Bolsonaro volta a atacar ministro do STF e ameaçar golpe


Por Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)

O instinto golpista do líder da extrema direita brasileira voltou à cena política quinta-feira (26), dia que o presidente dedicou a novos ataques ao ministro Alexandre Moraes, do Superior Tribunal Federal (STF) e ao sistema de votação eletrônico.

Na saída de uma igreja em Brasília, o presidente fez novas insinuações golpistas, ameaçando com uma ruptura institucional.

“Quando a gente pensa que vai resolver, complica a situação. O que é o senhor Alexandre de Moraes? Ele quer o confronto? Uma ruptura? Por que ele ataca tanto a democracia? Por que você não pode apresentar sugestões ao TSE a convite do TSE?”, vociferou.

Bolsonaro faz na verdade uma inversão da realidade quando diz que o ministro “ataca tanto a democracia”. Quem na verdade faz reiterados atentados contra a frágil e jovem democracia brasileira é o “mito” neofascista.

De resto, ele procurou envolver as Forças Armadas em seu jogo golpista afirmando que os militares deram sugestões sobre o sistema eleitoral eletrônico que foram ignorados pelo Superior Tribunal Eleitoral (TSE), o que ministros do Tribunal dizem que não ocorreu.

Na briga com Moraes o chefe do Palácio do Planalto faz referência ao inquérito que o ministro abriu para apurar Fake News e à sua determinação de investigar o crime e punir os disseminadores de mentiras e enganadores do povo durante a campanha eleitoral.

A condenação do deputado bolsonarista e ex-policial Daniel Silveira (PTB-RJ) por crime contra a democracia também é outro pretexto para as provocações golpistas do senhor Jair Bolsonaro.

Não devemos subestimar os riscos implícitos da retórica presidencial, tampouco duvidar das intenções tenebrosas do autor. As forças democráticas devem permanecer em estado de alerta e redobrar os esforços para a construção de uma frente ampla contra o golpismo e em defesa da democracia.

Urge intensificar a mobilização e conscientização do povo brasileiro para a necessidade de resistir e manifestar forte repúdio aos arroubos autoritários do presidente, o que está também associado às eleições.

O pleito de outubro é a grande batalha que deve centralizar a atenção e a energia da militância, dos movimentos sindicais e forças progressistas.

O pronunciamento das urnas será decisivo para definir o futuro da nação. O povo vai decidir se o país permanece no rumo da barbárie neofascista imposta pelo governo Bolsonaro ou elege um outro caminho, o da reconstrução dos direitos e conquistas, revogação do Teto dos Gastos e das reformas trabalhista e previdenciária, crescimento do PIB e do emprego.

A última pesquisa Datafolha, indicando que Lula ganharia no primeiro turno se as eleições fossem realizadas por esses dias mostra a vontade majoritária do nosso povo, castigado pela fome, a carestia, o arrocho dos salários, a precarização e o desemprego.

É sintomático do sentimento da nossa classe trabalhadora em relação ao presidente genocida que entre as pessoas desempregadas o ex-presidente tenha 57% das intenções de voto contra apenas 16% de Bolsonaro, de acordo com a pesquisa. Jair Bolsonaro é o inimigo número 1 dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras.

Tudo isto ajuda a explicar a retórica golpista. O Clã Bolsonaro parece desesperado com a perspectiva de perder a eleição e frequentar o xadrez.