Com a indústria ainda em recessão, alta do PIB é frágil

Depois de 12 trimestres seguidos (três anos!) em queda, a economia brasileira registrou uma ligeira alta. Nosso PIB (Produto Interno Bruto, que corresponde à soma de todas as riquezas produzidas no País) cresceu apenas 0,2% no segundo trimestre de 2017, na comparação com o primeiro trimestre. Mas ainda é cedo para comemorar.

Segundo o próprio IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) – que divulgou os dados nesta sexta-feira (1/9) –, a recuperação econômica do Brasil é lenta, desigual e motivada por fatores pontuais. O crescimento foi puxado tão-somente pelo setor de serviços (+0,6%), já que a agropecuária teve estagnação (variação nula, de 0%) e a indústria voltou a cair (-0,5%).

Em relação ao segundo trimestre de 2016, o tombo do setor industrial é ainda maior (de -2,1%). Se levarmos em conta apenas o 1º semestre de 2017, o PIB industrial encolheu 1,6%. Um dos segmentos em crise é o da indústria de transformação, que caiu 1%. A principal razão foi a baixa na produção de equipamentos de transporte (exceto veículos automotivos); de máquinas, aparelhos e materiais elétricos; de produtos derivados do petróleo e biocombustíveis; e de alimentos e bebidas.

Portanto, mesmo com o índice ligeiramente positivo do PIB nacional, é preocupante diagnosticar que a indústria permanece em recessão. Pior: dado o caráter ultraliberal e anti-industrial do governo Temer – que segue apostando na desnacionalização da economia brasileira –, não há sinais à vista de recuperação do setor. Não por acaso, com fábricas ociosas e o segmento de construção civil parado, a taxa de investimento no segundo trimestre de 2017 despencou para 15,5% do PIB (a menor para esse período do ano desde o início da série histórica do IBGE, em 1996).

Por gerar produtos com alto valor agregado – e, portanto, impactar outros segmentos econômicos –, a indústria é o único setor capaz de, efetivamente, dinamizar a economia nacional como um todo. Cada emprego direto na indústria metalúrgica, por exemplo, pode gerar mais dois ou três empregos indiretos. Sem uma política de incentivo ao conteúdo local e valorização do setor produtivo, não será possível manter um crescimento sustentável e duradouro da economia, imune a contratempos políticos e fatores sazonais. Ao mesmo, é imperioso que o governo eleve a taxa de investimentos.

O enfrentamento à crise é urgente e exige mobilização de toda a categoria metalúrgica. A Fitmetal (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil) renova a orientação às suas entidades, para que se envolvam ainda mais na campanha “Brasil Metalúrgico” e organizem, junto a suas bases, um Dia Nacional de Luta, Protesto e Greve em 14 de setembro.

– Contra o fim dos direitos sociais e trabalhistas, contra o desmonte da Previdência Pública, em defesa das conquistas nas convenções coletivas!

– Em defesa da indústria nacional, do emprego e da retomada do crescimento econômico!

– Fora Temer, Diretas Já!

Marcelino da Rocha é presidente da Fitmetal

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