Coletivo LGBT mostra que a CTB é de luta, democrática e plural

Nos dias 18 e 19 novembro, a CTB realizou na cidade de Paty de Alferes o Encontro Nacional da CTB: Visão Classista sobre a Diversidade Social com a participação de seis secretarias da central e que contou com a participação de mais de 100 delegados de todo o país com o intuito de discutir a diversidade.

Nesse processo foram construídos quatro grupos de trabalho que levarão propostas para o Congresso da CTB e em um desses grupos discutimos e construímos propostas para a população LGBT no mundo do trabalho dentre elas, as que se destacam são a criação da Secretaria Nacional LGBT da CTB e também um Coletivo Nacional LGBT. Esses dois pontos são fundamentais pois debatater as questões específicas desta população dentro do mercado de trabalho é primordial no mundo contemporâneo.

Criamos o Coletivo Nacional LGBT com a participação de vários delegados, representando diversos estados e saimos com a tarefa de construir o coletivo nas CTBs estaduais bem como buscar parcerias com os estados que não puderam estar presentes  ao encontro no intuito de ampliar o debate e mostrar a importância da nossa central levantar essa bandeira no movimento sindical com a limpidez que o tema merece.

Acreditamos que o coletivo funcionará como uma ferramenta fundamental para a ampliação do debate no que tange às especificidades da população LGBT no mercado de trabalho em nosso país.

O coletivo é o início de uma campanha para que a CTB possa representrar a classe trabalhadora brasileira em toda a sua plenitude. E no século 21, é essencial debater as questões inerentes dessa população no mercado e diagnosticar as demandas e desafios dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil que se encontram dentro da comunidade LGBT e hoje não têm uma atenção especifica para encaminhar as suas reivindicações de uma sociedade maiks tolerante e que respeite a todos e todas.

Sabemos que a população LGBT ultrapassa os 20 milhões de pessoas, a maioria com grande dificuldade de se inserir no mercado de trabalho. O coletivo foi criado com a função de acumular informações e promover debates sobre a necessidade de a CTB criar uma Secretaria Nacional LGBT e assim sair na frente e levar esse debate no meio sindical com a transparência e a abrangência necessárias.

No encontro sobre a diversidade social discutimos alguns números que nos levam a repensar a política de atuação da central na demanda específica dos LGBTs. Para se ter uma ideia, hoje no Brasil 61% dos LGBTs no mercado de trabalho escondem suas orientações causando um extremo desconforto e opressão no local de trabalho o que faz com que sua produtividade caia significativamente. A CTB como uma central de vanguarda, classista, plural e de luta é a que melhor reúne condições para trabalhar esse tema.

Essa é a melhor maneira de garantirmos mais igualdade de direitos no mercado de trabalho para todas e todos. Assim conseguiremos trazer estas pessoas para a luta de classes, pois sem comunicação com essa população não consiguiremos atingir estes individuos na suas especificidades causando o distanciamento das nossas lutas, perdendo perdendo essa massa. Justamente proque essas pessoas se sentem abandonadas pelas centrais, sindicatos e o restante da sociedade em geral.

Segundo pesquisa realizada pela Consultoria Santos Caos, 43% dos entrevistados afirmam ter sofrido discriminação pela sua orientação sexual. Em outra pesquisa consta que 38% das empresas brasileiras não contrataria um profissional LGBT.

Certamente se o assunto for pesquisado com mais profundidade, descobriremos que é por pura LGBTfobia, atrelada a uma visão errônea por achar que este profissional pode causar danos à imagem de sua ou suas empresas quando sabemos que na verdade uma empresa com mais diversidade é uma empresa mais rentável e eficiente.

Isso nos faz crer que o grande problema da população LGBT no mercado de trabalho é a falta de debate e conhecimento sobre a diversidade. Essas distorções causam constragimentos, agressões, violência, cerceamento de direitos com grande prejuízo aos trabalhadores e trabalhadoras LGBT.

No nosso entender, a central tem como responsabilidade corrigir essa distorção. Se queremos uma sociedade igualitária e de oportunidades devemos atentar às especificidades senão os LGBTs não se sentirão contemplados na luta de classes e serão uma população de trabalhadores e trabalhadoras sem rumo na sociedade brasileira sem consciencia política, econômica e ideológica.

Segundo a Assossiação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 90% delas trilham o caminho da prostituição, na maioria das vezes contra a própria vontade, porque a porta de mercado de trabalho estãomtotalmente fechadas para os LGBTs.

Assim, elas encontram nas ruas, uma maneira de sobrevivência, expondo-se a todos os riscos de violência, com milhares de assassinatos com requintes de crueldade. Sem o aporte de uma central sindical e de sindicatos nada se constroi para mudar essa situaçao. O maior problema dessa população é empregabilidade e falta de políticas públicas.

O Sindicato dos Empregados do Comércio do Rio de Janeiro (SEC-RJ) atentou para estas demandas e conseguimos levar para a mesa de negociação de nosso acordo coletivo uma cláusula de inclusão para a população T (transexuais, travestis, homens trans) onde incetivaríamos a contratação desta mão de obra, inclusive com incentivos financeiros, abrindo mão de receita para os empersários que contratassem e os que atingissem o mínimo de 1% de seu quadro de funcionários da população T e ainda nos dispusemos a ajudar a qualificar e dar suporte a estes empresários no intuito de garantir a sociabilidade dos LGBTs dentro do local de trabalho, essa cota, era facultativa e foi extremamente rechaçada pelos patrões, recebendo adesão apenas de uma empresa.

Mesmo assim, provamos que o debate traz benefícios a essa população tão sofrida e excluída da sociedade. O que nos levou a entender mais uma vez que o abandono a que está relegada a comunidade LGBT é causado pela falta de inclusão no movimento sindcial desse setor importante da vida brasileira, já que não podemos esperar a compreensão e aceitação dos patrões. E quando o sindicato toma parte dessa luta incluindo os LGBTs, entendendo-os pessoas de direitos.

Foi dessa forma que o SEC-RJ conseguiu aprovar a extenção dos benefícios sociais de toda classe comerciária do Rio de Janeiro para os casais homoafetivos e acreditamos que isso só foi possivel por meio do debate e da insistência do sinddicato com a abertura por parte dos dirigentes sindicais para se trabalhar o tema e obter essa importante vitória que beneficiará milhares de trabalhadores e trabalhadoras.

A violência contra a população LGBT sobretudo à população T é um absurdo e o Brasil é o país que mais se mata travestis, transexuais e homens trans. Além disso, o assédio moral que essa população no mundo do trabalho e na sociedade torna essas pessoas extermamemte vulneráveis, cerceando seus direitos de levar uma vida plena, sem medo e com justiça.

Nessa perpectiva acreditamos que a criação da Secretaria Nacional LGBT da CTB e do coletivo Nacional LGBT é fundamental para se contrapor ao avanço das forças conservadoras no Brasil. Só mudaremos isso com a luta de classes, a coscientização da população trabalhadora na sua forma plena de constituição. Para atingir esse objetivo, há necessidade de abrir esse espaço de diálogo e trabalhar a inclusão dessas pessoas dentro da CTB, a central sindical qeu melhor repune condições de levar essa luta à cabo.

O trabalho que está sendo realizado dentro do SEC-RJ mostra que é importante trazer essas pessoas para o movimento sindical, dando-lhes respeito para que essa tarefa possa ser ampliada, lapidada e difundida em todo o Brasil. A CTB tem todas as condições de entrar nessa luta e junto com a população LGBT acabar com a marginalização e se somar à luta de todos e todas, sem nenhuma exclusão.

Marcello Max Pereira é diretor do SEC-RJ e presidente da UNA-LGBT do Rio de Janeiro.

Os artigos publicados na seção “Opinião Classista” não refletem necessariamente a opinião da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e são de responsabilidade de cada autor.

 

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