11 de julho – A classe trabalhadora entra de forma organizada

Dia 11 de julho entra para a história como uma data de grandes jornadas de lutas dos trabalhadores. Convocado unitariamente pelas centrais sindicais, e com apoio de entidades populares como a UNE e o MST, o dia de luta mobilizou centenas de milhares de trabalhadores em todo o país e deu um sentido progressista ao clamor das ruas.

Diferentemente das manifestações do mês anterior, o dia 11 de julho foi bastante democrático. Os partidos políticos, as entidades populares e parlamentares puderam expressar com liberdade seus pontos de vista. Não se registraram atos de violência ou vandalismo.

A unidade ampla das centrais sindicais foi alcançada tendo como base a agenda dos trabalhadores (fim do fator previdenciário, diminuição da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário, contra o projeto de lei nº 4.330, da terceirização, etc.).

Para dialogar com as multidões que ocuparam as ruas do país nas jornadas de junho, o dia de luta também incorporou as bandeiras da reforma urbana, mais recursos para a saúde e educação e reforma agrária. A proposta de plebiscito para a realização da reforma política não obteve consenso e não constou da pauta unitária de reivindicações.

Pela amplitude, representatividade e escala nacional, as manifestações de 11 de julho se inscrevem como uma das maiores mobilizações da última década e expressa também, pelas suas características, a entrada em cena, de forma organizada e consciente, do movimento sindical brasileiro.

Depois dessa vitoriosa jornada de lutas, alguns desafios estão colocados na ordem do dia. O maior deles é a expectativa de que o governo Dilma e o Congresso Nacional consigam oferecer respostas afirmativas às demandas dos trabalhadores. Sem avanços na agenda, novos e maiores atos devem ocorrer.

Tudo isso se desenvolve em meio a uma situação complexa. A economia do país não demonstra fôlego para ter um crescimento mais consistente, o Banco Central volta a elevar a taxa de juros e a pressão pela adoção das chamadas medidas de austeridade, a pretexto de se combater a inflação, vai na contramão das reivindicações dos diversos setores sociais que ocuparam às ruas.

Do lado dos trabalhadores, a tarefa, também difícil, é preservar a unidade em meio a uma grande diversidade de opiniões sobre a conjuntura. Mas é imperioso fortalecer a luta em defesa da democracia e dos direitos dos trabalhadores e demarcar campo com as forças conservadores que querem pegar carona no movimento e impor uma agenda neoliberal ao país.

A presidenta Dilma tem tratado de forma democrática as manifestações de rua, reabriu o diálogo com as entidades representativas dos trabalhadores e do povo, mas precisa dar um passo além: atender com prioridade as forças sociais que, ao fim e ao cabo, são as principais bases de apoio para a continuidade e o aprofundamento do ciclo progressista dos últimos dez anos no Brasil.


Nivaldo Santana é vice-presidente da CTB.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.