dos direitos da classe trabalhadora para uma sociedade equilibrada, sustentável e harmoniosa.

Na abertura, Li Jianguo, membro do birô político do comitê central do PCCh, vice-presidente do comitê da Assembleia Popular Nacional e presidente da ACFTU, expor as idéias gerais contidas no principal documento do fórum. Defendeu socialismo como único caminho que protege os interesses dos trabalhadores. Destacou a valorização ao conhecimento, o talento e a criatividade que se busca na sociedade chinesa, em particular a da classe trabalhadora.

Entre os pronunciamentos nessa abertura, Georgios Mavrikos representou a FSM e Juan Castilo o Encontro Sindical Nossa América (ESNA). O representante da Força Sindical Nilton da Silva (Neco) a voz brasileira.

Especialistas nacionais e internacionais participaram de dois painéis específicos do fórum: Os direitos dos trabalhadores “enviados” (aqueles contratados via agências privadas) e sua regulamentação. O que no Brasil poderíamos fazer um paralelo com a terceirização e seus desdobramentos. O outro foi a seguridade social e a recuperação econômica que pautou os convidados e a plenária.

Brics

Durante o evento, por iniciativa da ACFTU, reuniram-se os sindicalistas representantes dos países que integram os Brics (Brasil, Russia, Indía e China, Africa do Sul).

Nesse encontro concluiu-se por maior interação e para tal efetivar-se-á uma política de comunicação entre os membros. Do ponto de vista programático aprovou-se a necessidade de elaborar um documento que contenha os eixos estruturantes, na visão dos trabalhadores, e com ele disputarmos seu conteúdo perante os governos dos Brics.

Nessa direção sugeriu-se que as entidades sindicais do Brasil liderem esse processo e promovam um encontro internacional entre os países membros a fim de aprovar a nossa pauta. A referência é que o mesmo ocorra antes do encontro governamental previsto para março de 2014 em Fortaleza-CE, Brasil.

Encerramento

O fórum sobre globalização econômica e os sindicatos é um espaço internacional que se consolidou. Um êxito que há dez anos poucos acreditariam. O seu desenvolvimento intensificará o conhecimento e o intercâmbio entre as representações sindicais de todo o mundo.

Essas foram as conclusões dos expositores na momento final do fórum. Além da representação da China, Rússia, África do Sul, Índia e a Árabe, pronunciou-se a CTB (ver pronunciamento em anexo).

Como última atividade, visitamos uma empresa química, a Yankuang Lunan Chemicals co ltd (YCCC), com aproximadamente 4000 trabalhadores, todos sócios ao sindicato. Uma forte presença de técnicos jovens e mulheres.

Após a exposição do presidente do sindicato abriu-se a palavra às delegações internacionais e nesta oportunidade questões salariais, negociação coletiva, conflitos políticos e direitos sociais foram abordadas e respondidas pela entidade.

Na política disputam a gestão e os resultados da empresa, inserida dentro do rumo geral do país.

Transcrevo uma frase contida numa das faixas expostas dentro da empresa. Ela expressa em que contexto e em que modelo a valorização do trabalho se desenvolve. Num país que se caracteriza como na fase primária do socialismo, com as características chinesas:

“Amar o trabalho, valorizar o conhecimento, respeitar os talentos do povo e estimular a criatividade”.


 

Divanilton Pereira é secretário das Relações Internacionais da CTB

 

 

 

 

 

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