Moro minimiza gravidade do fuzilamento de músico pelo exército no Rio

“Incidente”, de acordo com o dicionário significa: Não importante; descartável: separaram-se pelos incidentes. Dificuldade momentânea que não afeta um processo

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, considerou “incidente” a tragédia de domingo (6), em Guadalupe, no Rio de Janeiro, em que militares do Exército dispararam 80 tiros contra o automóvel de uma família, matando o músico Evaldo do Santos Rosa.

A declaração foi dada por vídeo conferência ao Programa do Bial e acrescentada de última hora na entrevista que Moro deu ao programa que foi ao ar nesta terça-feira (9).

O fuzilamento do músico levou o apresentador Pedro Bial a conversar mais uma vez com o ministro e acrescentar o vídeo ao programa. O objetivo foi atualizar a entrevista de estreia da temporada do programa Conversa com Bial, que foi gravada na última sexta-feira.

Pedro Bial quis saber se a atitude dos militares poderia ser enquadrada na situação de “escusável medo, surpresa ou violenta emoção” a que se refere o Pacote Anticrime apresentado ao Congresso por Sérgio Moro. Neste caso, haveria uma condição atenuante caso os militares sejam considerados culpados pelo assassinato de Evaldo.

Questionado por Bial, Moro afirmou que o “incidente” não teria qualquer relação com o que se coloca no projeto: “Pelo que eu entendi no episódio, e mais uma vez destacando que ele está em apuração pelo Exército, aparentemente não teria havido sequer uma situação de legítima defesa”, afirmou.

Agredindo o vernáculo

Definitivamente, o algoz de Lula não se dá bem com a língua pátria. Na mesma entrevista, Moro brinca com o fato de ter usado o termo “conge” para se referir a “cônjuge”. Ele afirmou que o erro se deu devido ao cansaço, mas no mesmo programa ele cometeu mais uma agressão ao vernáculo quando se referiu a “rugas pontuais” no relacionamento com o ministro Gilmar Mendes, do STF. A palavra apropriada seria “rusgas”, senhor ministro. Nosso velho português, a “Última Flor do Lácio” (conforme o poeta Olavo Bilac), demanda mais respeito, assim como o princípio constitucional da presunção de inocência.

Já “Incidente”, que talvez ele também tenha usado por descuido ou negligência, de acordo com o dicionário significa: Não importante; descartável: separaram-se pelos incidentes. Dificuldade momentânea que não afeta um processo, comportamento etc. [Jurídico] Situação que ocorre no desenvolvimento de um processo e que, ao mesmo, se vincula como questão complementar, dependente da decisão judicial. Episódio inesperado ou situação que altera a ordem normal das coisas: o incidente atrapalhou a viagem inteira.

Certamente o fuzilamento de um veículo usado por uma pacata família carioca não pode ser considerado um mero incidente, ainda mais quando se sabe que não foi um caso isolado, pois na madrugada do sábado (6), um dia antes do fuzilamento na Zona Oeste, os militares assassinaram um jovem de 19 anos na garupa de uma moto dirigida por um menor adolescente que tentava se safar de uma blitz.

São episódios preocupantes, que revelam autoritarismo, truculência, despreparo e irresponsabilidade, fenômenos associados ao discurso de cunho neofascista de alguns governantes, que conclamam as forças repressivas a matar e enaltecem os matadores. É deplorável, e sintomático dos dias sombrios que estamos vivendo, o silêncio das autoridades (prefeito, governador e presidente) sobre o crime e nem mesmo uma palavra de solidariedade às famílias das vítimas.

E o ministro da Justiça, que comunga com a ideologia extremista de Bolsonaro mas procura manter a aparência de bom mocinho, está empenhado em minimizar a gravidade do crime bárbaro cometido por soldados do Exército.

Com informações da Fórum

 

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