Algumas considerações sobre a Venezuela e conexas

– É evidente que o cerne da questão na Venezuela é o petróleo venezuelano.

– Assim como no Brasil os golpistas usaram a desculpa da “luta contra a corrupção” para depor Dilma, na Venezuela os golpistas usam uma suposta “defesa da democracia” para derribar do poder Maduro.

– Chavez foi um grande estadista, e nem o mais apaixonado defensor de Maduro conseguiria estabelecer comparação entre ambos, assim como Dilma e Lula são incomparáveis.

– Ou seja, Chavez deixou a Venezuela quase que órfã, assim como o governo Dilma foi muito aquém do governo de seu antecessor, Lula. Em que pese nessa avaliação, é claro, toda a oposição a qual Dilma sofreu por parte de cunha, aécio et caterva e demais golpistas.

– Chavez enfrenta uma direita talvez até pior e mais sórdida que a nossa, e claramente financiada e inflamada pelos xerifes do mundo estadunidenses mas, diferentemente do que ocorre aqui no Brasil, os venezuelanos resistem às investidas globais dos golpistas.

– Penso que o êxito (até agora) da resistência deles e o nosso fracasso está intrinsecamente ligado à questão da regulamentação da Comunicação.

– Explico: Chavez não renovou a concessão da RCTV (que seria a rede grobu venezuelana), quando esta expirou, e fez muito bem ao fazer isso, porque esse veículo de imprensa conspirou em um golpe para depor Chavez e empossar Carmona, o que só não vingou por conta da reação popular, que reconduziu Chavez ao poder…

…ao passo que no Brasil as organizações grobu conspiraram em 1964, conspiraram em 1989, conspiraram em 2005, conspiraram em 2016 e conspiram nesse exato momento, e nada foi feito, aliás as verbas publicitárias jamais deixaram de sair dos cofres públicos nas gestões Lula e Dilma, assim como devemos lembrar que Lula compareceu ao enterro do patrono das organizações golpistas grobu – Roberto Marinho, e quem não se lembra de Dilma no programa da Ana Maria Braga, ou no Jô Soares?

(Em tempo, todo meu apoio, carinho, respeito e admiração à Lula e Dilma. Mas cometeram esse erro e isso é inegável, mea culpa feito por ambos)

– Jean Willlys não é um idiota útil, muito pelo contrário. É um intelectual, com uma inteligência privilegiada e, quando leio os absurdos sensos comuns que escreve sobre a conjuntura política na Venezuela, penso que ele está mal intencionado, visando afagar a classe média d’além de seu campo político, repetindo o discurso do jornau nassiounau, arregimentando eleitores despolitizados.

– É mais ou menos a mesma “política” da Luciana Genro, que empunha a “bandeira da luta contra a corrupção” com o objetivo de conquistar um eleitorado que vê nessa pauta um mantra mágico, uma obsessão quase que sexual.

– O problema do Brasil não é a corrupção, mas sim injustiça social. Se enforcássemos o último corrupto do Brasil com os intestinos do penúltimo, ainda assim grassariam a fome, a exclusão social, a injustiça, a criminalidade.

– Somente com justiça social construída através de políticas públicas, sobretudo em projetos no segmento da Educação Pública de qualidade, o Brasil poderá um dia – quem sabe – assumir o lugar de destaque e vanguarda que merece e que hoje lhe é negado.

Diógenes Júnior é assessor sindical no CPERS-Sindicato  – Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul, assessor de Comunicação Social da CTB Educação - RS.

Os artigos publicados na seção “Opinião Classista” não refletem necessariamente a opinião da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e são de responsabilidade de cada autor.

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.