Movimento sindical não se intimida e garante que o Brasil vai parar nesta sexta, 14 de junho

A quinta-feira (13), véspera da greve geral convocada pelas centrais e os movimentos sociais, foi marcada por várias liminares de juízes que tentam constranger e proibir a paralisação, convocada para esta sexta, 14 de junho. Nada disto intimidou os sindicalistas. Centrais e sindicatos, com o apoio dos estudantes, confirmaram o movimento e intensificaram a mobilização, instalando bancas para coletas de assinatura para o abaixo assinado contra a reforma em vários pontos públicos e realizando panfletagem.

É preciso dizer que, embora muitos tenham capitulado à pressão de patrões e governos, houve quem rejeitasse pedido de liminares para proibir a greve, como o desembagador Jorge Luiz Souto Maior, do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (Campinas), que criticou a pretensão dos que almejam acabar na prática com o direito de greve.

“Essa situação”, disse o magistrado referindo-se a uma ação movida pelos patrões contra a paralisação no ramo dos transportes, “aos olhos de muitos não tem nada de errado, mas constitui, por si, uma enorme ofensa à ordem jurídica, pois se a greve é um direito dos trabalhadores não compete ao empregador ‘decidir’ pelo fim da greve. Ao Estado, por sua vez, o que cumpre é garantir a efetividade dos direitos fundamentais e o direito de greve está consignado na Constituição como tal.”
 
E compementou sua decisão observando:
 
“Nunca se esqueça que foi em grande parte em razão das greves dos trabalhadores que se chegou ao legado do Estado Social Democrático de Direito e somente com a possibilidade concreta da manifestação política e democrática dos trabalhadores é que se poderá dar o passo conseguinte e necessário de conferir efetividade aos preceitos jurídicos erguidos nessa estrutura jurídico-político-econômica. 
 
“Assim, não apenas rejeito a liminar pretendida pelo requerente como também fixo, desde já, multa de R$1.000.000,00 para cada ato antissindical que cometer, entendidos como tais, por exemplo: a) dar continuidade aos serviços sem negociar com o sindicato ou a comissão de greve; b) valer-se de qualquer força opressiva, inclusive policial, para reprimir ou inviabilizar atos pacíficos e falas dos trabalhadores em greve inclusive no local de trabalho ou próximo a ele.”   
 
Transportes
 

Com previsão de paralisação do setor de transportes em todas as regiões do país (pelo menos 15 capitais devem ficar sem transportes), a greve geral promete ser uma das maiores, senão a maior, da história da classe trabalhadora brasileira. Transportes urbanos e rodoviários, metroviários e ferroviários, além de parte dos caminhoneiros, decidiram aderir. É um ramo fundamental para o sucesso da greve, um forte sinal de que o Brasil vai parar sexta-feira.

Mas não serão só os trabalhadores e trabalhadoras em transportes. Metalúrgicos, bancários, professores, químicos, padeiros, portuários, petroleiros, urbanitários, vigilantes, pedreiros, jornalistas, servidores públicos e dezenas de outras categorias deliberaram favoravelmente à convocação feita pelas centrais e os movimentos sociais.

Os estudantes estarão ao lado da classe trabalhadora neste dia de luta, que será também temperado com atos e manifestações de massa em pelo menos 170 cidades, apesar da greve dos transportes prejudicar a circulação (“até a pé nós iremos”, afirmou um sindicalista, parodiando Lupiscínio).

Uma ampla campanha de esclarecimento e conscientização das bases foi realizada pelos sindicatos, culminando com a realização de assembleias gerais para deliberar sobre a greve. A mobilização foi reforçada pela greve geral da Educação contra os cortes de verbas no dia 15 de maio, bem como pelas manifestações contra o corte de verbas da Educação (30), convocadas pela UNE.

A greve geral de 24 horas está sendo organizada de forma unitária pela conjunto das centrais sindicais brasileiras: CTB, CUT, Força Sindical, Nova Central,, Intersindical, CSP-Conlutas, CGTB, CSB e UGT.

Será o primeiro pronunciamento unitário da classe trabalhadora sobre o projeto da dupla Bolsonaro/Guedes. A paralisação vai deixar muito claro o que a grande vítima da reforma de Bolsonaro pensa sobre o tema.

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