Combater a inflação com mais desenvolvimento

A evolução dos índices inflacionários vem despertando justas preocupações no Brasil e em todo o mundo. O fenômeno está associado à alta dos preços do petróleo e dos alimentos, à queda generalizada do dólar estadunidense, que serve de padrão para as cotações das mercadorias que circulam no comércio exterior, bem como a outros fatores que estão em curso na chamada economia mundial.

Os indicadores revelam que, por aqui, a inflação não se restringe mais aos alimentos e já afeta outros setores da economia, especialmente o de serviços. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE, chegou a 0,78% em maio e pode ultrapassar o teto estabelecido pelo Banco Central para 2008, de 6,5%. Isto não deixa de ser inquietante, embora não signifique que os preços estão totalmente fora de controle.

Falso pretexto

A inflação é um mal que atormenta principalmente a classe trabalhadora, pois corrói diariamente o valor dos salários, que são reajustados apenas uma vez por ano, durante as campanhas salariais. No caso atual, as categorias com salários mais baixos são também as mais prejudicadas, visto que a elevação dos preços recai principalmente sobre os alimentos e os pobres gastam com alimentação proporcionalmente bem mais que os ricos e remediados.

Por esta razão, entendemos que é indispensável combater a inflação. Todavia, o movimento sindical não pode concordar em absoluto com a orientação conservadora da área econômica do governo em relação a este tema. Para o senhor Meirelles e os outros membros do Copom, a elevação dos preços é mais um bom pretexto para manter os juros na estratosfera e elevá-los ainda mais.   

Menos juros e mais desenvolvimento

Não há teoria econômica que justifique o fato do Brasil manter os juros reais no maior patamar de todo o mundo. Países com índice de inflação menor que a nossa trabalham com taxas de juros reais expressivamente inferiores porque concedem efetiva prioridade ao desenvolvimento e à abertura de novos postos de trabalho.

A experiência história demonstra que a alta dos juros compromete o desenvolvimento nacional, reduz o ritmo de crescimento e conduz à estagnação econômica. Resulta, por conseqüência, em aumento do desemprego e arrocho dos salários, além de aumentar a dívida pública, o encargo do Estado com juros, o superávit primário e as restrições aos gastos e investimentos públicos. Não podemos esquecer que há interesses envolvidos nesta política, pois os especuladores e grandes investidores detentores de título público ganham bilhões e mais bilhões com a brincadeira.

Muitos especialistas, críticos da política monetária, argumentam que existem outros meios de combater a inflação, entre eles o de aumentar a oferta de mercadorias, especialmente alimentos, restringir a especulação, controlar o câmbio e limitar a liberdade de movimento para o capital estrangeiro. Isto significa mais produção e mais crescimento.

É isto que exigimos. Combater a inflação com crescimento. É com este objetivo que a CTB, juntamente com outras organizações que compõem a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), estará participando da manifestação que será realizada em Brasília na próxima quinta-feira, dia 19, diante do Banco Central, sob a bandeira “Menos juros e mais desenvolvimento”. Já está mais do que na hora de romper o círculo vicioso da política macroeconômica. Vamos à luta!   

*Wagner Gomes é presidente da CTB

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.