Wagner Gomes presente, hoje e sempre

O presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Adilson Araújo, fez um emocionado discurso em homenagem a Wagner Gomes, ex-presidente e secretário geral da Central que faleceu na madrugada da última terça-feira (10), vítima de um infarto fulminante. “Wagner Gomes presente, hoje e sempre”, exclamou Araújo, cuja intervenção política é reproduzida abaixo.

Ao abrir este 5º Congresso da CTB é preciso observar que ele se realiza num ambiente de grave crise sanitária, econômica, política e institucional no Brasil. Ao mesmo tempo, vivemos um momento de conturbada transição geopolítica no mundo.

Ao lado da pandemia, a política de restauração neoliberal inaugurada pelo golpe de Estado de 2016 e radicalizada pelo governo neofascista de Jair Bolsonaro agravou a situação do país. Ela constitui, hoje, o maior obstáculo à recuperação da economia, do emprego e da renda.

O desemprego atingiu níveis alarmantes. Mais de 50% da população em idade ativa não tem ocupação, sendo condenada a uma ociosidade forçada. Isto não só configura um desperdício colossal das forças produtivas nacionais como impõe um grande sofrimento ao povo brasileiro, ampliado pelas consequências devastadoras da pandemia.

O Brasil registrou no dia 10 de agosto mais de 564 mil mortos pela covid-19, consolidando a posição de vice-campeão no fúnebre ranking das vítimas fatais da doença. A tragédia é, em larga medida, responsabilidade do líder da extrema direita. Ele promoveu um autêntico genocídio. Além do negacionismo, a política sanitária foi desvirtuada pela corrupção na aquisição de vacinas, numa trama surrealista revelada em diversos depoimentos na CPI da Covid.

Sob Bolsonaro e Pazuello o Ministério da Saúde foi transformado num balcão de negócios cuja principal mercadoria é a vida do povo. O enriquecimento ilícito teve por contrapartida a multiplicação dos óbitos por covid.

Acuado pela CPI da covid e pela crescente rejeição popular Bolsonaro refugia-se nas ameaças golpistas. Agride ministros do STF enquanto costura uma aliança com o Centrão para evitar o impeachment. Um bloco político heterogêneo em que grande parte dos integrantes são movidos por interesses particulares e pelo fisiologismo.

Os arroubos golpistas do chefe do Executivo são frequentes e os riscos de um novo golpe não devem ser subestimados. Na última terça-feira, 10 de agosto, o Brasil assistiu mais um desatino do gênero ao patrocinar um patético desfile militar em Brasília.

Bolsonaro nunca fez segredo de suas intenções e convicções antidemocráticas. É certo que ainda não reuniu forças para atingir seus objetivos fascistas, mas conforme notou o jornalista Jânio de Freitas não restam dúvidas de que procura abrir caminho em tal direção e o fará se não for impedido.

A defesa da democracia e de novos rumos para o país está na ordem do dia.

Impõe-se a formação de uma ampla frente social e política para superar a crise sanitária, econômica e política; defender a democracia; intensificar a campanha Fora Bolsonaro; afastar o genocida do Palácio do Planalto; acelerar a campanha de imunização; mudar a política econômica e promover a recuperação da economia e do emprego. É o que propõem os textos que orientam os debates do 5º Congresso da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil).

Vivemos dias de luta e um momento particularmente doloroso porque acabamos de perder o grande camarada e amigo Wagner Gomes, fundador e presidente da CTB nos dois primeiros mandatos. Dedicou sua vida à defesa das causas da classe trabalhadora. Registro nosso profundo pesar pela morte deste estimado companheiro e de dezenas de lideranças sindicais que nos deixaram durante a pandemia, em sua maioria sacrificados pela política genocida do governo. Mantemos acesa a chama da solidariedade com todas as vítimas da doença e do descaso do líder da extrema direita.

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