O Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha é um marco internacional da luta e resistência da mulher negra contra a opressão de gênero, o racismo e a exploração de classe. Instituído, em 1992, no I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, para dar visibilidade e reconhecimento a presença e a luta das mulheres negras nesse continente.
Nossa realidade contextualizada historicamente, no escravagismo, aponta que ser mulher negra no Brasil significa sofrer essa tripla discriminação, condição esta que se estrutura nas relações de trabalho. As mulheres negras estão, em sua maioria, em ocupações precárias e informais, diz o IBGE. O salário médio da trabalhadora negra continua sendo a metade do salário da trabalhadora branca. Mesmo quando sua escolaridade é similar a escolaridade de uma mulher branca, a diferença salarial gira em trono de 40% a mais para esta.
Entendendo o trabalho como essencial na manutenção das condições de educação, saúde, habitação, cultura e qualidade de vida e, substancialmente, como única fonte de renda da maioria das mulheres negras chefes famílias devemos buscar uma resposta construída na mobilização das relações políticas, buscando todo o movimento social, reafirmando a identidade, cultura, de força e resistência, igualdade e pertencimento, de nossas mulheres. Neste sentido é uma grande vitória do movimento, que teve como aliada a então ex-senadora Serys Slhessarenko (ex-PT-MT), segundo a ex-senadora e autora do texto é uma forma de criar um ícone para as mulheres negras do país. “É preciso criar um símbolo, tal como existe Zumbi dos Palmares. As mulheres carecem de heroínas negras que reforcem o orgulho de sua raça e de sua história”.
O reconhecimento do governo Dilma pela referência histórica, de luta e sabedoria de Tereza de Benguela, nos representa. Esta líder também conhecida como “Rainha Tereza”, como ficou conhecida em seu tempo, século XVIII no Vale do Guaporé, no Mato Grosso. Líder do Quilombo de Quariterê após a morte de seu companheiro, José Piolho, morto por soldados do então Governador Capitão-General da Capitania, Antônio Rolim de Moura.
Segundo documentos da época, o lugar abrigava mais de 100 pessoas, com aproximadamente 79 negros e 30 índios. O quilombo resistiu da década de 1730 ao final do século. Tereza foi morta após ser capturada, em 1770 erguendo bem alto essa bandeira com identidade de luta, de resistência, e emancipação, que chegada aos dias de hoje se desdobrará, na Marcha Nacional de Mulheres Negras.
Esta realidade se transformou em bandeira de luta e tem se constituído através da muita disposição de luta individual e coletiva junto aos movimentos sociais e movimento negro e, em especial, organização das mulheres negras. Transformar essa realidade, superar tais desigualdades e construir novos valores sociais de combate à opressão de gênero, raça e classe é o cimento social para essa sociedade justa, solidária e libertária.
É neste sentido que está em movimento todo o Brasil, as Mulheres Negras (em 18 de novembro de 2015) vão marchar em Brasília denunciando, reivindicando e fortalecendo a luta Contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver.
Mônica Custódio é secretária Nacional de Igualdade Racial da CTB.
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