Que o Brasil é um país altamente racista é fato inquestionável. Desnudar e combater as manifestações racistas faz parte do ideário de todas e todos ativistas do movimento negro brasileiro.
Todos os dias os jornais estampam notícias de jovens negros e pobres mortos pela polícia nas periferias das grandes cidades. O assassinato e o estupro de mulheres negras crescem vertiginosamente a cada ano. E não adianta se espantar, isso é realidade.
Recente levantamento do IBGE mostra que 63,7% dos mais de 13 milhões de desempregados no país são negros. Lembrando que representamos 54,9% da população brasileira, nota-se a gravidade do racismo institucional, a começar pelo mercado de trabalho.
No ano que estaremos refletindo sobre os 130 anos da Abolição, que marginalizou os seres humanos escravizados, a partir de então sem trabalho, sem terra, sem moradia, abandonados ao léu. Aos olhos da elite escravocrata só serviam para o trabalho escravo.
Já para o trabalho remunerado como determinava o nascente capitalismo, foi importada mão de obra europeia, na vã esperança de “branquear” a sociedade, como se a negritude ferisse o orgulho da classe dominante.
É exatamente essa mentalidade que dizima a população negra onde 71 em cada 100 pessoas assassinadas são negras no país. Matam a nossa juventude por única e exclusiva falta de vontade política em se avançar para uma sociedade sem discriminações, onde predomine a solidariedade.
Mas insistimos e resistimos pela nossa humanização. Permaneceremos nas ruas e nas redes em defesa da vida de nossas filhas e filhos. Precisamos fortalecer a memória de Zumbi dos Palmares no Dia da Consciência Negra (20 de novembro) em respeito aos nossos ancestrais, mas principalmente pelo direito ao trabalho e a uma vida digna com igualdade de direitos.
Mônica Custódio é secretária da Igualdade Racial da CTB.
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