Consolidar a unidade das centrais e movimentos sociais

O Dia Nacional de Luta em Defesa do Emprego e dos Direitos Sociais, realizado nesta segunda-feira (30-3) em todo o país, superou as expectativas e não há dúvidas de que foi coroado de êxito em todos os sentidos. Em São Paulo, onde os organizadores previam o afluxo de 10 mil pessoas, 20 mil participaram da bela passeata que atravessou a Avenida Paulista, parando diante da poderosa Fiesp e da sede do Banco Central, desceu a rua da Consolação e foi até o Teatro Municipal, no centro. Estima-se que dezenas de milhares saíram às ruas nas capitais brasileiras em apoio à manifestação unitária dos movimentos sociais.

Na manhã da mesma segunda-feira, em reunião com o presidente em exercício, José Alencar, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na sede do Banco do Brasil em São Paulo, veio a notícia de uma primeira vitória do nosso movimento: a prorrogação por mais três meses da redução do IPI de carros e caminhões novos foi condicionada à estabilidade dos operários no período. Não é tudo que pleiteamos, mas a medida tem grande relevância por duas razões. Em primeiro lugar, porque contempla a reivindicação do movimento sindical e significa uma resposta positiva à pressão das ruas; ao mesmo tempo, traduz uma filosofia que deve orientar a ação do poder público em todos os níveis, ao comprometer as empresas beneficiadas com recursos estatais com a manutenção do nível de emprego, coibindo demissões em massa e o aumento consequente da taxa de desemprego. 

Ricos devem pagar a crise

Vamos continuar a luta e exigir contrapartida semelhante nas operações de crédito do BNDES, o que ainda não ocorreu, como podemos verificar no caso da Embraer. E também não é só isto. Queremos a mudança da política econômica, o fim do superávit fiscal e maiores investimentos públicos para geração de emprego; a redução radical dos juros; o controle do câmbio e do fluxo de capitais estrangeiros; a restrição e taxação das remessas de lucros e dividendos; a desoneração da cesta básica; redução dos impostos que recaem sobre atividades produtivas e elevação dos impostos para o capital financeiro; a diminuição da jornada de trabalho sem prejuízo para os salários, entre outras medidas.

O sucesso das manifestações não seria possível sem a ampla unidade alcançada. Desta vez contamos com a participação de todas as centrais sindicais, sem exceção, incluindo Conlutas e Intersindical, ao lado de várias organizações dos movimentos sociais, como foi o caso do MST, UNE, Conam, UBM, entre outras. Consolidar a unidade é indispensável para prosseguir a luta e conquistar novas vitórias. 

Conforme foi ressaltado em diferentes pronunciamentos feitos durante a passeata realizada no centro de São Paulo, a crise econômica em curso é, antes de tudo, uma crise do capitalismo, decorrente das contradições intrínsecas ao sistema. Com toda razão, os sindicalistas franceses, que recentemente levaram 3 milhões às ruas contra a política econômica do governo direitista de Sarkosy, proclamaram que a classe trabalhadora não tem culpa no cartório, mas o mesmo não pode ser dito em relação ao patronato.

Não é justo que a conta seja apresentada aos assalariados na forma de desemprego, arrocho dos salários e redução dos direitos. Que os ricos paguem a crise. Este é o desejo unitário de todos e todas que se mobilizaram nesta segunda-feira. Foi também a palavra de ordem proposta pela CTB na nota pioneira que divulgou sobre o tema em outubro do ano passado. Todavia, a justiça social não virá por geração espontânea. Não será concretizada na história senão através de uma luta enérgica da classe trabalhadora em defesa do emprego, dos salários e dos direitos sociais.  Unidade, eis a chave para abrir a porta da vitória e do futuro.

A luta continua!     



Wagner Gomes é presidente da CTB

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