Teses para o 2º Congresso da CTB – Uma conjuntura desafiadora

UNIDADE PARA ENFRENTAR A CRISE

UMA CONJUNTURA DESAFIADORA

1.1 O 2º Congresso da CTB se realiza numa conjuntura desafiadora para o sindicalismo classista, marcada pela mais séria crise do sistema capitalista internacional desde a Grande Depressão deflagrada em 1929 nos EUA. A crise resulta das contradições inerentes ao processo de produção e reprodução da sociedade capitalista, agravadas ao longo dos anos pelos déficits da economia estadunidense. A classe trabalhadora não é culpada por ela. Mas, é quem mais padece os seus dramáticos efeitos sociais, sendo castigada duramente pelo processo de demissões em massa, promovido pelos capitalistas geralmente sem justa causa; pela perda da renda e das habitações; pelo arrocho dos salários; pela redução e flexibilização dos direitos sociais.

1.2 A recessão teve início nos Estados Unidos, no final de 2007. Contagiou o resto do planeta e se transformou na crise mais global e sincronizada da história. Ao mesmo tempo em que desperta na classe trabalhadora, nas forças progressistas e no sindicalismo a necessidade de lutar por medidas emergenciais em defesa do emprego, da renda, dos direitos sociais e do crescimento, as turbulências que perturbam a economia mundial evidenciam o esgotamento do capitalismo neoliberal e a perversidade da ordem imperialista. Colocam na ordem do dia, por consequência, a luta social e política por sua superação, ou seja, por novos modelos de desenvolvimento nacional, alternativos e antagônicos ao neoliberalismo, orientados na direção do socialismo.

1.3 A depressão afeta de forma desigual as nações e continentes. Nos países mais ricos, onde avultam hoje os problemas sociais e os conflitos de classes, os governos a serviço dos grandes capitalistas adotam medidas desesperadas e radicais para salvar o sistema. Ignorando cinicamente as receitas neoliberais e a responsabilidade fiscal que advogam para os mais pobres, comprometem trilhões de dólares dos contribuintes em operações de resgate de bancos e grandes empresas falidas, incorrendo em déficits colossais e contraindo futuras crises fiscais. Para os integrantes da classe trabalhadora, os que mais sofrem, sobram migalhas e muita demagogia. Tudo isto desperta justa indignação e revolta popular.

1.4 As potências capitalistas também manobram para transferir o custo da crise às economias mais frágeis e dependentes da periferia. É neste sentido que procuram ressuscitar instituições decadentes e desacreditadas como o FMI e o Banco Mundial, cujas intervenções, feitas a pretexto de socorrer nações endividadas e pretensamente expurgadas dos erros cometidos no passado, continuam voltadas fundamentalmente para o objetivo de viabilizar o pagamento das dívidas externas e evitar maiores prejuízos à banca internacional. As transnacionais intensificaram a transferência de lucros e dividendos às matrizes. E os EUA certamente pretendem financiar com recursos externos ou inflação o crescente rombo nas contas públicas (de quase US$ 2 trilhões neste ano) que estão produzindo com o intuito de impedir o colapso completo do seu corrompido sistema financeiro. Todavia, por força do desenvolvimento desigual das nações e do progressivo declínio do poderio econômico do “império”, a crise abre novas oportunidades para as chamadas economias emergentes, sobretudo para o grupo que ficou conhecido como BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), que se bate contra o unilateralismo estadunidense e já advoga abertamente a substituição do dólar como moeda padrão das relações econômicas internacionais. Neste sentido, a crise recolocou na ordem do dia a necessidade de um novo Sistema Monetário Internacional (SMI), que passa pelo fim da supremacia do dólar e da hegemonia americana, abrindo caminho a uma nova ordem econômica internacional, sem FMI e quem sabe mais solidária, sustentável e não imperialista. A rápida ascensão da China é o fenômeno econômico que respalda este movimento.

A LUTA PELO EMPREGO

1.5 Embora o pensamento dominante sustente que o pior foi evitado, o fato é que os Estados capitalistas revelam-se impotentes frente à recessão, que até agora tem se mostrado indiferente às intervenções governamentais e ainda não cedeu.

1.6 A contrapartida lógica da queda da produção no capitalismo é o avanço impiedoso e avassalador do desemprego. Nos EUA, desde setembro de 2008, mais de 500 mil postos de trabalho são destruídos a cada mês. Em junho já existiam mais de 16 milhões de desocupados, número que deve crescer consideravelmente até o final deste ano, quando a taxa oficial de desemprego deve ultrapassar 10%. A OIT (Organização Internacional do Trabalho) estima que 50 milhões de trabalhadores e trabalhadoras devam engrossar o exército de desempregados no mundo ao longo deste ano, elevando-o a cerca de 240 milhões. Os imigrantes sofrem proporcionalmente bem mais, já que são vítimas da intolerância, da discriminação capitalista no mercado de trabalho e da xenofobia, realimentada pelas dificuldades econômicas. Submetidos a empregos precários, com jornadas extenuantes, baixos salários e ausência de direitos, eles encabeçam as listas de demissões em massa. No Japão milhares de brasileiros decasséguis perderam o emprego e foram desalojados, sendo forçados a retornar ao Brasil ou morar debaixo dos viadutos, merecendo do governo capitalista (que destinou centenas de bilhões de dólares aos bancos e grandes empresas) uma “ajuda” para deixar o país que foi interpretada pelos trabalhadores como uma oferta de deportação, a título de misericórdia.
  
1.7 A classe trabalhadora, seus representantes e organizações não se limitam a contemplar esses acontecimentos com indiferença. Reagem com maior ou menor vigor nos diferentes países em defesa de seus interesses. Geralmente sob a liderança dos sindicatos e partidos de esquerda, milhões de trabalhadores e trabalhadoras vêm sendo mobilizados em greves, manifestações de rua e ocupação de empresas, nas quais clamam e lutam para que se faça justiça, para que o ônus da crise seja descarregado sobre as costas dos ricos capitalistas, que afinal são responsáveis por ela, e que as famílias operárias sejam poupadas de novos e maiores sofrimentos.

1.8 Sinais de intensificação das lutas sociais são visíveis em todos os continentes. Cabe destacar a greve geral e passeatas que levaram mais de 3 milhões de franceses às ruas no dia 19 de março; a mobilização de 200 mil em Lisboa (13-3) sob a liderança da CGTP; o exitoso 1º de Abril – Dia Internacional de Luta pelos Direitos Trabalhistas e Contra a Exploração, convocado pela FSM (Federação Sindical Mundial), marcado por atos públicos e greves em mais de 45 países. No Brasil, a manifestação foi antecipada para 30 de março a fim de garantir a participação unitária de todas as centrais (inclusive Intersindical e Conlutas) e demais organizações dos movimentos sociais e mobilizou dezenas de milhares em São Paulo e nos demais Estados dia 30-3.

1.9 O movimento sindical tem desempenhado um papel de destaque nessas lutas, apesar de suas notórias debilidades. A unidade potencializa sua força, como demonstra o exemplo da França, onde as oito centrais caminharam juntas na greve geral realizada em 19 de março, que por esta e outras razões foi apoiada por 79% da população, e pela primeira vez em muitos anos realizaram manifestações unitárias no 1º de Maio, reunindo cerca de dois milhões de pessoas. Cabe destacar o 1º de Maio em Cuba, que reuniu cerca de 500 mil pessoas em Havana para comemorar os 50 anos da revolução socialista e os 70 anos de fundação da CTC (Central dos Trabalhadores Cubanos), e na Turquia, onde as lideranças sindicais e a classe trabalhadora enfrentaram corajosamente a truculência da polícia arregimentada pelo governo, que usou gás lacrimogêneo e prendeu de 580 manifestantes, mas não conseguiu evitar o protesto no dia internacional da classe trabalhadora.

1.10 A crise cria a oportunidade de um protagonismo maior da classe trabalhadora e do sindicalismo nas lutas políticas nacionais, tanto em seus desdobramentos imediatos quanto futuros, na medida em que exige uma mobilização imediata em defesa do emprego e, ao mesmo tempo, coloca em questão as políticas neoliberais, os modelos econômicos hegemônicos e, em perspectiva, o próprio capitalismo.

1.11 O desafio que se coloca para o sindicalismo e as forças políticas identificadas com os interesses da classe trabalhadora, neste momento, é consolidar e ampliar a unidade alcançada e intensificar a mobilização e as lutas em defesa do emprego, dos salários e dos direitos, interligando-as com a batalha por transformações políticas mais profundas, por um novo projeto nacional e pelo socialismo.

O SOCIALISMO É NOSSA BANDEIRA

1.12    O capitalismo não pode evitar as crises e nos marcos deste sistema de exploração e opressão humana as saídas para perturbações econômicas da espécie atual não são progressistas, bastando lembrar a este respeito que a depressão americana que atravessou os anos 1930 desembocou, em 1939, na 2ª Guerra Mundial. É hora, portanto, de revigorar a propaganda do socialismo, sistema social que a CTB, como central orientada por concepções classistas, contempla entre seus princípios e objetivos estratégicos; uma bandeira que também está estreitamente associada à luta pela paz, contra o imperialismo e por uma nova ordem econômica e política mundial, baseada na solidariedade, na sustentabilidade, no respeito à autodeterminação das nações e na solução pacífica das contradições e conflitos entre as nações.
     
1.13    A crise do capitalismo não é apenas econômica, é também uma crise ideológica. A suposição de que o mercado é dotado de racionalidade e capacidade intrínseca de auto-regulação revelou-se falsa, foi desmentida pelos fatos. Para transformar a desmoralização do neoliberalismo em vitória política da classe trabalhadora e seus aliados será imprescindível muita mobilização e luta para alterar a correlação de forças, que ainda hoje é francamente favorável ao capital.

1.14    O resultado das eleições para o Parlamento Europeu, marcado pelo avanço da extrema direita, é significativo a este respeito. Revela que a crise não se desdobra automaticamente num avanço das forças progressistas. Está em curso uma tendência à polarização, na qual emerge a vocação histórica das classes dominantes e do imperialismo ao reacionarismo político e ao fascismo, que no passado resultou numa grande tragédia humana e hoje se transforma a olhos vistos numa perigosa sombra sobre o futuro. A crescente e odiosa intolerância contra trabalhadores e trabalhadoras imigrantes, estimulada pelos representantes do capital financeiro, pavimenta o caminho para a ascensão do neonazismo e tem que ser combatida com energia pelas forças e governos progressistas. A orientação racista do Parlamento Europeu, que no dia 18 de junho de 2008 aprovou lei que autoriza a prisão e expulsão de imigrantes, institucionaliza e estimula a intolerância, traduzindo a guinada das classes dominantes ao obscurantismo antidemocrático e à reação exacerbada. As lições da história não devem ser olvidadas. O perigo que o avanço da extrema-direita representa para a civilização e os direitos humanos não podem ser negligenciados pelos que prezam a democracia e a paz.     

1.15    Nas atuais circunstâncias, cresce também a necessidade de reforçar os laços de solidariedade internacional entre os trabalhadores e trabalhadoras. Neste caminho, a CTB deve contribuir para o fortalecimento e ampliação da FSM (revitalizada pelos atos do 1º de Abril), assim como para a realização exitosa do 2º Encontro Sindical Nossa América, convocado para setembro deste ano em São Paulo. Nossa Central deve também emprestar sua solidariedade aos assalariados de todo o mundo que estão sofrendo os efeitos da crise capitalista, denunciar e repudiar a xenofobia e a discriminação de imigrantes, cobrar respeito e proteção social aos brasileiros decasséguis no Japão.

CONJUNTURA NACIONAL

1.16    Embora em melhor situação que noutros momentos da história, ancorada em reservas equivalentes a cerca de US$ 200 bilhões, a economia brasileira não ficou à margem da recessão exportada pelos EUA. O ciclo de expansão do PIB chegou ao auge no primeiro semestre de 2008 (com a taxa de crescimento alcançando 6% e o emprego formal evoluindo em ritmo compatível), mas foi subitamente interrompido no último trimestre do ano, quando a produção encolheu 3,8% e as empresas começaram a demitir.

1.17    Os patrões intensificaram sua ofensiva contra a classe trabalhadora, pretextando dificuldades reais ou artificiais para impor acordos com redução de salários e flexibilização de direitos, além de dispensas arbitrárias que resultaram na destruição de centenas de milhares de postos de trabalho na cidade e no campo e elevação da taxa de desemprego. O clima das campanhas salariais em 2009 ficou nublado para os sindicatos, as modestas conquistas obtidas nos últimos anos, incluindo aumentos reais que infelizmente não acompanharam o avanço da produtividade do trabalho, estão agora sob ameaça.

1.18    O governo Lula não seguiu as políticas que tradicionalmente eram impostas ao Brasil e à América Latina em momentos como este. Desprezou as dietas recessivas do FMI e em vez de arrocho fiscal reduziu o superávit primário e ampliou os investimentos públicos; manteve o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento); lançou um programa de habitação popular (com a meta de produzir 1 milhão de novas residências); fortaleceu os bancos públicos; buscou ampliar o crédito e adotou outras medidas de estímulo à economia.

1.19    São iniciativas positivas, mas insuficientes para garantir o emprego e sustentar o crescimento. A política macroeconômica ainda mantém um forte viés neoliberal nas áreas monetária (com excessiva autonomia para o Banco Central, cujo presidente serve aos interesses da oligarquia financeira); fiscal (restringida pelo superávit requerido pelo pagamento de juros extorsivos), assim como câmbio e balanço de pagamentos (câmbio flutuante, liberalidade na remessa de lucros e fluxo de capitais. O governo também deixa a desejar quando não condiciona o socorro a empresas em dificuldade a contrapartidas sociais como a manutenção e ampliação do nível de emprego. O Estado nacional ainda está subordinado aos interesses dos grandes capitalistas do campo e das cidades.    

NOVO     PROJETO NACIONAL:
DESENVOLVIMENTO COM VALORIZAÇÃO DO TRABALHO

2.1    A CTB foi pioneira na identificação da crise e, desde a primeira nota que divulgou a respeito do tema (em setembro), vem defendendo a mobilização, resistência e luta da classe trabalhadora em defesa do emprego, dos salários e dos direitos. Opôs-se a propostas oportunistas de redução de salários (acopladas à redução da jornada) e flexibilização de direitos. Liderou e participou de manifestações solidárias e unitárias contra as demissões. Reivindicou e reivindica dos poderes públicos, especialmente do governo Lula, medidas urgentes em prol dos trabalhadores e da economia nacional.

2.2    O lema do 2º Congresso da CTB, “Unidade para enfrentar a crise”, reflete uma preocupação primordial no momento. Ações conjuntas das centrais sindicais, em ampla aliança com as demais organizações dos movimentos sociais, sociedade civil e forças políticas progressistas, potencializam a intervenção e elevam o protagonismo da classe trabalhadora na luta política. Por esta razão, não se deve medir esforços na busca da unidade nas ações e mobilizações concretas.

2.3    Com o intuito de elevar o protagonismo da classe trabalhadora (consolidar e ampliar a unidade alcançada no dia 30 de março) a CTB ou defende a realização de uma nova Conclat (Conferência Nacional da Classe Trabalhadora), reunindo representantes das centrais, confederações, federações, sindicatos e respectivas bases, sem discriminações. O encontro de milhares de lideranças do sindicalismo nacional deve ter por objetivo definir uma agenda de ações e lutas conjuntas (agenda da valorização do trabalho) bem como uma plataforma unitária da classe trabalhadora, tendo em vista a intervenção nas eleições de 2010.

2.4    O fracasso dos modelos neoliberais realça a necessidade de mudanças políticas e sociais mais profundas no Brasil e no mundo, trazendo à ordem do dia a luta por um novo projeto de desenvolvimento nacional, com soberania e valorização da classe trabalhadora, aprovado e proposto à sociedade pela nossa Central no congresso de fundação (realizado em dezembro de 2007 em BH). Tal projeto compreende um novo modelo de desenvolvimento para o setor rural, sustentável e solidário, com fortalecimento da agricultura familiar e reforma agrária.

2.5    A própria experiência histórica revela que a valorização do trabalho, além de responder a uma justa demanda social, é um caminho eficaz do ponto de vista econômico para fortalecer o mercado interno, expandindo o consumo das massas, estimulando o comércio e, por consequência, a produção. O aumento real do salário mínimo, associado ao Bolsa Família, a elevação do nível de emprego e da massa salarial (ainda que não signifique o aumento do salário real médio nem tenha melhorado a distribuição funcional da renda), assim como a manutenção do investimento na recuperação dos concursos e plano de cargos e carreira do funcionalismo público, não só contribuíram decisivamente para o crescimento do PIB nos últimos anos como também suavizaram os efeitos da crise no Brasil.

2.6     A recessão por aqui não é tão severa quanto nos EUA, Europa (especialmente os países do leste, atolados em dívidas externas) e Japão. Isto se deve ao fortalecimento do mercado doméstico propiciado pela valorização do trabalho, conforme reconhecem muitas autoridades e economistas e atestam estatísticas recentes do IBGE. Outro fator que contribuiu para este efeito foi a política externa soberana praticada pelo Itamaraty que, em contraste com a diplomacia dos pés descalços do governo FHC, diversificou o destino das exportações brasileiras, intensificou o comércio com a América Latina, Ásia, África e Oriente Médio, tornando nosso país menos dependente dos mercados norte-americano e europeu, o que reduziu os impactos da crise internacional, ao lado do colchão formado pelas reservas internacionais. Em abril deste ano, a China se transformou na maior parceira comercial do Brasil, deslocando os EUA, que mantinham o primeiro lugar neste terreno desde 1930. As situações do México, que amarrado ao Nafta e dependente do império caiu em depressão e pediu socorro ao FMI (recebendo empréstimo de US$ 46 bilhões), e também do Canadá, que pertence ao Nafta e deve amargar uma queda cavalar do PIB neste ano (-6%), são ilustrativas. Não restam dúvidas de que se a ALCA tivesse vingado as coisas por aqui estariam bem piores.
 
COMBATE SEM TRÉGUAS À DISCRIMINAÇÃO

2.7    Conforme assinala o documento que expõe em linhas gerais o esboço de um projeto nacional alicerçado no “desenvolvimento com soberania e valorização da classe trabalhadora” (aprovado no Congresso de fundação da CTB), para avançar no sentido de um novo projeto de nação é imprescindível combater com energia e intransigência todas as formas de discriminação e preconceito, cabendo em particular ao movimento sindical conferir maior ênfase à luta pela igualdade no mercado de trabalho brasileiro, profundamente marcado pela discriminação contra mulheres, negros, jovens e homossexuais. Salário igual para igual trabalho é a nossa bandeira. A discriminação é usada de forma descarada pelo patronato para elevar a taxa de exploração da classe trabalhadora, porém cumpre ressalvar que o problema é mais amplo do que se pode imaginar, tem suas particularidades e não se restringe às relações entre capital e trabalho. A discriminação, que em nosso caso tem relação com o histórico da formação social brasileira (patriarcal e escravista), é forte inclusive no interior do movimento sindical e precisa ser combatida também nesta esfera.

2.8    Mulheres, negros e jovens constituem o contingente da população trabalhadora mais sujeito ao desemprego, aos baixos salários, à precarização, à violência. Reserva-se à mão de obra feminina um lugar subalterno na divisão social do trabalho, funções precarizadas e muito mal remuneradas, como é o caso do emprego doméstico. Os negros sofrem ainda mais, Além dos preconceitos e da odiosa discriminação cultural de que continuam sendo vítimas ganham bem menos que os brancos mesmo quando exercem as mesmas funções. Os jovens amargam uma taxa de desemprego muito superior à média, de 44,7% em 2007, segundo estimativas do Dieese. Para as jovens mulheres a taxa chega a 56%, enquanto para os negros é de 55,9%. Mais de 50% dos jovens empregados recebem até dois salários mínimos.

2.9    É evidente que o capital lucra com a discriminação e esta, de resto, também funciona como um fator de divisão entre os explorados. Na Europa, a direita capitalista procura culpar os imigrantes pela crise, disseminando intolerância e xenofobia, matérias-primas do neofascismo. A emancipação da classe trabalhadora não se completará sem a emancipação das mulheres e negros, o resgate dos jovens e o fim das intolerâncias, discriminações e preconceitos. Os sindicatos não devem medir esforços para envolver e representar este numeroso contingente da classe na luta, criando secretarias e departamentos específicos e desenvolvendo campanhas recorrentes contra a discriminação, pela igualdade e a valorização do trabalho de mulheres, negros, jovens e homossexuais.

DEFESA DO MEIO AMBIENTE

2.10    A temática do desenvolvimento aliado à preservação ambiental emerge como uma das principais questões da atualidade. A Natureza tem sofrido as consequências da produção capitalista, fundada na maximização dos lucros e na anarquia dos mercados, com uma série de efeitos danosos ao meio ambiente, entre as quais o agravamento do efeito estufa, que promove o aquecimento da Terra, o degelo polar e a elevação dos níveis do mar. O impulso atávico do capitalismo à expansão sem fronteiras e sem limites conduz ao esgotamento da força de trabalho e dos recursos naturais.

2.11    A bandeira da preservação ambiental e do desenvolvimento sustentado deve estar presentes, com grande destaque, nos programas do movimento transformador de nosso tempo. A CTB deve levantar com firmeza esta bandeira, que tem sentido estratégico e tático para a construção do socialismo, defender a qualidade de vida com a preservação dos elementos da Natureza (água, ar, solo, biodiversidade, equilíbrio climático, além de outros). O modo capitalista produção e distribuição é o principal responsável pela destruição da vida na Terra.

2.12    A realidade imposta pelo atual modelo de produção e consumo, que tanto no campo quanto nas cidades não considera a sustentabilidade do planeta, está evidenciada no aquecimento global e nas recorrentes catástrofes ambientais, que revelam a forma predatória da ação humana (capitalista) sobre o meio ambiente. Estes efeitos exigem urgentes redirecionamentos de práticas e atitudes, tanto nos processos produtivos como nos modos de vida das pessoas, existindo descaso do governo com a questão ambiental.

2.13    Ao contrário do que supõe a ideologia neoliberal, que faz apologia da depreciação dos salários e direitos, é preciso reiterar que as bandeiras do trabalho são, em si, bandeiras do desenvolvimento. O novo projeto de nação deve enfatizar o combate às desigualdades sociais e a todos os tipos de discriminação, assim como o respeito ao meio ambiente.

PROJETO ALTERNATIVO PARA O CAMPO –PADRSS

2.14    Destacadas lideranças do sindicalismo rural participaram da fundação da CTB, que já nasceu forte neste setor e com o firme compromisso de ampliar a unidade da classe trabalhadora urbana e rural, sendo esta composta pelos agricultores familiares e os assalariados do campo. O projeto nacional da CTB, fundado na valorização do trabalho, na soberania, na igualdade, na solidariedade e na sustentabilidade, compreende também o Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS) da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura).

2.15    As bandeiras e concepções da CTB foram vitoriosas no 10º Congresso da Contag, o que se traduziu igualmente na composição da sua nova diretoria. Cabe destacar, entre essas bandeiras, a unicidade sindical, que no campo pressupõe a representação unitária de assalariados e agricultores familiares. Não se pode admitir uma posição dúbia e oportunista a este respeito, sob pena de estimular a divisão promovida pelos que querem impor a separação a qualquer custo, criando entidades que disputam a representação exclusiva dos trabalhadores da agricultura familiar, com certo apoio do governo, e propondo a criação de entidades para representação exclusiva dos assalariados. O divisionismo conspira contra a unidade, enfraquece a luta da classe trabalhadora e deve ser denunciado e repudiado sem evasivas.

2.16     O PADRSS proposto pela Contag preconiza um novo modelo de desenvolvimento para o campo, associando crescimento econômico com justiça social, a convivência harmoniosa com o meio ambiente e uma sociedade em que o ser humano seja um cidadão ou cidadã capaz de desenvolver plenamente todas as suas potencialidades, em vez de um mero consumidor de mercadorias. É um projeto alternativo e oposto ao do chamado agronegócio, cujos interesses, representados no Congresso pela reacionária bancada ruralista, orientam em grande medida a política agrária do atual governo.

2.17    Conforme sublinha a análise de conjuntura aprovada pelo 10º Congresso da Contag, há um conflito permanente entre os diferentes modelos de desenvolvimento no campo, que refletem contradições de classes: por um lado, temos o agronegócio, que se baseia no monocultivo para exportação, degradação ambiental, concentração das terras, brutal exploração dos assalariados e altos investimentos em mecanização, com o objetivo de reduzir custos com mão de obra. Do outro lado, a agricultura familiar se organiza por meio da ampliação de ocupações produtivas, diversificação da produção que potencialmente é menos danosa ao meio ambiente, além de produzir principalmente alimentos e para o mercado interno, com impactos importantes na redução da exclusão social e produtiva da população. Aliado com essas interesses estão os assalariados do campo. Portanto, a base social do PADRSS, que representa os interesses da classe trabalhadora, é antagônica ao do agronegócio, que traduz os interesses do velho e do moderno latifúndio.

2.18    A prevalência dos interesses dos grandes capitalistas do campo na política econômica do atual governo transparece na distribuição do crédito rural. O crédito destinado ao agronegócio corresponde a quase 80% dos recursos públicos direcionados à agricultura. Enquanto o Pronaf conta com R$ 13 bilhões para o financiamento da agricultura familiar, a agricultura patronal teve um aporte de recursos de R$ 65 bilhões. Mesmo assim, no processo de renegociação das dívidas da agricultura brasileira, o governo revelou que 83% do total de inadimplentes estão no agronegócio. É importante ressaltar que agricultores e agricultoras familiares têm encontrado mais dificuldades nas linhas de crédito e percebendo que existem muitas desigualdades no acesso às fontes de financiamento da produção.

2.19    Segundo dados do Projeto de Cooperação Técnica Incra/FAO, a agricultura familiar representa 85,2% do total dos estabelecimentos, que ocupam 30,5% da área total e são responsáveis por 37,9% do Valor Bruto da Produção Agropecuária Nacional. Isto significa dizer que 52% da pecuária de leite, 58% dos suínos, 40% das aves e ovos, 72% da cebola, 97% do fumo, 49% do milho, 67% do feijão, 84% da mandioca, 32% da soja, 31% do arroz, 58% da banana, 27% da laranja, 25% do café e 47% da uva são produzidos nos estabelecimentos da agricultura familiar. Estes dados são significativos e confirmam a importância da agricultura familiar na economia brasileira.     A ideia de que a agricultura familiar se resumia a uma atividade de subsistência não tem correspondência na realidade.

2.20    O fortalecimento do agronegócio estimula a participação de estrangeiros no setor, atraídos pelos preços das terras brasileiras, que ainda são baixos se comparados com a realidade internacional, prejudicando assim os trabalhadores e trabalhadoras rurais. Este avanço se dá nas terras de melhor qualidade e impede a reforma agrária porque investe sobre propriedades que poderiam ser destinadas a assentamentos e reassentamentos. Nesse momento de crise mundial, o Brasil aparece como um “celeiro de oportunidades”, a maior fronteira agrícola do mundo, com uma vasta extensão de campos férteis, o que representa um potencial de crescimento da produção. Este processo alcança, ainda, a exploração mineral, ameaçando a soberania nacional.

2.21    Os assalariados do campo são submetidos a uma exploração brutal e a uma situação degradante. As condições de trabalho praticadas no setor sucroalcooleiro, em especial nas atividades de plantio e corte da cana, na maioria das vezes ignoram as legislações trabalhista e previdenciária. Multiplicam-se as denúncias de trabalho degradante e escravo.  A terceirização e a migração de trabalhadores e trabalhadoras, sem a observância das exigências legais, o transporte inadequado, a contaminação pelo uso intensivo de agrotóxicos e alimentação de baixa qualidade, são outros aspectos da exploração a que estão submetidos os assalariados e assalariadas rurais. O trabalho é altamente insalubre e a remuneração pela produção, predominante, induz à intensificação desumana do ritmo de trabalho e leva a uma superexploração dos trabalhadores e trabalhadoras, que chegam ao extremo de morrer por exaustão no corte da cana.

2.22    Essas condições nocivas são perpetuadas em especial pela falta de estrutura de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, que não é suficiente para fiscalizar adequadamente todos os locais de trabalho, resultando em grandes prejuízos para os trabalhadores e trabalhadoras.

2.23    Em aliança com a Contag, a CTB deve promover, junto à sociedade e também em âmbito internacional, uma campanha de denúncias de trabalho escravo, desrespeito à legislação trabalhista e descumprimento dos acordos e convenções coletivas, como forma de pressionar as esferas de governo responsáveis pela fiscalização e aplicação das políticas públicas.

2.24    Entre as principais reivindicações da Contag e da CTB em defesa dos assalariados rurais estão: elevação da escolaridade formal; qualificação e requalificação profissional; reinserção dos trabalhadores que perderem seus postos de trabalho; estabelecimento de regras para os financiamentos públicos e privados que assegurem o cumprimento de metas de proteção social e ambiental; assegurar que a Petrobrás exija certificação social e ambiental de seus fornecedores de etanol; fornecimento de alimentação gratuita; cumprimento da legislação trabalhista e previdenciária; estabelecimento de regras para o trabalho por produção; respeito à jornada de trabalho; eliminação da terceirização na contratação de mão-de-obra; cumprimento dos acordos e convenções coletivas de trabalho; acesso dos sindicatos aos locais de trabalho e organização por local de trabalho.

2.25    A reforma agrária continua sendo uma política fundamental para romper com o desenvolvimento excludente, eliminar as desigualdades e para responder à necessidade de aumentar a produção de alimentos. No entanto, o governo Lula não avançou na equalização da questão fundiária nacional. Não enfrentou questões estruturais ou conjunturais, a exemplo da norma de atualização dos índices de produtividade e da que impede desapropriação de terras ocupadas. A ação do Incra não responde às demandas no ritmo e qualidade exigidas. O Incra não disponibiliza assessoria para dar suporte ao atendimento Dos trabalhadores e trabalhadoras rurais.

2.26    De acordo com dados do Incra, em 2006 foram assentadas 127,5 mil famílias e em 2007 apenas 67,5 mil famílias. Além de estes números serem inferiores às metas anunciadas pelo Governo, são questionados pelo Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR), pois se referem à “Relação de Beneficiários” e não de assentados efetivos. Também revelam que em vez de avançar a política de reforma agrária vem retrocedendo, não respondendo em quantidade ou qualidade, como no caso da política de assessoria técnica que deixou muito a desejar. O MSTTR tem apontado para o exagero nos números oficiais de assentamentos, que incluem como assentadas famílias que são objeto de outras ações do Incra.

2.27    O Poder Judiciário tem caráter conservador e é parcial em favor do latifúndio e contra a reforma agrária, o que historicamente tem provocado a impunidade e ao aumento da violência no campo. Suas decisões e ou omissões causam entraves ao acesso das políticas públicas destinadas aos trabalhadores e trabalhadoras rurais. Em aliança com as entidades do Sistema Contag, a CTB deve promover uma marcha em Brasília pela Reforma Agrária.

2.28    O Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, coordenado pela Contag, vem desempenhando um papel importante na mobilização dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, mantendo uma postura firme e autônoma no embate de forças, pressionando o governo para que atenda aos interesses da população, em detrimento das posições representadas pelo capital.

2.29    O Grito da Terra se transformou na data base para os trabalhadores e trabalhadoras rurais, conquistando na sua trajetória importantes avanços para a categoria. A organização das mulheres, por meio da Marcha das Margaridas, cresceu em número de participantes e avançou nas conquistas de políticas públicas para as trabalhadoras rurais do Brasil. O 1º Festival Nacional da Juventude Trabalhadora Rural reuniu milhares de jovens trabalhadores rurais do Brasil e pautou no governo a implementação de políticas públicas específicas que contemplem a juventude do campo.

PAPEL DO ESTADO E REFORMAS ESTRUTURAIS

2.30    A crise realça a necessidade de fortalecer o Estado nacional numa perspectiva popular, conferindo-lhe um novo papel, em oposição à falsa ideia de Estado mínimo neoliberal. É imperioso ampliar a regulação e o controle do chamado mercado, caminhar para a estatização do sistema financeiro; ampliar os investimentos públicos, priorizando obras de infra-estrutura, a educação e o SUS, com construção de novas unidades públicas de saúde que garantam a universalidade e igualdade no atendimento; criar novas estatais; universalizar os serviços e políticas públicas, assim como os direitos sociais, recuperar na integralidade os benefícios da Previdência, valorizar e ampliar o quadro de servidores públicos, resgatando o desenvolvimento e crescimento profissional na carreira, revogar a Lei de Responsabilidade Fiscal, acabar com a lógica do superávit primário e cortar substancialmente as despesas com juros.

2.31    Ao mesmo tempo em que batalham pelas reivindicações específicas das categorias que representam, as organizações sindicais dirigidas pela CTB devem apresentar propostas de políticas públicas para seus respectivos ramos e setores, além de exigir mais verbas para atender as demandas sociais, o que também pressupõe maior intervenção do Estado na economia. Como força de vanguarda, a classe trabalhadora deve contemplar os interesses do conjunto da sociedade contrariados pelo capitalismo neoliberal. Neste sentido, é indispensável lutar por reformas estruturais no Brasil.

2.32    A necessidade de uma reforma educacional progressista, ancorada no ensino laico, público e gratuito, não deve ser postergada. A educação desempenha um papel estratégico insubstituível no desenvolvimento das nações nos planos econômicos, político e ideológico. Reconhecendo este papel, o projeto do movimento sindical para a nação deve intensificar a histórica luta pela educação pública e gratuita de boa qualidade em todos os níveis, combatendo a transformação da educação em mercadoria e batalhando também pela criação do Sistema Nacional de Educação, implementação e aperfeiçoamento do Plano Nacional de Educação, assim como por medidas específicas que visem a elevação do grau de escolaridade do povo brasileiro, em especial da classe trabalhadora, em curto e médio prazo. Neste sentido, cabe destacar a proposta da CTB de destinar parte da jornada remunerada do trabalhador para atividades associadas à educação e formação, a exemplo do revolucionário projeto das 150 horas anuais adotado na Itália em 1973.
 
2.33    A educação e, especialmente, os investimentos em ciência, pesquisa e tecnologia, vão determinar o padrão relativo da produtividade do trabalho nacional e serão fundamentais para atualizar o aparelho produtivo, capacitando-o a acompanhar os avanços dos países que estão na fronteira do progresso técnico. O novo modelo de desenvolvimento deve promover a produção de bens e serviços de maior valor agregado e alto conteúdo tecnológico, o que não ocorrerá sem um sensível aumento dos investimentos (estatais, principalmente) em educação, ciência, tecnologia e pesquisas. Neste sentido, o Estado também deve promover as condições para que os jovens possam ingressar no mercado do trabalho somente após a conclusão do ensino superior. O crescimento das forças produtivas na atualidade pressupõe, a cada dia mais, o desenvolvimento de sua componente mais dinâmica, a força de trabalho ou, em outras palavras, o desenvolvimento intelectual espiritual do ser humano. A CTB entende que a valorização dos profissionais da educação é também uma condição para avançar na direção de uma educação de qualidade, compreendendo melhores condições de trabalho e salários, além de implantação imediata do Piso Salarial Profissional para o magistério da educação básica, que foi aprovado por unanimidade no Congresso Nacional.

2.34     A Conferência Nacional da Educação, convocada para 2010, será um marco histórico para a educação brasileira. Pela primeira vez a sociedade brasileira terá um espaço democrático de participação na construção de políticas públicas. Também é a primeira vez que o Estado brasileiro, em caráter institucional, convoca uma atividade desse porte.  O tema da CONAE, “Construindo um Sistema Nacional Articulado de Educação: Plano Nacional de Educação, suas diretrizes e estratégias de ação”, objetivam o estabelecimento de bases teóricas para a construção de um novo PNE, que substituirá o que está em vigor, a partir de 2011. Será uma oportunidade ímpar de promover um debate nacional e representativo, capaz de viabilizar a criação de um verdadeiro sistema nacional articulado de educação – bandeira histórica do movimento progressista nacional – baseado na defesa da educação como direito de todos, um bem público e um dever do Estado, que deve garantir a regulamentação do setor privado a fim de combater a mercantilização e a desnacionalização da educação em nosso País. É indispensável a participação da CTB nesse processo.

2.35    É fundamental levar a cabo a reforma agrária, associada a medidas que assegurem educação laica, pública e de qualidade, qualificação profissional, cultura, lazer, assistência técnica e fortalecimento da agricultura familiar, bem como medidas para garantir a soberania alimentar e energética.

2.36    Cabe também salientar a necessidade de uma profunda reforma urbana, com ênfase no enfrentamento do déficit habitacional e construção de moradias populares, transportes públicos e eficientes; de uma reforma política democrática, sem cláusulas de barreira, com voto proporcional em lista partidária e financiamento público de campanha para coibir a corrupção e a influência deletéria do poder econômico; uma reforma tributária progressiva, fundada prioritariamente sobre tributos diretos, imposto sobre as grandes fortunas, desoneração do trabalho e maior taxação do capital e da grande propriedade rural, dos lucros financeiros e das remessas de lucros e dividendos ao exterior. A CTB rechaça o projeto de reforma tributária encaminhado pelo governo Lula ao Congresso Nacional (que é tímido, preserva o caráter altamente regressivo do sistema tributário nacional e ameaça o financiamento da seguridade social), ao mesmo tempo em que reitera a luta contra a DRU (Desvinculação das Receitas da União).

2.37    O pleno emprego deve ser transformado em meta do Estado nacional, compreendendo medidas emergenciais para combater o desemprego, inclusive abertura de frentes de trabalho ligadas a obras de infra-estrutura; a redução constitucional da jornada de trabalho sem redução de salários; o condicionamento dos favores públicos concedidos às empresas (fiscais, creditícios ou de outra natureza) a contrapartidas sociais como manutenção e ampliação do emprego e respeito aos direitos sociais.

2.38    A CTB deve dar maior ênfase à luta pela formalização do mercado de trabalho e coibição da liberdade abusiva que o patronato hoje dispõe para demitir, de forma a reduzir sensivelmente a precariedade e o grau de rotatividade da mão-de-obra, que no Brasil atinge 40% dos ocupados, um dos mais elevados do mundo. Isto exacerba a alienação do trabalho e cria uma realidade nociva e adversa para a organização sindical, bem como para a conscientização e formação de uma identidade de classe entre os trabalhadores e trabalhadoras.

2.39    Os grandes capitalistas promovem demissões em massa (como na Embraer, CSN, Bosch, Vale, GM, entre outras empresas) sem consultar os sindicatos e sem apresentar qualquer justificativa plausível. A restrição do livre arbítrio patronal neste terreno passa pela ratificação e aplicação da Convenção 158 da OIT, a aprovação de lei complementar que garanta uma “relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa”, preconizada pela Constituição (Art. 7º, I), assim como a “proteção em face da automação” (Art. 7º, XXVII) e a proibição imediata das demissões em massa. Durante a negociação dos acordos ou convenções coletivas de trabalho, os sindicatos filiados à CTB também devem batalhar por cláusulas impeditivas das demissões sem justa causa. A luta para alcançar esses objetivos e reduzir a abusiva rotatividade da mão de obra no Brasil é prioritária.

2.40    Integra igualmente a agenda de valorização do trabalho, que compreende objetivos táticos e estratégicos, o fim do odioso fator previdenciário e a recomposição do valor das aposentadorias, fortemente arrochado ao longo dos governos FHC; a rejeição e proibição da terceirização; a aprovação da lei de valorização permanente do salário mínimo.

2.41    A CTB deve se envolver mais no combate ao monopólio capitalista sobre a mídia, na denúncia das manipulações que esta promove e na batalha pela democratização dos meios de comunicação. Isto é essencial para fazer avançar a consciência social e elevar o nível da luta no plano ideológico contra a hegemonia neoliberal. Na luta de idéias contra o capitalismo neoliberal é também fundamental valorizar e investir mais na Comunicação Sindical, particularmente da CTB, compreender a importância do setor para a luta em defesa da classe trabalhadora e combater a sua subestimação por parte das entidades e lideranças sindicais.

2.42    A Justiça do Trabalho deve ser colocada a serviço da classe trabalhadora e não da classe dominante, capitalista, o que na realidade ocorre quando decreta as greves abusivas ou ilegais, impõe os interditos proibitórios, assim como multas abusivas que inviabilizam a existência dos sindicatos, frustrando na prática o direito de greve. São instrumentos jurídicos discricionários e antidemocráticos contra os quais o movimento sindical deve se pronunciar de forma unitária.

2,43 A CTB deve conceder especial atenção à saúde dos trabalhadores e trabalhadoras, uma área em que os problemas se agravaram notoriamente em função das políticas neoliberais de precarização das relações trabalhistas, intensificação do ritmo de trabalho e flexibilização e alongamento das jornadas, fatores que multiplicaram a incidência de doenças ocupacionais.

2.43    O projeto de desenvolvimento com soberania e valorização do trabalho pode abrir caminho para transformações sociais ainda mais profundas na medida em que for conquistado, descortinando um horizonte anticapitalista e antiimperialista; um futuro socialista, sem opressão nacional, sem guerras, sem exploração de classes, sem discriminações, sem desemprego.

CONSTRUIR UMA NOVA MAIORIA POLÍTICA

3.1    Não avançaremos na direção do novo projeto nacional sem uma ampla mobilização social, uma maior conscientização do povo e a elevação do protagonismo da classe trabalhadora, a principal força social interessada nas mudanças e identificada com a proposta de desenvolvimento com valorização do trabalho, que afinal emerge de suas próprias e no mais das vezes espontâneas demandas.

3.2    Na medida em que conquistar um maior protagonismo político e elevar a participação da classe trabalhadora nas lutas nacionais, o movimento sindical pode contribuir para a construção de uma nova maioria política no país, progressista, identificada com o projeto de desenvolvimento com valorização do trabalho e comprometida com os avanços sociais que almejamos.

3.3    A base política e social em que esta nova maioria deve ser alicerçada compreende o conjunto da classe trabalhadora, os partidos políticos progressistas, as centrais sindicais e demais organizações que compõem os movimentos sociais, a intelectualidade progressista e setores do empresariado.

INTEGRAÇÃO SOBERANA E SOLIDÁRIA

3.4    Associada à necessidade de construção de uma nova maioria política o projeto de desenvolvimento da nossa Central contempla a mudança progressista do cenário político da América Latina e passa também pelo aprofundamento da integração dos países e dos povos que compõem a região, o estreitamento das relações do movimento sindical, a intervenção consciente da classe trabalhadora e seus representantes nas instâncias de integração (ALBA, Mercosul, Unasul, etc), com o objetivo de lhe conferir um conteúdo social mais avançado. 

3.5    O sindicalismo classista deve apoiar as mudanças progressistas que estão em curso ao longo dos últimos 10 anos em vários países da região, ao mesmo tempo em que mobiliza e luta em defesa dos direitos e interesses da classe trabalhadora e por transformações sociais mais profundas. A integração fortalece as nações e cria as condições objetivas necessárias ao efetivo respeito e exercício do direito à autodeterminação e soberania nacional, em contraposição à opressão imperialista dos EUA e de outras potências capitalistas neocoloniais.

3.6    A CTB se pronuncia a favor da criação do Conselho de Defesa da América do Sul, assim como do Banco do Sul, que deve ser viabilizado com recursos hoje aplicados em títulos do Tesouro e do governo estadunidense; do combate ao protecionismo dos ricos; da retirada de todas as bases estadunidenses na região e no mundo; da substituição do dólar nas transações comerciais e financeiras entre os países da região; do aprofundamento das relações Sul-Sul; da retirada das tropas imperialistas do Iraque e Afeganistão; em defesa do povo palestino; contra o Estado terrorista de Israel; em defesa da paz e do convívio pacífico e fraterno entre os povos; por uma nova ordem econômica e política internacional, fundada na solidariedade e cooperação entre as nações e não mais na mercantilização e na ditadura dos monopólios capitalistas.

FORTALECER O MOVIMENTO SINDICAL E A CTB

4.1    A elevação do protagonismo político da classe trabalhadora, condição para o sucesso da luta pela valorização do trabalho e pelo socialismo e construção de uma nova maioria política no país, pressupõe o fortalecimento do movimento sindical brasileiro, a ampliação de sua influência e capacidade de convencimento e mobilização na sociedade e em primeiro lugar no interior de suas bases. Este é um passo indispensável, que está estreitamente associado ao avanço da consciência de classe. A CTB propugna a este respeito, ao lado da consolidação da unidade das centrais, a manutenção da contribuição sindical e da unicidade sindical; o combate às concepções e práticas que promovem divisão e fragmentação das entidades e das bases sindicais; a rejeição do hegemonismo.

4.2    A CTB compreende que a defesa da unicidade sindical está em primeiro plano, ao lado dos direitos sindicais. Por isto, a Central luta pela revogação da Portaria 186 do Ministério do Trabalho, que de resto é inconstitucional; pela estabilidade para todos os dirigentes sindicais e integrantes de CIPAs, contra a Súmula nº 369 do TST, que limita em sete o número de lideranças com estabilidade nos sindicatos, e pela mudança do Artigo 522 da CLT; pela proibição e punição das práticas antissindicais; pelo direito irrestrito de greve e contra a criminalização dos movimentos sociais; pela restauração do direito de recurso unilateral à Justiça do Trabalho para julgamento do dissídio coletivo.

4.3    Comitês Sindicais de Empresa – A força da CTB deverá estar assentada em sindicatos com grande representatividade e enraizamento no interior das empresas. Desde o congresso de fundação, a CTB tem chamado a atenção para a necessidade de estreitar o relacionamento das lideranças sindicais com as bases e organizar as categorias nos locais de trabalho. O tema é prioritário. Os sindicatos devem procurar construir Comitês Sindicais de Base (CSB) e batalhar pela estabilidade de seus membros em convenções ou acordos coletivos, ao mesmo tempo em que se faz necessário pressionar o Congresso Nacional para que examine e aprove lei neste sentido, regulando e ampliando a representação sindical nas empresas prevista na Constituição Federal (artigo 8º, inciso VIII).

4.4    Os Sindicatos se fortalecerão na medida em que estiverem mais bem organizados nas bases para enfrentar a luta pela conquista de mentes e corações dos trabalhadores e desmascarar a hipocrisia dos patrões que buscam convencer seus funcionários de que são colaboradores e parceiros, gerando uma falsa consciência, mas não vacilam em promover demissões em massa, preservando o lucro a qualquer custo e condenando milhares de famílias operárias à penúria no primeiro sinal de dificuldade.

4.5    Lutar pela democratização das eleições sindicais e maior incorporação dos jovens nas diretorias.

4.6    As direções sindicais precisam renovar sua prática e seus vínculos com as bases. As mudanças no chamado mundo do trabalho alteraram o perfil da classe em vários aspectos, envolvendo questões como idade, gênero e grau de escolaridade, mas tais mudanças ainda não se refletiram nas direções sindicais. A renovação faz-se necessária para arejar e fortalecer o movimento sindical.

4.7    Sindicato forte, além de se guiar pela unicidade e o princípio da base territorial mínima (o município), é o que consegue maior enraizamento no local de trabalho, pois é a partir dele que os trabalhadores conseguirão realizar grandes mobilizações e jornadas unitárias e promover o arejamento e a renovação das lideranças.

4.8    Para responder a essa nova realidade e à estratégia patronal, o movimento sindical deve procurar dialogar com novos parceiros, como os movimentos sociais, com o poder local (prefeituras e câmeras municipais e outras instituições locais) e o Congresso Nacional, bem como estabelecer pautas comuns para defender e representar os trabalhadores em todos os aspectos da vida social. Além de ser uma trincheira da luta de classes, o sindicato deve ser um centro de convivência social e de educação de classe, um elo de unidade também com os desempregados e aposentados. A CTB é contra a organização de sindicatos nacionais dos aposentados, entende que aposentados e pensionistas devem atuar no interior dos sindicatos das suas respectivas categorias e das centrais. O 2º Congresso deve apreciar a proposta de criar uma nova secretaria da CTB, encarregada da Previdência e Assuntos dos Aposentados.

4.9     A força da CTB, que já está presente em todo território nacional, depende igualmente da consolidação das direções nos 27 estados brasileiros. O 2º Congresso deve impulsionar o fortalecimento das CTBs estaduais, valorizando e extraindo lições das experiências positivas que já existem neste sentido. É também necessário criar onde não existem e consolidar onde já foram instalados os núcleos sindicais de base da CTB, vinculados às direções estaduais. Cabe lutar também pela liberação de dirigentes sindicais com estabilidade para as centrais.

4.10    A CTB deve definir uma política clara e específica para os servidores públicos e a relação com o governo Lula, baseada na autonomia e independência.

4.11    Confederações e Federações – Os ramos e os setores profissionais estão cada vez mais nacionalizados e internacionalizados pelas empresas nacionais e multinacionais. São as confederações que mais se especializam na defesa dos interesses específicos e gerais de suas categorias, diante da mudança da estrutura sindical no Brasil. Com a legalização das centrais faz-se necessário lutar contra a fragmentação das confederações e em defesa do seu caráter unitário, mesmo que isto só seja possível com a autonomia de tais entidades em relação às centrais sindicais.

4.12    Fortalecer a Contag, federações e sindicatos dos trabalhadores rurais, defendendo a representação unitária dos trabalhadores da agricultura familiar e assalariados rurais, que expressa a histórica aliança proletário-camponesa, combatendo e rechaçando as iniciativas divisionistas dos que apostam no desdobramento das bases de representação no campo.

4.13    A Estrutura Sindical que defendemos compreende o comitê sindical de base, o sindicato, a federação, a confederação e a central sindical. Nossa organização deve ser baseada em quatro pilares fundamentais: representação universal das bases (sindicalizados ou não sindicalizados), unicidade sindical, base territorial mínima de um município e contribuição sindical.

POR UMA COALIZÃO DAS CENTRAIS 

4.14    A crise criada pelo capital reflete nas bases de todas as centrais, o que demanda uma coalizão mais forte para fazer frente aos desmandos do capital. Isso implica realizar ações mais massivas e generalizadas e unificar o conjunto dos movimentos sociais, como ocorreu nas manifestações do dia 30 de março.

4.15    Neste sentido ganha relevância a proposta, aprovada no congresso de fundação da CTB, de convocação de forma ampla e unitária de uma nova Conclat – Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, com o objetivo de construir um programa mínimo em defesa do emprego, do desenvolvimento com soberania e valorização do trabalho, fortalecimento da organização sindical e democratização das relações do trabalho. Esta iniciativa poderá acrescentar maior conteúdo político na perspectiva da formação de uma coalizão das centrais sindicais dos trabalhadores, como força contra hegemônica e protagonista das transformações sociais que a nação reclama.

FORTALECER A FSM E AMPLIAR A UNIDADE 
 
4.16    A derrota estratégica do socialismo, que teve como marco a queda do Muro de Berlin em 1989, e a ofensiva neoliberal no campo político, econômico e ideológico, reforçaram a necessidade de fortalecer o campo classista e resistir, na perspectiva de um sindicalismo de orientação anticapitalista e antiimperialista, identificado historicamente com a FSM – Federação Sindical Mundial. Esta realidade ganhou mais notoriedade com o movimento renovador de sua direção para transformá-la em um verdadeiro instrumento do sindicalismo mundial, em defesa da unidade e dos interesses dos trabalhadores de todo o mundo. As manifestações realizadas no dia 1º de abril em defesa dos direitos dos trabalhadores e contra a exploração capitalista, convocadas pela FSM, foi uma demonstração inequívoca de revitalização. Faz-se necessário também reforçar, sem artificialismos, as iniciativas de reconstrução das UIS – União Internacional de Sindicatos, que se organizam por ramos ou setores profissionais.

4.17    De outro lado, é preciso reconhecer que várias organizações progressistas e até mesmo classistas estão filiadas à CSI – Confederação Sindical Internacional. Os tempos hoje são outros, sobretudo na América Latina. A crise atual é claramente uma crise do sistema capitalista. Diante desta nova realidade é necessário e possível construir a mais ampla unidade de ação do movimento sindical em nossos países, continente e no mundo, para fazer frente à crise. Neste sentido é de grande importância a participação da CTB na Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul-CCSCS, e também imprescindível o fortalecimento do II Encontro Nossa América que ocorrerá em São Paulo nos dias 22 e 23 se setembro, na véspera do 2º Congresso da CTB.

4.18    Frente à nova realidade de crise sistêmica do capitalismo e da complexidade do sindicalismo internacional, é necessário refletir sobre a conveniência de um novo reordenamento do movimento sindical nacional e mundial com o objetivo de concentrar forças em defesa dos interesses imediatos e futuros da classe trabalhadora. No momento, isso passa pelo fortalecimento do campo classista através da FSM e a construção da mais ampla unidade de ação, independentemente de concepções políticas e ideológicas, com base numa plataforma comum de orientação antineoliberal. A nova Conclat, se viabilizada, é o caminho para alcançar este objetivo.

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