A CTB na construção da Frente Ampla

Por Robson Camara*

O papel da CTB na construção de uma frente verdadeiramente popular, sem medo e com amplitude necessária para a hegemonia do povo nas ruas: a frente ampla.

Diversidade política e ideológica marcou manifestação em Brasília. Foto: Robson Camara

A construção de uma frente verdadeiramente ampla exige clareza e paciência política, firmeza na convicção dos objetivos motivadores da unidade de ação. Isso necessita de uma visão de totalidade para uma situação complexa.  Então, qual é o objetivo das frentes que se colocam para esse momento presente no Brasil: derrotar Bolsonaro ou demarcação eleitoral para 2022?  A prioridade deve ser derrotar Bolsonaro, não cabe outro alvo. As duas questões são coisas distintas, embora com consequência histórica que pode se aproximar ou se afastar de um ou outro objetivo. Isso vai depender da luta política e em quais circunstâncias a batalha se dar ou em que condições ela se dará mais adiante. Avançar o debate eleitoral vai atrapalhar a ampliação necessária.

Foto: Paulo Vinícius

O êxito dos atos do dia 2 de outubro resulta do entendimento  que a amplitude deve ser a máxima diretora do movimento. Partidos, centrais sindicais, de sindicatos mobilizados e movimentos sociais devem se despir de qualquer arroubo hegemonista para que tudo dê certo, atraindo cada vez mais pessoas às ruas do país. A tática fundamental é a busca do caminhar juntos, sem exclusivismo, com o fito de derrotar Bolsonaro, é inundar as ruas com gente. Politicamente, nossa avaliação é que ele será derrotado por amplas forças da sociedade brasileira, não só com a esquerda.

O Distrito Federal é uma lócus importante da luta contra o governo Bolsonaro. A Frente Ampla tem sido praticada pela CTB de forma responsável e consequente em conjunto de entidades que tem compromisso com a tarefa de derrotar Bolsonaro. Destacam-se, entre elas, a NSCS, Pública, CSB, Força Sindical, UGT, UBM, CBM, UJS, JS, MPS, Unegro, Direitos Já, Sindisasc, ADJC MNLM. Outro elo aglutinador dessa seara são os partidos, nessa ala estão o PC do B, PSB, PDT, Cidadania, Solidariedade, Psol, PV e Rede. Localmente, o PT, PCO, PSTU, PCB e centrais como CSP-Conlutas e CUT estão no esforço para derrotar Bolsonaro a seu modo, mas nada impede de avançarmos juntos.

Fotos: Amanda costa e Robson Camara (manifestantes tocam fogo no caixão do governo Bolsonaro)

As ruas devem ser ocupadas por todos e todas que assim exigirem. A capital do Brasil deu a mostra que é possível fazer avançar uma frente verdadeiramente popular e que não tenha medo, abrindo as portas à participação de setores de centro e até de direita que tenha compromisso com a democracia. A única pré-condição é que seja “Fora Bolsonaro”.

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil tem a exata noção do seu papel no momento presente e para a história, que é marchar unido com cada lutador e cada lutadora que se coloque à disposição da batalha. Denunciar a carestia, o derretimento do poder de compra de brasileiros e brasileiras, a alta na conta de luz e dos combustíveis derivada da política de preços do governo federal. Junta-se a esse desastre econômico, o aumento da pobreza, da desigualdade social, desemprego, perda de direitos sociais e falta de investimento em educação. Isso começa a ser identificado como insuficiência na resolução dos problemas mais urgente do país. A famigerada PEC 32 é um exemplo de destruição do Estado e dos serviços a população. Estes são temas que nos une e atrai segmentos importantes da classe trabalhadora para um enfrentamento coletivo e amplo. Sabemos o nosso lado.

As condições políticas para retirar o Bolsonaro do poder passa pela ampliação do movimento e aproximação de forças políticas de diversos matizes nas ruas e no parlamento. Ou seja, é um processo dialético cuja superação dos elementos contraditórios representam um degrau na acumulação de força.

A CTB, desde sua criação, busca unir o movimento sindical para travar as lutas de interesse da classe trabalhadoras. Isso ocorre através de política de aliança para enfrentar os desafios impingidos a manutenção de direitos e no alcance de novas conquistas para trabalhadoras e trabalhadores.

Em suma, não há hegemonia que possa sobrestar a hegemonia dos interesses do povo, da classe trabalhadora. A direção política da Frente Fora Bolsonaro tem que buscar a unidade com quem quer construir esse momento. É povo na rua. Se existe uma fórmula mágica, ela se chama amplitude. Não tem problema em conversar com quem queira somar e impingir a derrota nas ruas e nas rede sociais contra esse governo vendilhão pátria. Temos que derrotá-lo antes que destrua os mecanismos que permitam alavancar o desenvolvimento brasileiro e comprometer o futuro.

É CTB, é luta pra valer!

*Robson Camara. É secretário de educação da CTB-DF, professor, Doutor em Sociologia e mestre em Educação pela UnB. Membro da SBS, Rede ASTE e GEPT-UnB.