‘Campeão da mentira’, general blinda capitão

Por Altamiro Borges

Após dois dias de depoimentos à CPI do Genocídio, o general Eduardo Pazuello – que até teve sessões de “media training” para falsear e enrolar – ganhou um novo título: “campeão das mentiras”. O ex-ministro da Saúde, vendido à sociedade pelo fascista Jair Bolsonaro como “craque em logística”, mostrou-se um bravateiro cínico.

Agências de checagem já listaram mais de 15 mentiras proferidas pelo general, que tentou livrar a sua cara e blindar a imagem do capitão-presidente. As inverdades, porém, não convenceram os senadores. Para o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), o milico foi “o campeão das mentiras” até agora nos depoimentos.

“Um manda e o outro obedece”

Entre outras falsidades, Eduardo Pazuello jurou que Jair Bolsonaro nunca interferiu na compra das vacinas. A mentira é descarada. Em outubro, em um de suas abjetas lives, o negacionista anunciou o veto a um contrato para a aquisição do imunizante chinês. Na ocasião, o general covardão reagiu: “Senhores, é simples assim: um manda e o outro obedece”.

O ex-sinistro também evitou comentar as posturas criminosas do presidente em desrespeito às medidas preventivas e sanitárias, como o uso de máscaras e a defesa do distanciamento social. Ainda afirmou, cinicamente, que Jair Bolsonaro nunca defendeu o “tratamento precoce” e o tal do Kit-Covid – apesar dos inúmeros vídeos que mostram o contrário.

O “campeão das mentiras” irritou os membros da CPI – com exceção da “tropa de choque” dos boçais bolsonaristas. “O senhor está aqui claramente protegendo uma pessoa: o presidente da República. Seria melhor o senhor colaborar mais diretamente com a CPI”, reagiu Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Jornal Nacional denuncia corrupção

Diante de tantas mentiras, o general poderá ser novamente chamado a depor. Além disso, já foi encaminhado pedido de quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico do ex-ministro. Na terça-feira (18), um dia antes de suas primeiras bravatas na CPI, o Jornal Nacional, da TV Globo, exibiu uma denúncia sobre suposto esquema de corrupção envolvendo o milico.

Segundo a bombástica reportagem, o Ministério da Saúde sob a gestão de Eduardo Pazuello firmou contratos suspeitos que chegam a quase R$ 30 milhões, sem licitação, para reformar galpões de arquivo e prédios antigos da pasta no Rio de Janeiro. A pandemia do coronavírus foi usada como desculpa para celebrar os contratos com “urgência” e sem licitação.

Ainda de acordo com o Jornal Nacional, o coronel da reserva George Divério, nomeado por Eduardo Pazuello em junho de 2020 para chefiar a Superintendência Estadual do Ministério no Rio de Janeiro, firmou em novembro daquele ano, em um intervalo de apenas dois dias, dois contratos, com dispensa de licitação, que chegam a R$ 28,8 milhões.

A empresa contratada foi a Lled Soluções, cujos sócios são Fábio de Rezende Tonassi e Celso Fernandes de Mattos. Ambos eram sócios em outra empresa, a Cefa-3, que foi proibida de celebrar contratos com o governo federal até 2022 por estar envolvida em um contrato fraudulento com as Forças Armadas.

A reportagem ainda acrescenta que o ministério comandado pelo general também firmou contrato de R$ 19,9 milhões, novamente sem licitação, com a empresa SP Serviços, para a reforma na sede da pasta no Rio de Janeiro. A sede da sinistra empresa fica em Magé, área dominada pela milícia no Rio de Janeiro – como lembrou o Jornal Nacional.