Barroso substituiu o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), impossibilitado de comparecer ao evento — como inicialmente programado. Ele abriu a intervenção lembrando sua trajetória no movimento sindical para registrar o seu entusiasmo com a CTB — Barroso foi um dos precursores da luta pela unidade do movimento sindical após a retomada da organização dos trabalhadores no final dos anos 70 e início dos anos 80. Em seguida, iniciou sua palestra explicando a essência da crise econômica que começa a se espalhar pelo mundo e que tem como epicentro a economia norte-americana.
Para Barroso, a crise atualmente se expressa no terreno financeiro. E explicou que, embora similar ao alastramento da crise da virada da década iniciada na Ásia – nais violenta e global – e que rapidamente ganhou proporções planetárias desencadeando um processo de desemprego em grande escala, atualmente a crise tem como fenômeno relevante o fato de ela estar ocorrendo na economia norte-americana, no coração do sistema e não na periferia. Por isso merece ser vista com particular atenção.
Taxa de juros
Para Barroso, o aspecto mais relevante para o combate do movimento sindical é observar o impacto da crise no índice de emprego. Ele lembrou que o historiador Eric Hobsbawm classificou a crise iniciada na virada da década como a mais dramática depois da debacle de 1929. Barroso resgatou a origem da crise para explicar que ela ganhou expressão mais acentuada no sistema financeiro.
Segundo ele, esta é a parte da economia que mais sofreu mudanças depois que os Estados Unidos romperam, unilateralmente, o padrão-ouro, em 1971. Barroso disse que desde então a flexibilização cambial e a especulação financeira passaram a predominar como dinâmica da economia mundial. E no final dos ano 70, com a elevação da taxa de juros no centro do sistema, as economias começaram a sentir os efeitos nefastos desta nova dinâmica com o afluxo de capitais em busca de aplicações mais seguras e rentáveis nas economias desenvolvidas.
Fora, Meirelles!
Barroso explicou que foi esta dinâmica que desatou a crise do final dos ano 90 e que se manifesta agora na forma de especulação derivativa que tem a face mais visível nas hipotecas de imóveis norte-americanas. Segundo ele, é uma crise que tem proporções ainda inimagináveis. E vai deixando a esfera financeira para atingir a economia real — como atestam o crescimento do desemprego nos Estados Unidos e a alta dos preços do petróleo e dos alimentos. "Há contaminação inflacionária na nossa economia pela grande especulação dos preços do petróleo e alimentos", afirmou Barroso.
Outro ponto abordado foi as eleições de 2008, que, segundo Barroso, influenciarão diretamente as eleições de 2010. Ele fez ainda uma avaliação do governo Lula e enfatizou a necessidade de uma ampla mobilização contra a política de elevação de juros do Banco Central (BC). Para Barroso, um projeto de nação, de desenvolvimento com valorização do trabalho, é incompatível com esta política conservadora. E acrescentou que nesta luta a palavra de ordem "Fora, Meirelles!", levantada pela CTB, é inteiramente justa.
Inauguração da sede
Em seguida, houve uma série de intervenções de integrantes da direção da CTB abordando diferentes aspectos da conjuntura e apontando propostas para uma intervenção protagonista da central na luta dos trabalhadores. Barroso fez ainda uma segunda rodada de interveção, ressaltando a importância da unidade sindical e do papel que os trabalhadores jogam no processo de luta por um projeto de desenvolvimento.
A palestra de Barroso terminou quando os convidados já lotavam as dependências da CTB para o coquetel de inauguração da sede da central. Estiveram presentes dirigentes de outras centrais, lideranças políticas populares e vários representantes sindicais. Os convidados saudaram a CTB pela nova sede e manifestaram a importância da central para a luta conjunta dos trabalhadores. A reunião da direção plena da CTB prossegue nesta terça-feira (8).