Solidária com Evo Morales e o povo da Bolívia, CTB condena golpe de Estado

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil condena veementemente o Golpe de Estado na Bolívia perpetrado no último domingo, 10 de novembro de 2019, contra o presidente legitimamente eleito, Evo Morales. O golpe é acompanhado de repressão, violência e autoritarismo e o alvo é sempre o povo e seus representantes nos movimentos sociais.

A instabilidade na Bolívia não interessa ao seu povo, mas sim aos EUA, que foram o gerente da orquestra golpista, à grande burguesia local, à casta militar reacionária e aos lafifundiários do país andino, lacaios do imperialismo. Evo Morales foi o primeiro representante dos indígenas eleito para a Presidência do país, após séculos de opressão e racismo. Morales fez um governo antineoliberal e anti-imperialista, marcado por nacionalizações de empresas transnacionais consumadas principalmente, e também simbolicamente, nas comemorações do 1º de Maio, Dia da Classe Trabalhadora.

Seus três mandatos à frente do Executivo boliviano propiciaram progresso e estabilidade econômica para o país, que cresceu distribuindo renda em ritmo superior aos demais países da América Latina, mas com uma orientação econômica e política abertamente hostil aos interesses imperialistas dos Estados Unidos, que – conforme denunciaram representantes do governo russo – contra a Bolívia usaram a mesma estratégia de guerra híbrida verificada no leste europeu no alvorecer do século 21.

A desestabilização no país, iniciada desde o processo eleitoral de 20 de outubro, se assemelha aos golpes já observados na região, como em Honduras (2009), Paraguai (2012) e Brasil (2016). Caracteriza-se pela conspiração contra governos progressistas da região orquestrada entre as elites nacionais e o imperialismo estadunidense, que não aceitam ver os países latino-americanos colocando em prática projetos soberanos, democráticos e populares.

A tentativa de Evo, até o último instante, em pacificar a situação no país ao acatar a recomendação da OEA e chamar novas eleições, não foi suficiente para acalmar o espírito golpista dos opositores. Em 10 de novembro, as forças armadas, fazendo eco ao golpismo da oposição neoliberal, exigiram sua renúncia, demonstrando um completo desapreço pela democracia.

A Bolívia é o país que mais cresce na região (uma média de 4,5% desde 2006), que possibilitou a redução drástica de seus índices de pobreza, analfabetismo e desemprego, que valorizou o salário mínimo, beneficiando quem mais precisa, que nacionalizou empresas e garantiu que a extração de recursos naturais fossem feitas pelo Estado. Evo, portanto, é golpeado por seus acertos, e não pelos seus erros.

O golpe faz parte da contraofensiva do imperialismo estadunidense para recompor sua hegemonia no continente americano. É deplorável e condenável a posição do governo Bolsonaro em apoio à deposição de Evo Morales, que traduz uma diplomacia vassala dos Estados Unidos que também se manifestou na recente votação contra Cuba em relação ao criminoso bloqueio imposto à ilha, rejeitado pela esmagadora maioria das nações que compõem a ONU.

A CTB, em consonância com a defesa da democracia, reafirma sua solidariedade ao povo boliviano e ao presidente Evo Morales, condena com toda energia o golpe na Bolívia e defende o imediato restabelecimento da democracia. Seguiremos na companhia dos povos da Nossa América lutando pela soberania nacional, por mais direitos, por justiça social e por democracia!

São Paulo, 11 de novembro de 2019

Direção Executiva da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)

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