Reunião da CTB em Curitiba é aberta com debate sobre a conjuntura política

Publicado 26/09/2019
A 21º Reunião da Direção Executiva da CTB – Ampliada teve início na tarde desta quinta-feira (26) em Curitiba com um vigoroso debate sobre a conjuntura. O advogado e jornalista Roberto Requião, ex-senador e ex-governador do Paraná, fez uma longa palestra sobre o tema, apontou a redução da jornada e a valorização dos salários como saídas para os impasses econômicos e despertou polêmica ao explicar que é a favor de uma frente ampla “mas com restrições” para construir uma alternativa política ao atual governo.
O presidente da CTB, Adilson Araújo, abriu a reunião afirmando que a lógica do governo Bolsonaro, subordinado ao imperialismo americano, “é descontruir ou destruir tudo que de progressista foi construído neste país, a começar pelo Direito do Trabalho. É a entrega do patrimônio público, o desmantelamento do Estado nacional, o retorno da censura, da intolerância, do autoritarismo. Nossa Central está na linha de frente da resistência e luta do povo por democracia, soberania, direitos e conquistas da classe trabalhadora.”
Previdência
Roberto Requião lembrou que a Previdência teve origem na Alemanha (recém-unificada por Bismarck), no início do século 19, como uma concessão da burguesia à classe trabalhadora para prevenir uma revolução proletária e aqui, agora, no Brasil “a aposentadoria está sendo liquidada” no âmbito de um ataque feroz contra o movimento sindical e os trabalhadores e trabalhadoras.

O ex-governador mencionou também as saídas para as grandes crises econômicas que pertubaram a Alemanha após a Primeira Guerra Mundial e os Estados Unidos durante a chamada Grande Depressão, iniciada em 1929. Em ambos os casos a solução veio através da intervenção do Estado e do combate ao desemprego.
Redução da jornada
Destacou, ainda que nos EUA, um aspecto fundamental do New Deal (programa criado pelo então presidente Franklin Delano Roosevelt para contornar os efeitos da depressão, sobretudo o desemprego em massa), foi a redução da jornada de trabalho e o aumento dos salários, ao lado dos investimentos em infraestrutura.
No Brasil o governo faz o contrário, abolindo leis trabalhistas, acabando com a política de valorização do salário mínimo, impondo a precarização, o arrocho dos salários, perseguindo duramente o movimento sindical e contribuindo com suas políticas para o desemprego e a subocupação em massa. “Temos um Estado associado aos interesses do capital financeiro e dos Estados Unidos”, ressaltou Requião.
Em sua opinião, as políticas que estão sendo impostas ao país não têm sustentação social. “Não acredito que se sustente”, disse. E complementou: “Eu não tenho dúvida de que o governo Bolsonaro já foi por água abaixo”.
Frente ampla
Ao falar sobre as táticas das forças progressistas na luta contra o governo Bolsonaro, o ex-governador declarou que defende a constituição de uma ampla frente política, “mas com limites”. Para ele, “a unidade é fundamental, mas temos de ter cuidados”, uma opinião que suscitou divergências.
Em contraposição, o secretário de Relações Internacionais da CTB, Nivaldo Santana, observou que Jair Bolsonaro é uma ameaça fascista que não pode ser ignorada e contra a qual é preciso unir o mais amplo leque de forças sociais e políticas possível, não cabendo restrições.
Citou uma famosa frase de Winston Churchill, primeiro-ministro britânico durante a Segunda Guerra Mundial, proferida supostamente para justiricar sua aliança com Stálin contra o nazismo. “Se Hitler invadisse o Inferno, eu cogitaria de uma aliança com o Demônio.”
Ao todo, 79 sindicalistas, lideranças e dirigentes da CTB de 17 estados, compareceram ao primeiro dia da reunião, que também contou com a presença do presidente da CGTB, Ubiraci Dantas Oliveira (o Bira). Os debates prosseguem nesta sexta-feira (27), quando estará em pauta a estrutura sindical, com exposição inicial de Nivaldo Santana e Magnus Farkatt, assessor jurídico da CTB.