Por Adilson Araújo, presidente da CTB
No dia 12 de dezembro de 2007, 16 anos atrás, teve início no Sesc Venda Nova em Belo Horizonte o congresso de fundação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, a CTB.
O evento, concluído dois dias depois, reuniu mais de 1500 sindicalistas de todo o país, unidos no propósito de criar uma Central classista, democrática, plural, empenhada na defesa intransigente dos direitos e interesses da classe trabalhadora e no fortalecimento da unidade no interior da classe e do movimento sindical.
Entre as bandeiras que orientaram e unificaram as diversas correntes que compõem a CTB destacam-se a da reforma agrária, fortalecimento da agricultura familiar, valorização dos assalariados e assalariadas rurais, redução da jornada de trabalho, unicidade sindical, Contribuição Sindical, ampliação dos direitos sociais, a democracia, a soberania nacional e o socialismo.
Combativa e firme na defesa de seus princípios e compromissos classistas, a CTB sempre esteve na linha de frente das lutas da nossa classe trabalhadora e das forças progressistas pela política de valorização do salário mínimo, conquistada no governo Lula, em defesa dos direitos e das reivindicações dos trabalhadores e trabalhadoras.
A luta pela igualdade e emancipação das mulheres também é uma característica relevante da Central nesta trajetória, sendo marcado já na definição do nome que alude à representação dos trabalhadores e igualmente das trabalhadoras.
Nossa Central foi a que percebeu com maior nitidez e denunciou a mobilização golpista contra o governo Dilma, que ganhou impulso já nas chamadas jornadas de junho de 2013 e acabaram resultando na deposição da primeira presidenta mulher do Brasil, que acabara de ser reeleita no final de e 2014.
Travestido de impeachment, o golpe de 2016 inaugurou uma fase de obscurantismo e retrocessos inéditos (sobretudo em matéria de Direito do Trabalho), destruindo direitos, revertendo conquistas históricas, impondo a todo custo a restauração neoliberal e trazendo de volta a fome, o desemprego em massa e a desesperança.
Com as mudanças na legislação trabalhista, tendo por medida as ideias e os interesses do patronato, o golpista Michel Temer aumentou a jornada de trabalho, enfraqueceu os sindicatos, introduziu a modalidade do trabalho intermitente e a terceirização sem limites, o que potencializou a escravidão contemporânea.
Como produto final do golpe, o fascista Jair Bolsonaro foi eleito em 2018. O governo que presidiu teve por marcas uma gestão criminosa, negacionista e genocida da saúde pública, responsável pela morte de centenas de milhares de brasileiros e brasileiras na pandemia do coronavírus; o desprezo pela soberania nacional; ataques recorrentes à democracia; e o objetivo declarado de destruir o Direito do Trabalho sob o pretexto de que o trabalhador deve escolher entre ter direitos ou emprego.
A CTB denunciou os crimes de Bolsonaro e batalhou com firmeza, ao lado das demais centrais e das forças democráticas, contra as iniciativas fascistas do seu governo.
Apesar do uso criminoso da máquina do Estado, que inclui a instrumentalização da PF e da PRF, o líder da extrema direita foi derrotado, declarado inelegível, foi denunciado por vários crimes e deve ter por destino a prisão.
Agora, no governo Lula a luta classista continua tendo por objetivo o resgate dos direitos e conquistas destruídas pelos governos Temer e Bolsonaro, a efetivação da reforma agrária, a redução da jornada de trabalho, a valorização das negociações coletivas, a defesa da Unicidade Sindical e da Contribuição Negocial, o fortalecimento do Fórum das Centrais e ampliação da unidade do movimento sindical.
Apesar das adversidades financeiras e políticas, ao longo desses 16 anos a CTB foi a Central que mais cresceu no movimento sindical brasileiro e se consolida na posição de segunda central mais representativa do país, segundo o critério estabelecido pela lei 11.648/2008, que reconheceu e normatizou a existência das centrais. No caso, o critério definido pela legislação é o de número de sindicalizados na base.
Conforme os últimos dados coletados em setembro de 2023 do Cadastro Nacional de Entidades Sindicais do MTE (CNES/MTE), a CTB conta com um total de 1.650.159 trabalhadores e trabalhadoras filiadas em sua base composta de 964 entidades sindicais regularizadas no Ministério do Trabalho.
Não restam dúvidas de que o crescimento da nossa Central classista e a posição que ocupa hoje no movimento sindical é o resultado do trabalho coerente e consequente de suas direções e da sua aguerrida militância.