Jair Bolsonaro surta com as manifestações do dia 15 e joga lenha na fogueira da oposição

O presidente Jair Bolsonaro perdeu as estribeiras e a razão diante das manifestações contra a reforma da Previdência e os cortes no orçamento da Educação realizados ao longo da quarta-feira, 15 de maio. Em Dallas, nos EUA, onde apesar de esbanjar viralatismo é tratado como uma persona non grata pelo prefeito da cidade, chegou ao ponto de agredir uma repórter da Folha de São Paulo nesta quinta-feira (16) por uma pergunta que julgou inconveniente.

No dia anterior, enquanto um mar de manifestantes hostis ao seu desastrado governo estimados em cerca de 2 milhões, invadia as ruas de 220 cidades brasileiras, incluindo todas as capitais, o capitão neofascista vomitava ofensas contra estudantes, professores e militantes das centrais sindicais e dos movimentos sociais, a quem chamou de “uns idiotas úteis, uns imbecis”. Um jornalista do G1 viu no gesto um claro sinal de “desequilíbrio emocional”.

O surto psicótico e os impropérios proferidos pelo presidente da extrema direita funcionaram como bumerangue, contribuindo significativamente para despertar o ânimo dos opositores e provocar novas deserções e decepções entre aqueles que, iludidos, depositavam alguma esperança em sua gestão. Foi um tiro no pé, o que aliás está se tornando uma recorrência no seu desgoverno.

Em São Paulo, onde a Avenida Paulista foi palco de uma das maiores manifestações registradas na história da cidade, em torno de 250 mil marcharam gritando palavras de ordem contra a reforma e o governo, em defesa da Educação, e entoando a palavra de ordem que animou o carnaval deste ano e irritou o presidente ao ponto dele divulgar um vídeo obsceno com o propósito de difamar a maior festa popular do Brasil, atração turística e fonte de renda na conta corrente do balanço de pagamentos.

Fiesp golpista

Os empresários da Fiesp também foram contemplados pelos manifestantes, que diante do prédio da controvertida entidade ensaiaram o coro “Fiesp golpista, apoia um fascista”, numa alusão ao apoio da federação patronal ao impeachment e, posteriormente, à eleição de Jair Bolsonaro.

Os atos do dia 15 inauguraram uma nova fase na luta política (luta de classes) em curso no Brasil. Boa parte do eleitorado de Bolsonaro imaginou que sua eleição representava uma ruptura com a “velha política”, o fim da corrupção, a recuperação da economia e do emprego. Mas vai ficando claro que ele representa o coroamento do golpe de 2016 e a continuidade, radicalizada e piorada, da agenda de Michel Temer, que saiu do Palácio do Planalto como o presidente mais impopular de todos os tempos. Jair Bolsonaro consegue ser pior e nada indica que terá um futuro melhor, seu afastamento da Presidência já vem sendo abertamente defendido por segmentos poderosos das classes dominantes e o clamor fragoroso das ruas pode apressar os passos do destino.

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