Por Marcos Aurélio Ruy
28 de junho marca o Dia Internacional do Orgulho LGBT por causa da Revolta de Stonewall. Quando LGBTS enfrentaram a repressão empreendida pela polícia de Nova York no bar Styonewall Inn, nos Estados Unidos, em 1969. O conflito durou dias e daí nasceu a primeira Marcha do Orgulho LGBT na cidade estadunidense.
O presidente da União Nacional LGBT (UNALGBT), Andrey Roosewelt Chagas Lemos Andrey destaca que “toda luta por mudanças traz alguma resistência”, mas “nós enfrentamos mais do que resistência, encontramos ódio e intolerância, legitimados por várias instituições”.
Isso porque “as identidades de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, não binárias, intersexuais, assexuais, são consideradas dissidentes ou marginais, porque a lógica binária que é reproduzida pelas instituições impede de reconhecermos que existem várias formas de ser homem, mulher, e até mesmo de ter o direito e a liberdade de não se identificar com essas categorias de gênero que são padronizadas”, acentua Andrey, que é historiador e mestre em Políticas Públicas.
Mônica Custódio, secretária de Igualdade Racial da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) ressalta a importância de todos os movimentos estarem organizados para juntos trabalharem pela superação do fascismo neste momento.
“Somente a unidade de todos os movimentos antifascistas poderá superar este momento em que nos encontramos para reorganizar a sociedade na democracia para avançarmos na organização e mobilização rumo ao futuro”, diz.
Para a sindicalista e ativista pelos direitos da população negra, “os movimentos por igualdade de direitos não devem ser negligenciados porque vivemos em uma sociedade violenta contra as mulheres, os negros e os LGBTs”. Como mostra levantamento feito pelo Grupo Gay Bahia, em 2019, ocorreram 297 homicídios e 32 suicídios de LGBTs no Brasil, colocando o país no triste ranking de mais violento contra essa parcela da população.
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Mas tem muita gente classificando os movimentos por igualdade de direitos de grupos populacionais como “identitarista” sem conhecer em profundidade todas as dimensões desses movimentos. Para Andrey, “chamar a luta por igualdade de oportunidades de identitarismo é miopia política”.
Porque “a luta contra a discriminação deve andar junto com a luta anticapitalista. Não acredito em revolução sem a presença de todas as identidades na luta, não vamos conseguir vencer a luta de classes enquanto mulheres, população negra e LGBT estiverem tendo direitos violados e vidas negligenciadas”.
O ativistas LGBT entende que “se a luta pelo socialismo é por justiça social, devemos começar agora a lutar contra tudo que nos oprime e reconhecermos que existem privilégios que asseguram algumas vidas e negligenciam outras”.
Mônica reforça esse argumento ao afirmar que “nos tratam como minorias, mesmo sabendo que os negros são 56% da população brasileira e as mulheres 55%”. Não existem dados sistematizados para estimar a população LGBT, mas “basta saber que a Marcha do Orgulho LGBT de São Paulo é a maior do mundo e em 2019 levou mais de 3 milhões de pessoas para a avenida Paulista para se ter uma ideia”, assinala.
Vânia Marques Pinto, secretária de Políticas Sociais da CTB, reforça a necessidade de participação ativa da sociedade na defesa “dos direitos de todas as pessoas de ter uma vida em harmonia e respeito”. Ela destaca a questão dos povos indígenas e da preservação ambiental.
“O atual desgoverno favorece os grandes proprietários de terras, liberou a utilização de quase 500 agrotóxicos, muitos proibidos nos países ricos, além de cortar investimentos na agricultura familiar prejudicando a produção de alimentos saudáveis”. Com isso, acentua, “destrói a natureza com efeitos drásticos em nossas vidas”.
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Para ela, todas essas lutas caminham juntas e “os povos indígenas devem ter suas terras demarcadas e a suas culturas respeitadas”. Além disso, “cada grupo populacional deve sim defender seus direitos, pois juntos vamos construindo o novo passo a passo enfrentando o fascismo que nos assombra”.
Celina Arês, secretária da Mulher Trabalhadora da CTB conclui que “muita gente critica os movimentos pelos direitos da comunidade LGBT, assim como a luta antirracista e pela emancipação feminina”. Mas, para ela “o movimento feminista emancipacionista, as lutas por igualde racial e de gênero fazem parte das lutas mais gerais por uma sociedade igualitária”.